domingo, 28 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte V: As Cruzadas


Como eu me propuz a escrever uma série de posts dedicada específicamente ao assunto do mitológico Santo Graal, inevitável não abordar por um momento o assunto das Sagradas Cruzadas. Afinal, foi exatamente no momento histórico em que ocorreu estas expedições militares de motivação religiosa que surgem as menções do Sacro Cálice na literatura medieval ocidental.
Sendo assim, nada mais correto que contextualizar históricamente a busca do Graal, tentando explicar alguns elementos que surgem ao longo da lenda do Cálice. Nesse caso, fazer uma breve leitura sobre as Cruzadas nos auxiliará a entender o fervilhante momento histórico onde Chréstien de Troyes, Wolfram Von Eschenbach e Robert de Boron conceberam suas obras bem como nos fará compreender melhor o proximo post que escreverei, que falará dos Cavaleiros Templários.
Pois bem, vamos lá...

Papa Urbano II e Monge Pedro conclamando os fiéis
"No dia 18 de novembro de 1095, o Papa Urbano II e o monge Pedro, o Eremita, literalmente botaram fogo no mundo ocidental. Atendendo aos apelos dos cristãos do oriente, o Papa reuniu nobres feudais em Clermont, na França, e pediu que libertassem Jerusalém dos muçulmanos. Foi um discurso fulminante. Começaram, aí, as Cruzadas, a verdadeira Primeira Guerra Mundial. Para os muçulmanos, foram 200 anos de invasões bárbaras que deixaram cicatrizes que doem até hoje”.
Super Interessante, Ano 9 N.º 10 out 1995

“... Estas expedições, religiosas e militares ao mesmo tempo, nas quais tomaram parte quase todos os países europeus, sucederam-se, com intervalos mais ou menos longos, dos fins do séc. XI aos últimos anos do séc XIII. Umas fizeram-se por terra, outras por mar.”
 Antônio G. Matoso. História de Portugal, Lisboa, 1939, vol. I, 72

A visita aos lugares santos de Jerusalém era a principal meta do peregrino europeu, até que os Turcos Seldjúcidas conquistaram a Palestina em 1078, impedindo seu acesso aos cristãos. Um dos mais caros valores da espiritualidade medieval estava sendo ameaçado, e os europeus não hesitaram em organizar expedições militares para “resgatar a Terra Santa das mãos dos infiéis”. Estas expedições receberam o nome de Cruzadas. Seus integrantes distinguiam-se do guerreiro comum porque usavam uma cruz em suas vestes como símbolo. Eram os guerreiros-vassalos do Cristo-Suserano.
As Cruzadas na Terra Santa começaram em 1095 e terminaram em 1291, com a derrota dos cristãos. Mas, fora da Palestina, continuaram até o século XVI. Houve cruzadas na Espanha e no Báltico, contra os pagãos da Letônia e da Finlândia, contra cristãos herálticos, como os cátaros franceses e os hussitas tchecos, e até contra camponeses sublevados na Alemanha. Todas foram convocadas pelos papas em nome de Cristo e em defesa da cristandade.


As cruzadas expulsaram os muçulmanos da Europa, expandiram a influência européia e criaram países latinos na Palestina que duraram 200 anos, mas falharam no essencial: não conquistaram a Terra Santa. Como se não bastasse tal fracasso, embora fossem convocadas para defender os peregrinos cristãos, perseguidos pelos muçulmanos em Jerusalém e os cristãos do oriente contra a expansão muçulmana, uma das cruzadas, iniciada no século VIII (a Quarta), invadiu Constantinopla, a Roma grega do oriente (também conhecida como Bizâncio, hoje Istambul), saqueou-a e repartiu o Império Bizantino entre barões europeus. Os cristãos gregos nunca mais perdoaram os ocidentais e consumou-se o cisma entre a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Apostólica Romana, que perdura até hoje.
Para os muçulmanos, a tragédia foi maior. Durante 200 anos, centenas de milhares de peregrinos armados, aventureiros, guerreiros, cavaleiros medievais e exércitos regulares liderados pelos reis da Europa desabaram sobre o Oriente Médio. Embora a guerra fosse contra os muçulmanos, no caminho até Jerusalém, os cruzados também atacaram os judeus.
Na palestina, conviviam cristãos de várias seitas, gregos, armênios, judeus, georgianos, muçulmanos sírios, egípcios e turcos. A cultura islâmica era mais próxima da grega, mais cosmopolita e mais humanista do que a cultura medieval. Mas os muçulmanos eram desunidos e guerreavam entre si, sem parar. Os cruzados encontraram povos independentes e souberam aliar-se com alguns.
Não eram raras as peregrinações de cristãos ao Santo Sepulcro. Os califas muçulmanos não se opunham às visitas, que acabavam sendo lucrativas para eles. No entanto, na segunda metade do século XI, os turcos dominaram grande parte da Ásia Ocidental. Rapidamente, os turcos assimilaram a fé muçulmana. Uma de suas tribos, os seldjúcidas expulsaram os cristãos e proibiram suas peregrinações ao local.
Sob o pretexto de libertar a Terra Santa e impedir o avanço muçulmano na Europa Oriental, o papa Urbano II incentivou a Primeira Cruzada.
As expedições armadas com o objetivo de libertar a Terra Santa do domínio muçulmano estenderam-se de 1096 até 1270. Oito foram as cruzadas oficiais, isto é, organizadas pelo Papa, pelas monarquias européias e pela nobreza. Na verdade, houve um fluxo ininterrupto de peregrinações a Jerusalém, armados ou não, que desembarcavam todos os anos durante a primavera.

Tomada de Jerusalem pelos Cruzados
A notícia da queda de Jerusalém e o apelo de Urbano II atingiram profundamente os anseios populares, reforçados pela pregação de Pedro, o eremita. Alguns milhares de despossuídos de toda a espécie dirigiram-se a Terra Santa, sob a liderança do místico Pedro sem nenhum preparo, formando uma verdadeira “Cruzadas dos Mendigos”. A fome levou os primeiros cruzados ao roubo e ao massacre das populações que encontraram pelo caminho. Apesar da ajuda fornecida pelo império bizantino foram dizimados pelos turcos. A Cruzada dos Mendigos foi totalmente destruída ao chegar na Ásia Menor.
No entanto, a expedição mais emblemática que relaciona-se com nossa demanda foi denominada de Primeira Cruzada que ocorreu entre 1095 e 1099: Em 1095 partiram oficialmente os cavaleiros da Primeira Cruzada. Seus chefes eram Roberto da Normandia, Godofredo de Bulhão, Balduíno de flandres, Roberto II de Flandres, Raimundo de Toulousse, Boemundo de Tarento e Tancredo, chefe normando do sul da Itália. Godofredo de Bulhão, então Duque de Lorena, foi eleito Defensor do Santo Sepulcro e seu sucessor foi rei de Jerusalém.
Passando por Constantinopla, onde receberam o apoio do imperador bizantino, os cruzados sitiaram Nicéia; tomaram o sultanato de Doriléia, na Ásia Menor; conquistaram Antioquia; e finalmente avançaram sobre Jerusalém, conquistada em 15 de julho de 1099, depois de um cerco de cinco semanas. O imperador Aleixo I forneceu apoio naval aos cruzados e fez acordo para que a primeiras terras conquistadas integrassem seus domínios. É nessa Cruzada que muitos surgem muitas narrativasd de fatos obscuros, muitos deles considerados apenas apologias ou mesmo lendas.Conta-se, por exemplo:

“... quando os cruzados sitiavam Antioquia... foram surpreendidos pelo exército de Mossul. Desesperados e com fome os cruzados estavam destinados ao fracasso, quando Raimundo de Toulouse recebeu um pobre padre provençal chamado Bartolomeu, que lhe disse que o apóstolo André lhe tinha aparecido em seus sonhos e dissera que uma relíquia capaz de trazer a vitória aos cruzados – a lança que transpassara o flanco de Jesus crucificado – estava enterrada no solo de uma cidade chamada Petrus. Raimundo seguiu o homem até a igreja que indicaria o local. Doze homens escavaram o dia todo, enquanto milhares deles esperavam no lado de fora da igreja. Perto do crepúsculo, o próprio Pedro desceu e voltou trazendo na mão a lança sagrada. Uma enorme ovação saudou sua reaparição. Quando os cruzados avançaram, precedidos da lança sagrada, mostraram-se irresistíveis. E ganharam a cidade de Antioquia.”

Os chefes cruzados fundaram então uma série de Estados Cristãos no Oriente Médio. Cuja organização obedecia ao sistema existente na Europa, o feudalismo. Foram fundados, na Primeira Cruzada, quatro estados latinos no oriente: o condado de Edessa, o principado de Antioquia, o condado de Trípoli e o reino de Jerusalém.
A conquista de Jerusalém foi episódio de grande carnificina. Segundo cronistas da época, os cruzados cometiam atos hediondos como estupros, canibalismo e penduravam as cabeças de seus inimigos em lanças para intimidar os muçulmanos a medida que avançavam sobre seu território.


Em junho de 1099, os Cruzados chegam a Jerusalém, que foi sitiada e capturada em julho. Os primeiros a porem os pés nas muralhas da Cidade Santa foram dois irmãos flamengos. Por essa proeza tornaram-se heróis legendários. Os guerreiros que permaneceram no oriente tornaram-se proprietários de terras, nos moldes do feudalismo europeu. Outros fundaram ordens militares, que foram importantíssimas para defesa das regiões conquistadas e para dar assistência aos peregrinos. Os monges-cavaleiros (Templários em 1100, Hospitalários em 1118, Teutônicos em 1190) acumulavam enorme fortuna em terras, por meio de donativos e de empreendimentos financeiros. No oriente, estes guerreiros eram mais poderosos que a nobreza e os outros representantes da Igreja.

Eu poderia escrever muito mais sobre as Cruzadas. Afinal, esse movimento militar foi o grande responsavel pelo incremento e renovação de toda a cultura ocidental, no momento em que os europeus entram em contato com a então avançada cultura árabe.
Entretanto, saber um pouco sobre As Cruzadas é necessário para que possamos compreender o que tenho a contar mais adiante.
O melhor está por vir...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Enigma da Pirâmide


Eu tô ficando craque em fazer resenhas de filmes. E devo dizer que é muito legal escrevê-las, principalmentes quando se descobre que elas acabam se tornando um sucesso e são constantemente acessadas. Benditas sejam as Lojas Americanas: mais uma vez dou uma voltinha por lá e o que encontro no cesto dos DVDs em promoção?...
Como já disse várias vezes, sou fã de carteirinha de romances policiais, principalmente aqueles clássicos. É por isso que alguns autores e seus personagens da literatura universal já são velhos conhecidos meus: Agatha Christie com sua doce Miss Marple e seu sagaz detetive belga Hercule Poirot; Georges Simenon e seu astucioso Comissário Maigret; Edgar Allan Poe e seu detetive Auguste Dupin que serviu de modelo a muitos outros e, é claro... Sir Arthur Conan Doyle e o personagem ícone do gênero: Sherlock Holmes.
Aliás, é incrível a devoção a Conan Doyle por vários escritores de todo o mundo. A paixão por seu célebre personagem é tanta que inúmeras obras foram escritas em tributo a contribuição dada por este escritor à literatura universal. Caleb Carr, autor conhecido por obras como "O Alienista" e "A Assustadora História do Terrorismo", aventura-se com o romance "O Secretário Italiano" a conceber mais uma aventura de Sherlock Holmes respeitando o espolio intelectual de Conan Doyle.
Nessa mesma linha de homenagens nostálgicas pelo personagem, Steven Spielberg roda em 1985 o longa O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes) que conta a história do encontro de Sherlock Holmes e de seu inseparável amigo Watson ainda na adolescência na escola.

Os jovens Sherlock Holmes e John Watson
O filme em si é a cara do Spielberg (lembrando que nesse filme ele foi apenas produtor) antes de ele começar a só querer fazer "filmes sérios" e ficar martelando o assunto do holocausto judeu toda hora. Dirigido por Chris Columbus (Gremlins, Goonies...), foi indicado para o Oscar de 1986 de efeitos especiais perdendo para Cocoon. Recheado, portanto, de efeitos visuais incríveis para a época, o filme narra uma aventura de tirar o fôlego pela Londres victoriana de 1870.
Então, vamos ao filme...
Como dito, Sherlock Holmes e John Watson se conhecem na escola. Ao acompanharem pela imprensa uma série de suicídios estranhos, Holmes decide mergulhar na investigação destes quando seu mentor também se suicida de maneira controversa. Aí começa o furdunço.


O filme traz uma história envolvendo o Rame Tep, um culto egípcio antigo de adoradores de Osíris, e todo o plano de vingança de seu líder Rathe. A história é boa, e bem desenvolvida. Claro, algumas coisas estão um pouco exageradas, como uma pirâmide egípcia construída num subúrbio londrino, o culto a Osíris com cânticos e um batalhão de seguidores com espadas em punho correndo nas ruas noite afora pelas ruas de Londres, além de pequenos deslizes de roteiro, como o fato do cãozinho ter arrancado uma parte do tecido das vestes de um suspeito e depois tal pedaço ter sido encontrado no estúdio do mentor de Holmes, etc...


Mas o mais legal do filme não é o roteiro em si, que diga-se de passagem não é ruim e que cativa o público, principalmente o juvenil (assim como eu a mais de 20 anos atrás), mas sim os elementos que o compuseram e que explicam inúmeros detalhes da personalidade de Sherlock Holmes que vão desde sua teimosia em tocar violino, passando pela origem da sua célebre frase "Elementar meu caro Watson", seu hábito de fumar cachimbo, seu característico bonezinho, sua paixão por química e por ser notoriamente reservado para relacionamentos amorosos. Além de explicar os detalhes do personagem principal e de seu companheiro, o filme também explica outros elementos do universo Sherlockeano como a participação nas investigações do Inspetor Lestrade da Scotland Yard e pelo surgimento de seu arqui-inimigo, o Dr. Moriarty. Quem é fã conhece a história com o título "O Problema Final" onde Holmes se sacrifica ao combatê-lo. Aliás, o surgimento de Moriarty é uma cereja no bolo do filme que só aparece no final, mas no final mesmo, após os créditos serem exibidos.
O filme tem mais um detalhe que gostaria de salientar: é fiel à obra original, diferentemente da versão gravada em 2010 com  Robert Downey Jr. no papel de um Sherlock Holmes despojado demais e americanizado demais (eis o link do post), não que o filme fosse ruim, mas descaracterizou um pouco o personagem austero e polido criado por Conan Doyle.

Holmes e seu futuro arqui-inimigo (ops,... falei!)
É óbvio que não relatei as conclusões e os desfechos pois senão iria tirar a graça de quem está lendo essa resenha e ainda não assistiu ao filme.
Sem dúvida alguma o filme é um clássico e tem os elementos que eu sempre prezo: empolgante, inteligente, de bom gosto. Não pude resistir em comprar o DVD do filme pois além de tudo o que já disse a principal virtude nele pra mim está mais na nostalgia de poder ter em casa uma aventura que marcou muito minha infância e adolescência.
Agora, de prache, que tal uma palhinha?


Foram através de filmes como esse que meu interesse pela literatura policial foi despertado. E aqui estamos nós.
Comprei esse DVD para guardá-lo com carinho e para poder assisti-lo por várias e várias vezes. Espero poder assistí-lo junto de meu filho. Quem sabe ele também goste de Sherlock?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte IV: As teorias do Graal

OK!
Para aqueles que acessam meu blog exclusivamente para acompanharem os posts referentes À minha demanda particular pelo Santo Graal, aí vem mais o 4º da série. No post anterior, tratamos exclusivamente da lenda que envolve o personagem bíblico José de Arimatéia com o Santo Cálice. Neste novo post, pretendo então fazer um breve apanhado dos posts até aqui publicados com mais algumas pequenas teorias sobre o paradeiro, ou o mesmo o que venha a ser, o Santo Graal.
Não preciso dizer que esse é um trabalho amador, pessoal, feito por pura satisfação pessoal. Não há dúvidas que tento filtrar o máximo de informações procurando publicar apenas o relevante descartando o que é obviamente devaneio. Deve-se sim, levar em consideração que nem tudo o que transcrevo está científicamente comprovado. Muito do material que obtive através da web, e mesmo através de livros, é considerado especulação.
Aos amigos que seguem esta série devem, portanto, relevar conceitos científicos e religiosos, fazendo assim suas próprias triagens sobre o conteúdo aqui exposto.
Pois bem, vamos lá...
Em 1934, foi lançado um livro: “The Holy Grail, Its Legends and Symbolism” por Arthur Edward Waite, que junta várias dessas teorias. Muitas delas (na sua maioria, na verdade) são uma verdadeira viagem.

1) A lenda do Graal refere-se a um tradicional Caldeirão Celta, no qual os druidas misturavam suas poções e ervas misteriosas que curavam e restabeleciam as forças e que talvez, seja o ancestral de nossa medicina naturalista. Esta lenda teria sido absorvida pelos cristãos, com a conversão de Celtas à Igreja Romana;

2) O Graal era o codinome de uma ordem ou Seita Secreta descendente dos ensinamentos secretos de Cristo, não divulgados nas Escrituras e da qual, José de Arimatéia fazia parte ou era o dirigente;

3) A lenda de Percival narrada por Troyes trazida para nós mais recentemente, em fins do século XIX, através de um drama musical de Richard Wagner, que narra como Percival encontrou com facilidade o castelo aonde estava o Graal, mas por seu comportamento imaturo, foi mandado embora do castelo, tendo que fazer uma longa peregrinação até reencontrá-lo;

4) A lenda narrada por Eschenbach no qual o Graal é uma pedra que os anjos trouxeram para a Terra, confiando-a aos “moradores do Templo” – os Cavaleiros Templários, representados por uma comunidade de cavaleiros escolhidos e que viviam com seu rei num castelo feudal, semelhante a um templo. O velho rei sofre então, uma ferida incurável que o impede de continuar sua missão e é obrigado a aguardar um cavaleiro que mereça ocupar seu lugar. O enfraquecido rei e seus cavaleiros são levados por anjos através dos ares para a Índia, de onde na época oportuna o Graal tornará a irradiar sua força renovadora;

5) O Graal-pedra era uma pedra preciosa que caiu da tiara de Lúcifer em sua luta contra forças divinas por ocasião de sua insurreição contra Deus. Essa pedra esteve inclusive em poder de Adão antes de sua queda. Pode-se afirmar também que a pedra é o terceiro olho de Lúcifer localizado no centro da testa e com o qual os antigos podiam ver Deus antes de sua queda do Paraíso, como já relatamos.

6) A palavra usada para o Graal mudou subitamente muitas vezes. Uma destas palavras é sangreal. A palavra foi dividida para significado Santo Gral (San Greal), ou ainda Santo Graal. Porém, algumas teorias foram pesquisadas de forma que apoie um significado diferente da expressão “Sangue Real”. O cálice que continha o Sangue de Cristo, seria o conhecimento secreto sobre uma descendência consangüínea direta de Jesus, após sua sobrevivência à crucificação. O princípio básico atrás desta teoria é aquele que Jesus Cristo teve uma criança (ou crianças) com Maria Madalena. A linhagem do Sangue Real foi continuada assim e em algumas teorias existe realmente. Os livros mais recentes associam caráteres históricos e lugares com esses achados em textos medievais do Graal e demonstram como a linha de sangue de Cristo foi envolvida em negócios mundiais. Outro investigador notável do Graal, Walter Stein, também investigou esta teoria durante algum tempo. As teorias deles foram desacreditadas por causa da associação com Nazistas. Ele realmente era conselheiro de Winston Churchill sobre atividades nazistas durante um tempo. Essa teoria ganha holofotes nos anos 2000 com a publicação do romance "O Código Da Vinci" de Dan Brown.

O Graal e as lendas locais
Em quase todos os locais do mundo, mais precisamente no oeste europeu, existem várias lendas locais de "Graals". Quase todas estas lendas trazem os princípios cristãos como base:

Capela de Rosslyn, Escócia:
É sobre o Graal que o investigador Trevor Ravenscroft reivindicou em 1962. Ele tinha terminado na Capela de Rosslyn, uma investigação de vinte anos à procura do Graal. Nesta capela parece haver uma contradição das afirmações de Ravenscroft: o Graal parece ser uma forma de conhecimento e também um objeto real (Cálice de Cristo). Isto simplesmente é explicado pelo fato que muitas pessoas referem-se ao Graal como o Cálice de Cristo, enquanto que o Sr. Trevor sentiu que não pode ser o caso. Ele ainda teria chamado este cálice de Graal, para comunicar seus conhecimentos. Ravenscroft pode ter acreditado em mais uma teoria. A reivindicação dele era a de que o Graal estava dentro do Pilar de Prentice (como é conhecido) nesta capela. Partindo-se então da premissa de que o Graal pudesse estar dentro de sua pilastra, foram utilizados detectores de metal, sendo detectado que um objeto do tamanho apropriado realmente está enterrado no meio desta pilastra. O Sr. Adamantly de Rosslyn recusa-se a permitir que o pilar seja radiografado.

O Graal de Gales:
Diz-se que havia uma comunidade em Gales que guardava uma xícara ou cálice de terracota que estava dentro de um outro cálice confeccionado em ouro. Era capaz de realizar curas e era uma ferramenta poderosa para o bem nas mãos direitas (ou seja, era um objeto que poderia ser utilizado para o bem desde que fosse manuseado por iniciados do lado claro da força). Em 1880 um grupo de indivíduos possuía a intenção declarada de estudar o esoterismo como a "Kabalah" e adivinhações em Tarô. Na realidade sua intenção era achar e destruir o Graal Santo. Durante dez anos, o Graal foi movido e escondido e acha-se finalmente em um lugar seguro. Porém, um dos guardiões traiu os outros e o Graal foi levado. Uma massa preta foi colocada em cima do Graal e destruiu o seu poder e então foi feito em pedaços e os pedaços difundidos. A maioria das lendas sobre o Graal possui muitos detalhes inconseqüentes somados; para dar uma falsa autenticidade. Nomes, datas, lugares e até mesmo figuras históricas são difundidas nas lendas. Isto não é verdade neste caso e faz a lenda sem igual e interessante por causa disto.

O Graal em Glastonbury, Inglaterra:
José de Arimatéia, assim a lenda fala, veio para a Inglaterra, para Glastonbury, depois da morte de Jesus. Com ele trouxe a xícara (cálice) de cristo. Uma lenda local diz agora que a xícara está enterrada em algum lugar debaixo da colina “The Tor” em Glastonbury. "The Tor" é um local antigo de ritual e religião e ainda é um lugar de peregrinação à pé; é um local alto, fora da zona rural de Somerset. Existe lá um poço que é agora um lugar quieto, de santuário, com jardins circunvizinhos, fluxo com água de profundidade, que correm debaixo do "The Tor". As pedras cobertas pela água da primavera são de cor vermelha, representando o "Sangue de Cristo", e a própria água, quando ingerida, deixa na boca um sabor residual muito igual a sangue. The Tor pode ter uma cadeia de túneis subterrâneos, há muito tempo fechados hermeticamente e supõe-se que o Graal tenha sido enterrado em um destes túneis.

O Graal no Mar Báltico:
Em The Templar's Secret Island ("A Ilha Secreta dos Templários"), livro de 194 páginas escrito pelo dinamarquês Erling Haagensen em parceria com o inglês Henry Lincoln, é apresentada a teoria que o Santo Graal e a Arca da Aliança provavelmente foram escondidos pela Ordem dos Cavaleiros Templários na ilha de Bornholm, no Mar Báltico, cerca de 830 anos atrás.

Afinal de contas, o que deve ser levado a sério?
Como podemos ver, os princípios cristãos aflorados na Idade Média, associados ao simbolismo e à fertilidade do imaginário popular geraram várias teorias sobre o que é o Graal e o paradeiro, caso consideremos este ser um objeto. Sendo assim, de acordo com o propósito deste site, é necessário fazermos uma seleção das linhas de teoria sobre o assunto para abordá-las daqui para a frente.
Para muitos pesquisadores, a teoria mais aceita está relacionada a José de Arimatéia como sendo o guardião do Santo Cálice utilizado por Jesus na Santa Ceia para beber vinho e no qual Arimatéia recolheu a água e o sangue dos ferimentos de Cristo quando em sua crucificação. Ele teria levado consigo este Cálice, quando viajou para o Ocidente, em direção à Abadia de Glastonbury, no qual morreu. Os pesquisadores sugerem três reivindicações sobre a Lenda do Santo Graal:

a) A da Abadia de Glastonbury na Inglaterra, ligada à lenda de Arimatéia;
b) A de Gênova, ligada a lenda do cruzado Guglielmo;
c) A região dos Pirineus na França, ligada à inúmeras lendas dos Albingenses sobre cálices milagrosos ou com poderes mágicos.


EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO

Apresentados contos, lendas e teorias das mais diversas sobre a existência e saga do Santo Graal, cabe a nós, nesse momento, analisá-las confrontando com fatos históricos da conturbada Idade Média para que possamos identificar (ou simplesmente supor) a origem de tantas versões.
Segundo os contos de Boron, o Santo Graal teria passado pelas seguintes pessoas:

1) Judeus: um presente dos judeus à Cristo;
2) Jesus Cristo: em sua última ceia;
3) Poncio Pilatos: este entregou o Graal a José de Arimatéia como parte do pagamento;
4) José de Arimatéia: Recolheu o sangue de Cristo;
5) Brons: o “Rico Pescador” dos contos de Boron. Cunhado de Arimatéia que deveria partir para a Bretanha;
6) Percival: filho de Alain de Grois e neto de Brons. Foi o escolhido para ser o guardião do Santo Graal.

A história apresentada é bastante interessante e bela, com começo, meio e fim. A explicação que o herói dos contos arthurianos, Percival, é descendente direto de José de Arimatéia e é Merlin que o revela isso, explica o porque de Percival ser o único dos cavaleiros enviados por Arthur para encontrar o Santo Graal consegue encontrá-lo, que novamente desaparece, levado por Percival para ilha de Avalon.
Eis a questão: como acreditar em algo que nos remete à uma lenda? O Rei Arthur é um mito (embora se acredita ter encontrado seu túmulo em Glastonbury), Merlin é um mito, Percival é um mito, Avalon é um mito. Isso nos leva a crer que o próprio Graal seja apenas um mito.
Antes de qualquer coisa, é preciso considerar que o Graal existe e que José de Arimatéia foi seu primeiro guardião. Pois bem!... Vamos consultar a história!


Beleza.
Até a próxima.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tyketto: mais uma injustiça do rock!


É incrível como descobrimos determinadas bandas, principalmente pela maneira despretenciosa como isso as vezes acontece. No ano de 2000 eu estava prestes a me formar e de tão aplicado que era na faculdade estava apavorado com meu TFG, pois  não dava jeito de concluí-lo, quando fui pedir ajuda para o meu colega Guinther, o cabeção em Delphi da turma. O Guin também era fissurado em rock n' roll e naquela noite estava escutando um CD que comprara sei eu onde mas com um som bacana, que não agredia os ouvidos. Era o álbum Strenght in Numbers do Tyketto. Eu me achava "o conhecedor de bandas" e fiquei surpreso por nunca ter ouvido falar naquela. Foi aí que me dei por conta que, na verdade, eu não conhecia nada de hard rock, achando que o estilo se limitava a Mr. Big, Europe, TNT, Bon Jovi, Firehouse, Poison, Whitesnake, e mais algumas outras poucas. Procurando mais material do Tyketto pude conhecer esse novo universo musical que é composto por bandas essencialmente americanas, pois o hard rock tem uma influência diretíssima do country music (nada mais natural, portanto, que esse estilo musical seja predominante nos EUA). Foi nesse momento que conheci bandas como: White Lion, House of Lords, 91 Suite, Avalon, Atlantic, Danger Danger, Hardline, Final Frontier, as meninas do Vixen e... claro, o próprio Tyketto.


Pois então, vamos apresentá-la...
O Tyketto é uma banda de Nova York formada em 1991 tendo em seu line-up Danny Vaughn com seu incrível vocal, o guitarrista Brooke St. James, o baixista Jimi Kennedy e o baterista Michael Clayton Arbeeny.
Como disse, de início só conhecia o trabalho do álbum Strenght in Numbers, este sendo o segundo da banda. No entanto, a banda faz seu debut com Don't Come Easy onde emplaca a maioria de seus hits, como Forever young, Burn down inside, Wings, Seasons e a baladíssima Standing Alone.


A banda sobra em competência musical, seu ponto alto é Vaughn com seu vocal afinadíssimo e cristalino mesmo que os demais músicos não deixem a desejar. O Tyketto é enaltecido por todos os amantes do hard rock como um dos ícones do estilo.
Mas,... poxa, por que cargas d'água essa banda não ficou tão famosa se assim é tratada? A resposta é simples: O Tyketto lançou-se em 1991 e naquela época a aberração musical chamada "grunge" estava tomando conta das rádios. Todo o mundo queria ouvir a podreira dos débeis mentais do Nirvana e demais bandas que faziam o tão aclamado "som de Seattle". Graças a Deus foi só uma fase. Me penitencio até hoje por usar aqueles bermudões xadrez ridículos. Mas isso é passado (ainda bem!). Aquela foi uma fase negra para todas as bandas de hard/heavy, a excessão das gigantes que por seu porte se mantinham. Muitos projetos de bandas nesses estilos lançados naquela época foram a bancarrotas, alguns exemplos: Adrian Smith sai do Iron Maiden, tenta o Psycho Motel e acaba morrendo na praia, assim como Dee Snyder (o locão do Twisted Sister) arrisca-se com o Widowmaker e também não vai longe. Dessas duas, eu gostava mais do Widowmaker que era um heavy tradicional e grudento, bem estilo Snyder. Já o Psycho Motel... sem comentários. A única vertente de rock pesado que se sustentou foi o thrash metal, com as obras-primas do Metallica (Black Album, não mais tão thrash...), Megadeth (Rust in Piece), Slayer (Seasons in the abyss) e aqui no Brasil o estouro do Sepultura (Arise). O metal farofa então (aqueles que gastavam duas latas de laquê cada um antes de entrar no palco), também conhecidos por "Glam Metal", nem se fala. Muitas bandas foram a óbito, inclusive gravadoras que insistiram em investir nesses estilos naqueles anos.


Com esse cenário, o Tyketto não pode alcançar seu espaço merecido na mídia, sufocado pela sensação do momento que era o grunge ou então pelo também recém-nascido "rock alternativo". Por conta disso, a banda é hoje mais conhecida por ser injustiçada pela mídia do que pelo seu hard rock competentíssimo, o que é lamentável. Em outra época, o Tyketto certamente se equipararia com outros grandes do estilo como Bon Jovi e Firehouse.
É pra ver como o mercado fonográfico e a mídia que o envolve cometem erros. Em decorrência de seu lançamento num momento "inoportuno" o Tyketto somente começa a ser reconhecido aos poucos e apenas no cenário hard rock. Em 2008 foi realizado o evento Hard in Rio II, um festival musical que cultua o hard rock no Rio de Janeiro. Adivinha qual foi a atração principal?


Tyketto no Hard in Rio II
 De 1991 pra cá o Tyketto se desfez e se refez umas trocentas vezes alternando alguns músicos. Volta e meia se apresentam e fazem excursões. Estas pelo visto deram mais pilha para os caras que parecem estar na ativa de novo. Esse ano a banda anunciou contrato com a Frontiers Records para a gravação de um novo disco, previsto para sair no início de 2012. Será o primeiro lançamento exclusivamente de inéditas desde Shine, de 1995:
“Estamos trabalhando em algumas das melhores idéias que tivemos em anos. Será um som na linha de Don’t Come Easy (primeiro trabalho do grupo), mixado a novos elementos e grandes surpresas” Declarou a banda em pronunciamento oficial.
Os quatro membros originais (Danny Vaughn, Brooke St. James, Jimi Kennedy e Michael Clayton) estão envolvidos nesse retorno.
Infelizmente não é fácil achar material desses caras. Já procurei por tudo mas não acho CD, muito menos DVD deles pra comprar. O jeito foi apelar para a Internet. É uma pena, pois quem me conhece sabe que ainda curto comprar CDs e ficar saboreando o encarte enquanto ele toca no player.

É isso aí, tá dada a dica: eis uma bela banda de hard rock e indico ela para aqueles que curtem um rock n' roll bem tocado, audível e de extremo bom gosto. Fica a dica também de presente para o meu aniversário, se encontrarem, eh eh eh.
Abaixo, um videozinho do Tyketto de um de seus maiores sucessos, a baladinha Standing Alone. No YouTube tem mais.

Site oficial da banda: http://www.tyketto.de/

Valeu!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte III: José de Arimatéia


Como prometi, mais uma parte sobre minha pesquisa sobre o "Santo Graal". No post anterior, falei sobre as menções do Graal na literatura medieval citando as obras do francês Robert de Boron que narra a história de José de Arimatéia. Resolvi neste post me aprofundar sobre esse importante personagem que pertence há muitas lendas sobre o Santo Cálice.
Pois bem...

José de Arimatéia era membro do Sinédrio, homem rico, bom e justo (Jo19:18) e que não deu sua aprovação à sentença de morte à Jesus Cristo (Lc23:50). Este desprendeu Seu corpo da cruz, com Nicodemos (Jo19:38) e depositaram-no no túmulo (Jo19:42).
Após estas passagens, Arimatéia não é mais mencionado na Bíblia.
Por que a lenda de José de Arimatéia, responsável por tomar o cálice da ceia e tê-lo usado para recolher o sangue de Cristo e depois tê-lo levado consigo? Tudo isso, deve-se à obra literária de Robert de Boron: "José de Arimatéia", onde o mesmo conta a história de José de Arimatéia e sua saga, depois da Crucificação de Cristo.

As narrativas abaixo foram retiradas da obra de Boron:

José de Arimatéia é um influente cavaleiro a serviço de Poncio Pilatos, que aprendeu a amar da Deus, mas com medo dos Judeus, manteve esse amor em segredo. Após a crucificação, pediu o corpo de Cristo a Pilatos, como recompensa por serviços prestados. Pilatos atendeu o pedido e ainda lhe deu um recipiente que os judeus tinham oferecido a Jesus e no qual este fizera sua oferenda. Depois disso, Arimatéia tirou o corpo de Cristo da Cruz, com a ajuda de Nicodemos. Quando o lavaram, as feridas começaram a sangrar e Arimatéia se lembrou do recipiente e pensou que nele as gotas seriam bem guardadas. Sepultou Jesus e levou o recipiente para casa. Os Judeus aborrecidos com o desaparecimento do corpo, por ocasião da ressurreição, prenderam Arimatéia de modo que ninguém mais o encontrasse em uma cela sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializa deixando-lhe uma hóstia, seu único alimento durante todo o cárcere, graças ao qual sobrevive. Então Cristo lhe aparece na prisão. Arimatéia confessa o amor, mas que jamais tinha ousado falar com Ele e pede desculpas por estar sempre na companhia dos que desejavam sua morte. Jesus o consola dizendo:

 "Deixei que ficastes com eles por saber que irias me prestar grandes serviços, ajudando-me onde meus discípulos não ousariam. E tu fizeste por compaixão. Tu me amaste secretamente como também eu a ti, e nosso amor se revelará a todos para prejuízo dos infiéis, porque tu terás sob tua guarda o sinal da minha morte, hei-lo aqui."

Jesus então mostra o Graal:

"Ele será teu e o guardará, assim como todos a quem o entregares. Mas os guardiões devem ser três e estes três o terão, em Nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Estes três são uma e a mesma coisa em um único Deus. Nisso deves crer."

Cristo entrega o Graal a Arimatéia e diz:

"Estás segurando o sangue das três pessoas da única divindade, que fluía das feridas do filho encarnado, que sofreu a morte para salvar a alma dos pecadores. Sabes o que ganhas com isso? Que nunca mais será feito um sacrifício, e quem souber isso será o mais amado do mundo, e a companhia dos que souberem do fato e que escreverem livros sobre o assunto será a mais procurada do que as outras pessoas."

 José de Arimatéia pergunta sobre a razão de receber tal presente. Cristo responde com um interessante ensinamento sobre a missa católica:

"Tiraste-me da cruz e me puseste no teu túmulo, depois que estive na ceia na casa de Simão eu lhe disse que seria traído. Como isto aconteceu à mesa, futuramente erguerão mesas para me sacrificar. A mesa significa a cruz; os recipientes representam o túmulo. Este é o cálice onde meu corpo será consagrado na forma de uma hóstia. A pátena que colocaram representa a tampa com que fechaste o túmulo, e o pano que porão por cima, o linho que envolveu meu corpo. Deste modo até o final do mundo o significado do teu feito será conhecido..."

 Boron ainda escreve:

"E depois disso, Cristo lhe ensina as palavras que não posso dizer, mesmo que quisesse, sem ter o Grande Livro onde estão escritas. Este é o Mistério da Grande Cerimônia do Graal."

Cristo diz ainda a Arimatéia que toda a vez que sentisse necessidade, deveria dirigir as três forças, que são uma e à beata mulher que carrega o filho. Jesus avisa a Arimatéia que este ainda terá que passar algum tempo no cárcere e que um dia sua libertação teria caráter milagroso e Arimatéia ficou preso mantido vivo apenas pelo Graal.
Intercala-se a lenda ao Sudário de Verônica, pelo qual Vespasiano fora curado da Lepra.
Por gratidão, os romanos Tito e Vespasiano foram a Jerusalém afim de vingar a morte do Profeta que o havia curado. Falam com Pilatos que se lembra de Arimatéia. Muitos judeus são mortos até que um revela o local de cativeiro. Assim, José é libertado e Vespasiano é batizado.
Certa vez, por não produzirem colheitas nas terras, Arimatéia se coloca a frente do Graal e pede conselhos. O Graal lhe diz que deveria encontrar os culpados e eliminá-los da comunidade. Em seguida, seu cunhado, Brons, deveria ir ao rio e trazer o primeiro peixe que pescasse, estender um pano sobre a mesa, por o Graal no meio, ao lado do peixe.

"Depois disso senta-te no teu lugar, como estava na ceia. Brons se sentará à tua direita, verás que ele se afastará de ti, de modo que haverá um lugar vago entre tu e ele. Este lugar representar o lugar de Judas, Ninguém preencherá essa vaga até que o Filho de sua irmã Enygeus e Brons tome teu lugar."

Quando o povo foi chamado à mesa, parte senta, mas muitos não conseguem encontrar lugar. Exceto pelo lugar vago. Os que estão sentado à mesa, sentem a doçura do Graal. Um deles, Pedro, pergunta aos que estão de pé ao redor se não sentiam algo de graça. Eles respondem que não, e que foi impossível se aproximar da mesa. Pedro diz:

“ Isso mostra que com um pecado, causaste a carestia que estamos sofrendo”.

Deste modo Arimatéia reconhece os pecadores:


“Por meio do Graal somos separados, porque ele não tolera pecadores em suas proximidades”.

Depois disso, a sociedade se separa, ficando os bons , a partir de então, todos os dias à mesa, na mesma hora para o mesmo culto, que eles chama de “Culto do Graal”.
Um dos recusados de nome Moys tentou sentar a mesa, no lugar vago. O chão se abriu e engoliu Moys todos perguntaram a Arimatéia o que aconteceu e ele então ajoelhou-se em frente ao Graal e perguntou. O Graal respondeu:

“José, José, o sinal que te falei agora se tornou verdade, eu te disse que o lugar deveria permanecer vago até que o terceiro homem da tua estirpe, o filho de Brons e Enygeus o ocupe”. 

Brons e Enygeus tiveram 12 filhos, quando cresceram foram levados a presença de José de Arimatéia que aconselhado pelo Graal escolheu Alain de Grois, o mais moço de todos. Arimatéia mostrou o Graal e comunicou-lhe que um dia lhe nasceria um herdeiro, ao qual teria que entregar o Graal.
O recipiente falou ainda que Pedro deveria ir ao Vale de Avalon, esperar aí o filho de Alain.
Alain partiu com um grupo para evangelização para países estranhos. Pedro ainda permaneceu para receber ensinamentos sobre o Graal e ser testemunha da transferência deste para Brons, porque ele deveria ser o Guardião do Graal. Arimatéia lhe comunicou as palavras sagradas chamadas de “O Segredo do Graal” e depois disso a sentença: “A partir de agora, deve guardá-lo e por nada menosprezá-lo ou todo o desprezo e vergonha cairá sobre ti, e caro terá que pagá-lo”.

O Graal ainda disse:

”Todos os que dele ouvirem falar o chamarão de “Rico Pescador” devido ao peixe que pescou. Assim também essas pessoas devem ir ao oeste. Quando o “Rico Pescador” tiver recebido o Graal, deverá esperar o filho de seu filho para transferir e recomendá-lo ao Graal. E, quando chegar o tempo em que possa aceita-lo o significado da Trindade será realizado entre vós. E tu, porém, José, te despedirás do mundo e entrarás na alegria eterna”.

As palavras secretas José a assentou em um papel e as mostrou em seguida ao Rico Pescador. Brons permaneceu ainda por três dias com José, depois despediu com as palavras:

“Sabes bem o que levas contigo, e em que companhia andas, ninguém sabe tão bem quanto eu e tu, vai pois eu ficarei conforme ordem do meu Salvador”.

Assim se separaram e o Rico Pescador de quem desde então se fala tanto, foi para a Britânia; José, porém, foi por ordem do Senhor para o país de onde nascera e lá ficou até o fim de sua vida.
Lendas em torno dos contos de Boron são formadas, como por exemplo, a de que Arimatéia, sua irmã e seu cunhado velejaram para a Inglaterra, onde ele montou a primeira igreja Cristã em Glastonbury.
Algumas lendas reivindicam que ele deixou o cálice aos cuidados do cunhado na França, enquanto a maioria das histórias contam que ele trouxe o Cálice para Glastonbury aonde foi associado às lendas locais do Graal e que lá ficou até seus últimos dias.
Entretanto, é notória a relação entre as histórias de José de Arimatéia e os contos arthurianos, principalmente os elementos que o compõem, como: a mesa e doze pessoas (doze apóstolos); a menção de Avalon; Glastonbury, onde estaria enterrado o Rei Arthur e sua esposa Guinevere, entre outros.
Segundo os contos de Boron, o Santo Graal teria passado pelas seguintes pessoas:
a) Judeus: um presente dos judeus à Cristo;
b) Jesus Cristo: em sua última ceia;
c) Poncio Pilatos: este entregou o Graal a José de Arimatéia como parte do pagamento;
d) José de Arimatéia: Recolheu o sangue de Cristo;
e) Brons: o “Rico Pescador” dos contos de Boron. Cunhado de Arimatéia que deveria partir para a Bretanha;
f) Percival: filho de Alain de Grois e neto de Brons. Foi o escolhido para ser o guardião do Santo Graal.

A história apresentada é bastante interessante e bela, com começo, meio e fim. A explicação que o herói dos contos arthurianos, Percival, é descendente direto de José de Arimatéia e é Merlin que o revela isso, explica o porque de Percival ser o único dos cavaleiros enviados por Arthur para encontrar o Santo Graal e consegue encontrá-lo, que novamente desaparece, levado por Percival para ilha de Avalon.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Varegues: um plus sobre a história dos Devoradores de Mortos

Há alguns meses atrás publiquei um post sobre o filme "13º Guerreiro", baseado no romance de Michael Crichton, que por sua vez baseou-se no nas narrativas do árabe Abn Fahdlan em suas viagens como embaixador pelo Rio Volga acima e seu encontro com um grupo de nórdicos. Eis o link para o post.
Quem já conferiu o post sabe que a história é pra lá de interessante. Tão interessante que é quase que irresistível não pesquisar um pouco mais sobre esse assunto, principalmente por aficcionados por história como eu.
Pois então....
Ao pesquisar um pouco mais sobre a história desses vikings, descubro que os mesmos descritos por Ibn Fahdlan eram também conhecidos pelo nome de varegues, e nos séculos VIII e IX colonizaram o nordeste europeu criando os principados de Kiev e Novgorod.

Enterro de navio de um chefe tribal Rus', tal como descrito pelo viajante árabe Ahmad ibn Fahdlan, que visitou o Rus' de Kiev no século X. Heinrich Semiradzki (1883)
De acordo com a Crônica Primeira do Rus, compilada por volta de 1113 d.C., o povo Rus', um grupo de vikings suecos, se deslocou de Uppland, na atual Suécia, para o nordeste da Europa, onde formaram uma politeia primitiva centrada em torno de Ladoga e Novgorod, sob o comando de seu líder, Rurik, dando início assim à dinastia que levou posteriormente seu nome. Sob o comando de Oleg de Novgorod, parente de Rurik, os varegues se expandiram para o sul e capturaram Kiev, fundando o estado medieval de Rus'. Fica claro para todos que o nome do país eslavo que conhecemos hoje por Rússia é derivado  do "povo Rus', de origem escandinava e, portanto, germânica.
É interessante notar, se formos mais a fundo, que, após a criação dos principados de Kiev e Novgorod pelos vikings, estes são subjugados pelas tribos eslavas da região em uma união sem precedentes, No entanto, as mesmas tribos eslavas que expulsaram os varegues da região não se entendem e provocam o caos devido aos confiltos entre elas a ponto de chamarem novamente os varegues para "governarem a eles próprios" e novamente trazer a paz.

Arrasto do Volokut, de Nicholas Roerich

A Crônica Primeira lista por duas vezes os Rus' entre outros povos varegues, como os suiões (suecos), normandos, anglos, gutos (normandos era um termo usado no antigo russo para referir-se aos noruegueses, enquanto anglos pode ser interpretado como "dinamarqueses"); em alguns trechos a Crônica menciona os eslavos e os Rus' como povos distintos, porém em outros trechos mistura-os.
Historiadores ocidentais tendem a concordar com a Crônica Primária que estes varegues conseguiram organizar os povoados eslavos existentes na entidade política do Rus' de Kiev na década de 880, e deram àquela terra o seu nome. Diversos estudiosos eslavos se opõem a esta teoria da influência germânica sobre os Rus', e sugeriram cenários alternativos para esta parte da história do Leste Europeu, argumentando que o autor da Crônica, um monge chamado Nestor, teria sido empregado pela corte dos varegues. A historiografia russa inclui diversas teorias anti-normanistas, contrárias à teoria normanista de uma origem escandinava dos varegues. De acordo com o controverso acadêmico ucraniano Yuri Shilov, os varegues (Vargi) seriam uma tribo de eslavos bálticos sem qualquer relação com os vikings nórdicos.
Contrastando com a intensa influência escandinava na Normandia e nas Ilhas Britânicas, a cultura varegue não sobreviveu no Leste. Ao contrário, as classes dominantes varegues das duas poderosas cidades-estado de Novgorod e Kiev sofreram um intenso processo de eslavização no fim do século X. O nórdico antigo foi falado num determinado distrito de Novgorod, no entanto, até o século XIII.
Coincidindo com o declínio geral da Era Viking, o influxo de nórdicos a Rus' foi cessando, e os varegues acabaram sendo assimilados pelos eslavos orientais ao fim do século XI. Ainda assim, acabaram legando o nome à terra da Rus medieval e da Rússia moderna, bem como o etnônimo de sua população.Na Rússia, o termo 'varegue' continuou a ser um sinônimo para 'sueco' até o fim do século XVI.

Mapa com as rotas de navegação e comercio pelos rios do leste europeu dominadas pelos varegues

O declínio da Era Viking também foí responsável pelo surgimento da Guarda Varegue, uma guarda mercenária em sua essência contratada por muitos governantes, para sua defesa pessoal. Mas isso é assunto pra outro post.

Resolvi escrever esse post para explicar um pouco mais como um grupo viking poderia se encontrar em árabes no séc. X, conforme as crônicas de Ibn Fahdlan e o romance escrito por Crichton.
Espero que tenham gostado