sábado, 29 de outubro de 2016

Anjos em chamas

A sequência de Voo fantasma, best-seller do Sunday Times e uma bomba de adrenalina de tirar o fôlego
Um cadáver pré-histórico sepultado dentro de uma geleira ártica, chorando lágrimas de sangue.
Uma ilha invadida por primatas raivosos fugitivos de um laboratório de pesquisas classificado com o nível máximo de biossegurança.
Um gigantesco hidroavião escondido debaixo de uma montanha, contendo uma sinistra carga nazista.
Um órfão sequestrado de uma favela africana, tendo em mãos a chave para a salvação do planeta.
Quatro viagens aterrorizantes. Um caminho intransponível.
Só um homem capaz de atravessá-lo.
Will Jaeger. O caçador.

by Skoob.



Quem ainda não conhece Bear Grylls?
Rapidinho então, da Wikipedia: 

Edward Michael Grylls, conhecido como Bear Grylls (nascido dia 7 de junho de 1974 na Irlanda do Norte), é um ex servidor das Forças Especiais Britânicas, aventureiro, escritor, apresentador de televisão e montanhista britânico. Ficou mundialmente conhecido ao apresentar o programa "À Prova de Tudo" e também "No Pior dos Casos" pelo canal a cabo Discovery. É atualmente Chefe dos Escoteiros da Inglaterra. A Prova de Tudo e No Pior dos Casos foram alguns de seus programas que colocaram sua vida em jogo.


O programa de TV de Bear Grylls, À prova de tudo, exibido pelo Discovery Channel, tornou-se uma das séries mais vistas no planeta, com uma audiência de mais de 1 milhão de pessoas.
Bem...
Aos poucos fui ficando fã do cara...
Mais ainda quando descobri que era chefe dos escoteiros ingleses. Sem dúvida se tornou uma referencia para muitos jovens mundo afora.
De bobeira passando na Saraiva quando me deparo com um livro onde estava escrito em letras garrafais o seu nome. Só não esperava que seria um romance. Então percebi que o cara também estava brincando de escritor.
O livro tem uma parceria em sua divulgação com o Discovery Channel Brasil e com a União dos Escoteiros do Brasil. Legal ne? Não é por menos, Bear é o Chefe Escoteiro da Associação dos Escoteiros do Reino Unido e tem uma legião de fãs no movimento escoteiro brasileiro, que atinge direta ou indiretamente 500 mil pessoas.

A foto dispensa legendas...
Uma agradável surpresa, ainda mais pela proposta de sua obra: um romance de espionagem e ação ao estilo Frederick Forsyth com pitadas de Dan Brown. Se consultarmos o site Skoob, vemos o livro indicado para fãs de livros de guerra, de espionagem, e de ação, como os de Frederick Forsyth, e de aventura e sobrevivência na selva.
Mas vamos à resenha do livro em si. Apesar da rasgação de seda e da real admiração pelo cara, devo ser honesto quanto ao livro.

Quer saber o que tem a ver essa imagem com o post? Leia o livro... os primeiros capítulos serão o suficiente.

Bem, nosso estimado chefe escoteiro está longe de se tornar um desses autores, seja o canastrão Dan Brown ou, muito menos ainda, o renomadíssimo Forsyth. Mas a tentativa é válida, pois resultou num inegável bom roteiro para um filme de ação e espionagem.
Como disse, a ideia é legal. Mas...
Ao tomar o livro nas mãos, confesso, me impressionei com as chamadas na capa e contra-capa: mulher congelada em uma geleira, hidroavião gigante nazista, macacos doidões, um garoto que é a esperança de tudo...enfim, de fazer os olhinhos brilharem. Logo de início, a explicação do autor sobre sua motivação em escrever esta obra também contribuiu para o aumento da expectativa quanto a narrativa desta estória.
Eis o problema: durante o transcurso da narrativa, os elementos são apresentados em suas devidas cenas e capítulos, mas de uma forma fria, superficial, e em muitos casos de uma forma coadjuvante, sem importância, levando o leitor a se perguntar: "tá, e daí?".
Parece que falta alguma coisa. O que se leu nas sinopses criou a expectativa de uma intrincada trama recheada com aqueles elementos e argumentos que os envolveriam. Mas não é o que acontece. Parece que muitos desses elementos estão ali apenas por estar sem fazer muito sentido , ou mesmo diferença, para a estória em si. Como se as pontas, embora não fiquem soltas, ao final da história pareçam que estão um tanto frouxas.
E convenhamos: "Caçadores Secretos" é muito clichê! Não é spoiler, mas se quer saber o que é , vá ler o livro.
Para um filme talvez seria o suficiente, mas para um livro creio que faltam argumentos para aqueles elementos fortemente anunciados tanto fora quanto dentro da narrativa do livro.
O ponto forte do livro é o esforço do autor em criar uma história verossímil, rica no detalhamento das cenas de ação, bem como nos elementos bélicos apresentados. 
Drones, dirigíveis, metralhadoras, helicópteros, trajes especiais,tudo ali bem descrito em detalhes técnicos. Uma diversão a parte pesquisar essa parafernália na web e constatar que de fato ela existe. Deem uma olhada...

Eis o airlander. Para saber mais, leia o livro...


Eis o Reaper. Para saber mais, leia o livro...

Outra coisa legal no livro é que ele trata de assuntos da atualidade. Sobrou até mesmo para menções ao Brasil e a nossa então presidente Dilma, citada somente como "a presidente". Nesse ultimo caso, é interessante notar como alguém enxerga o Brasil em uma trama sob o ponto de vista de um autor estrangeiro.
Por fim, é necessário enaltecer a grande sacada de Grylls em utilizar sua experiencia militar diretamente na narrativa da obra, bem como aspectos históricos riquíssimos da participação de membros de sua família na Segunda Grande Guerra: as reais motivações para esta obra.
Enfim...
O livro está longe de ser ruim. Mas não dá pra dizer que é um clássico da espionagem. Embora em muitos momentos da narrativa o autor me remonte a Frederick Forsyth e seus clássicos "Cães de Guerra" e "Dossiê Odessa".
Bear Grylls não faz feio como autor, mas eu pessoalmente esperava mais pois a expectativa foi grande.
Valeu como diversão. Me deu vontade de ler "Vôo Fantasma", primeiro de seus romances.



Humilde opinião de quem vos fala...

sábado, 30 de julho de 2016

Marco Polo

Não sei se com mais alguém funciona assim: dependendo de como as coisas estão em uma determinada época, a música, ou o filme, ou a roupa, ou a série de TV que o cara tá vendo acabam por ficarem marcadas. Há um ano atrás estava assistindo "Sons of Anarchy" e só não assisti toda ela porque o Netflix dispõe os episódios estilo a la Jack. Aí veio "Blacklist" e outras. Bem, caí fora da empresa em que trabalhava e tal e tentei assistir a série "Sherlock", mas como disse, essa aí marcou a época triste e chata que estava passando e não me deu tanta vontade assim de continuar assistindo, além de ser muito enfadonha.


Então, viramos a página... e despretensiosamente escolho a série produzida pelo Netflix "Marco Polo". Juro, de maneira despretensiosa. O que me agradou foi o título da série: personagem principal, remendo a uma temática histórica e tal. Nossa, que golaço.
Pra não ficar enchendo linguiça, vou fazer um Ctrl+C e Ctrl+V da sinopse da série:

Marco Polo é uma série de televisão dramática sobre os primeiros anos de Marco Polo na corte de Kublai Khan, o Khagan do Império Mongol e fundador da Dinastia Yuan, que durou de 1271 a 1368. A série estreou na Netflix em 12 de Dezembro de 2014.

A série foi criada e produzida por John Fusco e é protagonizada por Lorenzo Richelmy como Marco, com Benedict Wong no papel de Kublai Khan. Com um investimento estimado em 90 milhões de dólares, Marco Polo foi a iniciativa mais custosa produzida pela Netflix. Muitos fãs comparam o ambiente de intrigas e sexo com o criado pela série Game of Thrones.

A série é produzida pelo estúdio The Weinstein Company.

Em 7 de Janeiro de 2015, Marco Polo foi renovado pela Netflix para uma segunda temporada com 10 episódios."


Tá, é isso. Obrigado Wikipedia.
Agora é a minha vez.
Eu não sabia que, ao começar a assistir seus episódios, este seria um ano de alvoroço por causa da série. Afinal, seria em 2016 o lançamento da sua segunda temporada, já que a primeira fora tanto badalada e comentada. Bem, parece que nada é por acaso.
Não preciso também dizer que tá cheio de material sobre a série na web, então não vou ser pretensioso a ponto de tentar fazer uma resenha toda bancando o critico cinematográfico, a não ser dar minha opinião.
Em primeiro lugar, já no primeiro episódio o bagulho me agradou. De cara deu pra ver o capricho da produção, o que me deixou empolgado. Figurino, cenário, ... Tudo show de bola.
Em segundo, me chamou a atenção a ausência de grandes nomes no elenco, a começar pelo ator que interpreta o protagonista. Talvez por não ter um quilate suficiente deixou com que o personagem fosse sugado pelas sombras dos demais e da trama em si. Não que ele não tenha talento ou que comprometesse algo, mas bem que ele poderia ter dado mais peso ao personagem através de uma interpretação melhor. Aos demais, como a coisa toda se passa no coração da China, fica difícil juntar atores conhecidos e origem asiática. É ruim, hein?! Mas quanto a estes as interpretações matam a pau, o cara que faz o Kublai merece um premio. Achei 10!
Em terceiro, tem ação! E na medida certa. Não deve ser fácil manter o ritmo pirado de uma história de aventura e ação em uma série, dada a problemática e dificuldade de produção para com muitos episódios e tal. Mas tem muito kung-fu e luta de espada de qualidade. Bem legal! e sem exagerar, na medida certa.


Quarto: tem sexo e nudez! É ,... tem sim! Mas também na medida certa. Nada espalhafatoso como "Spartacus" mas também nada que não seja adequado para crianças menores de 16 anos. Dá pra dizer que tais cenas também são de bom gosto, mas tirem as crianças da sala.



Quinto: tem história. E é aí que tá. Toda a trama é baseada em contextos históricos, tanto sobre as viagens de Marco Polo, quanto as cruzadas e as conquistas mongóis. Mas historicamente elas sem encaixam?
Alguns podem dizer: que se dane, quem se importa se os fatos históricos precedem. Outros, como eu, gostariam de saber se tudo, alguma coisa ou nada, de fato, ocorreu na história.
Nossa querida Wikipedia nos ajuda (https://pt.wikipedia.org/wiki/Marco_Polo). Marco Polo, de fato percorreu com seu pai e seu tio a Rota da Seda e se encontrou com Kublai Khan.



A última Cruzada foi em 1270 (a oitava cruzada). Marco nasceu em 1254 e morreu em 1324 e, portanto, ainda era contemporaneo das Cruzadas, o que respalda o envolvimento dos Cruzados na trama da série.
Pra finalizar, a brincadeira custou 90 milhões ao Netflix. Carinho, mas também mostra como eles tão levando a sério o projeto, o que é legal. E percebe-se pela qualidade.


Marco-Polo-Netflix5

Alguns mais exaltados ainda tentam compara-la ao "Game of Thrones". Bem, eu não assisto ao "Game..." porque é muito fictício e prefiro algo embasado em história mesmo, mas os que acompanham dizem que "Marco Polo" não chega aos pés de "Games"  em tramas e ação. Por mim não tem problema, esse não é mesmo o objetivo.
De qualquer forma, é uma bela série e suas duas temporadas possuem enredos distintos mas não discrepantes deixando motivos para imaginar o que virá na terceira, pois a coisa termina com muito em aberto.
Espero, pra finalizar, que nos próximos episódios o protagonista esteja mais presente, bem como seu ator mais imponente em sua interpretação. E é só! Se continuar assim, dosando as cenas de lutas, ação, sexo, nudez e diálogos, que alguns inclusive acham chatos e tal e eu não concordo com isso,está de bom tamanho. Os diálogos de Kublai com Marco são ótimos. Um embate interessante. Tão interessante quanto é a forma como a série na sua primeira temporada tentou mostrar o choque cultural de Marco.
Enfim, adorei... e recomendo.
Abaixo um trailerzinho pra dar água na boca.



Humilde opinião de quem vos escreve!

terça-feira, 28 de junho de 2016

O poço e as botas

Puxa...
Não tinha percebido que já era noite. Acho que tá na hora de dormir. Lavei minhas botinas de couro e as deixei para secar sob o para-peito do poço no fundo de casa, onde pega sol por mais tempo durante o dia. Acho que já devem estar secas.
Interessante! Acabo de ver que realmente escureceu. Como escureceu rápido! Céu limpo, crivado de estrelas. Uma bela noite, quente de verão. Lá no oposto do céu a lua cheia imponente a ponto de iluminar o velho pátio de casa.
A, esta casa: da minha família a mais de 60 anos. Existe à 80. Foi a casa paroquial antes. Volta e meia descobrimos segredos nelas, principalmente quando o reboco de alguma parede cai ou quando alguma parte da tinta se descasca, sem falar nas antigas moedas encontradas quando trocamos o assoalho. Alguns dizem que no porão da casa uma senhora morreu, quando estava sendo tratada pelo vigário da paroquia, escondida do resto das pessoas por estar sofrendo de tuberculose. Bobagem! nunca via nada, mas os arcos que sustentam as paredes, os antigos tijolos franceses maciços e o chão batido daquele porão dão mesmo um aspecto sombrio.
Enfim, adoro esse lugar e nunca vi nada que me assustasse de verdade, a não ser um gambá espertalhão que entrou para roubar algumas batatas do saco que o vô tinha comprado.
Ai, minhas botas.
Sabe duma coisa? Nunca tinha reparado direito nesse poço. O vô sempre pega água dali, todos os dias. E não tem jeito de convencer ele de instalar uma bomba. Não! Me lembro quando criança que ele não deixava de jeito nenhum que algum de nós se aproximasse dele. Ele dizia que era perigoso alguém cair e morrer afogado. Então eu e meus irmãos e primos sempre respeitamos. Talvez por isso esse poço tenha ficado esquecido, embora sua visão tenha se tornado a mais rotineira e comum, dentre tantos outros locais e formas que aquela casa tinha.
Então de longe começo a reparar naquele poço. Que interessante! Nunca reparei naquela mureta em torno do muro Agora, olhando bem, parece com aqueles poços de filmes: uma mureta de pedra, meia baixa, bem rústica. Na verdade, bem charmosa, daria para fazer boas fotos em torno daquele poço, bastaria ajeitar um pouco o cenário com algumas flores ou mais algum madeirame antigo com alguns baldes de latão velho, sei lá... Mas como não tinha reparado nisso antes?
Então, quando chego perto do poço, estando a dois passos dele, a escuridão da noite, mesmo que amenizada pela beleza daquela lua, me aplica uma peça e me faz tropeçar numa raiz de árvore saliente. Poutz, seria um baita tombo se não houvesse... o muro. foi nele que consegui me apoiar projetando meus braços e conseguindo me apoiar para não cair.
Beleza! Acidente evitado, se não fosse pelo esbarrão ter lançado meu par de botas pra dentro do poço.
Ah não!
Só que um detalhe me chamou a atenção: não ouvi barulho das botas caindo n'água. O que ouvi forma elas batendo em um chão seco. Que estranho! Hoje pela tarde o vô veio aqui pegar água e não falou nada que o poço poderia estar seco ou coisa parecida. E ainda entrou em casa com um balde cheio d'água do poço.
Bem, não sou mais guri. Acho que não preciso mais ter medo de me afogar. Claro, tá noite, e qualquer vacilada poderia sim causar um acidente nada leve por ali. Mas me chamou a atenção o fato de não haver barulho d'água, ou melhor, do poço estar seco.
Volto para a casa correndo e pego uma lanterna para dar uma olhada naquele poço. Ligo-a e projeto o foco de luz sobre o poço.
Nossa!
Que legal!
Foram minhas primeiras expressões. Então ali, a luz de um lanterna de pilhas, pela primeira vez nesses meus 39 anos de idade, olho para dentro daquele poço e me deparo quase que como um cenario de filme: um túnel de mais ou menos 5 metros de profundidade, todo ele revestido de pedras regulares, dispostas como um muro cônico de contenção. Nada de água, só consigo ver seu fundo, bem nítido por sinal, totalmente calçado com as mesmas pedras regulares das paredes daquele poço. Interessante é que, ao fundo, as laterais do poço apresentavam uma escuridão, com ose houvessem saliencias, ou como acusasse uma continuidade daquele poço na horizontal, como um túnel, um corredor, sei lá. E as botas, adivinha? Sumiram!
Embora eu realmente precisasse daquelas botas para trabalhar amanhã, não era isso que estava me intrigando nesse momento. O que está me deixando inquieto é esse bendito poço. E alguma coisa que, de alguma forma que não sei como explicar, me faz ignorar uma atitude obvia: chamar o vô e contar o que aconteceu e pedir algum tipo de explicação. Mas não.
 O poço não é muito largo, é bem estreito e as pedras que foram usadas nas paredes dele, embora regulares, ficavam bastante salientes, Dava para usa-las de forma bem segura como degraus. Sabe, um pé aqui, outro com a perna atravessando o poço. Não tinha como cair, não mesmo. E, apesar das 22 horas da noite, de não ter avisado ninguém, todo e qualquer medo ou simples receio de se machucar sumiu. Vou descer e ver o que tem lá.
A medida em que vou descendo, começo a ver mais claramente. Mais claramente? De noite, na escuridão, adentando um poço? Como assim? Não sei explicar. Em primeiro lugar, parecia que o poço estava se alongando, ou seja, não tinha apenas 5 metros. Mas estava ficando mais claro, mais nítido. Depois, faltando alguns metros para chegar ao solo percebo que não trouxe minha  lanterna mas consigo ver a minha esquerda que realmente havia uma saliencia na parede, bem grande. Era uma passagem e dela vinha um pequeno faixo de luz, amarelada como de vela ou fogo. Não foi preciso botar os pés no chão para já perceber que era uma passagem sim, e dava para algo tipo um corredor, um túnel, sei lá. A passagem era iluminada fracamente pela luz que imediatamente
identificava como de velas. Ela adentrava a esquerda daquele poço por uns 3 ou 4 metros, quebrando o acesso para a direita. De onde vinha a iluminação um pouco mais forte e que se projetada naquelas paredes de pedra regular. Parecia um daqueles corredores de castelos medievais.


O estranho é que o raciocínio da razão havia me deixado. Eu não estava questionando, ponderando nem medindo nenhum aspecto daquelas circunstancias. Alguma coisa fazia eu apenas avançar.
Então começo a percorrer aquele lugar. Andava, de uma forma instintiva, para frente. Faço a curva daquele corredor e percebo que ele se estende por unas bons metros. haviam umas 5 ou seis tochas pregadas na parede e acesas iluminando o caminho no qual já se percebia alguns acessos em suas laterais parecendo serem portas.
Em alguns momentos lampejos de razão me visitavam. Aquele corredor? Debaixo do quintal de casa? Será o que o vô sabe disso? Quem fez isso? Quem acendeu essas tochas? Então tem alguém aqui... Mas alguma coisa me dizia que aquelas coisas, aquelas tochas, simplesmente estavam ali. Assim, simplesmente, sem resposta para quem as acendeu, ou quem as colocou ali, ou mesmo quem construiu tudo aquilo. Mas alguém construiu aquele túnel.
Então começo a andar, a iluminação é fraquíssima. E logo a direita vejo uma porta enorme, pesada. Na verdade tudo aquilo parecia um galeria de celas, uma masmorra. Essa primeira porta que vislumbro está encostada, então eu entro. Me deparo com uma sala com uma mesa rústica e pesada com um castiçal de três velas acesas sobre ela e um livro grande, com encadernamento de couro. Não há ninguém na sala. Só aquela cena. Atrás da mesa, outra porta.
Me aproximo da mesa e foleio o livro. São palavras desconhecidas, todas elas. O livro não é impresso mas manuscrito. Instintivamente fecho o livro e olho em volta. Não há mais nada naquela sala. A porta por onde passei está fechada. Não me lembro de te-la fechada.
Então sigo, passo pela mesa e continuo abrindo aquela outra porta que havia avistado. Há mais um corredor, dessa vez sem iluminação alguma, senão a do candelabro que ainda repousa na mesa. Ando alguns passos e vejo outra porta a direita. Avisto uma mesa pequenina, como se fossem feitas para anões ou crianças e nela estão sentados dois gatos, um pardo e outro preto. Eles estão disputando queda-de braço sobre a mesa. Eu me aproximo deles mas minha presença não faz diferença alguma a eles. Sou totalmente ignorado.
Então saio daquela sala por onde vim e sigo mais a frente. Há outra porta, dessa vez a esquerda. Ao entrar vejo um senhor, um velhinho sentado em numa mesa onde aprecia de maneira concentrada um tabuleiro de xadrez com as peças já desarrumadas como se uma partida estivesse em andamento. O velhinho, de aspecto caricato, com um longo nariz, calvo mas com longos cabelos ao redor de sua calvície, usando um par de óculos arredondado de grossas lentes, veste uma túnica preta se dá ao trabalho de erguer a cabeça e me olhar muito brevemente demonstrando um constante sorriso. Olha para mim e logo baixa a cabeça voltando à sua concentração. Não vejo suas mãos. E não me importo muito com isso. Revolvo-me nos calcanhares para sair de mais aquele aposento. Quando estou passando pela porta ouço ele dizer em voz tremula "xeque-mate".
Retorno ao corredor e nesse momento não me lembro mais por onde vim, e nem mesmo reconheço aquele corredor por onde recém havia entrado. Mas dou mais alguns passos a frente e vejo outra porta, agora a minha esquerda. Então eu entro e vejo outra mesa com mais um castiçal de três velas acesas iluminando o ambiente sobre ela e um cálice de vinho de  cobre. Era vinho, eu sabia desde o começo que nele havia vinho. Então o apanho e bebo todo o vinho. Por que eu fiz isso, eu não sei.
ao baixar o cálice na mesa, vejo ao fundo daquela sala, na penumbra, uma armadura de cavaleiro medieval ao lado de outra porta.
Então vou para lá e ao me aproximar a armadura se move e com seu braço abre esta porta destrancando uma antiquada fechadura. Eu não me assusto, tampouco sinto medo. A próxima sala é a sala do Rei. E ali está ele sentado em seu trono com o dedo em riste aos berros chamando e dando ordens para um lacaio que não aparece. O Rei não se incomoda com a minha presença, nem mesmo a acusa. Parecia ser um rei sem reino.
Eu dou meia volta e, ao lado da porta que passei, outra está aberta e projetando uma fraca luz de velas. Passo então por esta porta e percebo que estou pisando em moedas. Não sei se valem alguma coisa ou não, mas dá pra perceber que são moedas. Ao levantar minha cabeça depois de contempla-las percebo estar em outro grande corredor onde no meio dele, exatamente no meio, há um aparador com um espelho e sobre esse aparador outro castiçal com tres velas acesas. Chego próximo ao espelho e vejo meu reflexo. Nada de anormal. Sigo por este corredor até seu fim onde há outra porta.
Então abro esta porta e vejo alguém sentado em uma mesa. Uma pessoa sentada em uma mesa com um baralho na mão Essa pessoa veste uma especie de habito com capuz. Não vejo seu rosto. Me sento a sua frente e recebo as cartas. Estou jogando um jogo que não conheço as regras, nem sabia que conhecia algum tipo de jogo de cartas. Mas estou jogando.
O jogo termina. Sem saber quem ganho ou perdeu, assim como nenhuma palavra entre eu e aquela pessoa é trocada.
Ao sair pela porta de onde vim percebo que exatamente a esta existe um acesso que não havia percebido antes. É um acesso para uma escada. E é por lá que eu vou. Então começo a subir uma escada circular. A escada parece não ter fim. Parecia estar em uma torre ou algo assim onde lá em cima dá pra avistar uma janela de onde incide a luz da lua. Mas estou muito cansado, sento nos degraus para descansar.
Que houve?
Acordo com alguns raios de sol que passam pela janela mal fechada do meu quarto. Então foi um sonho! Apenas isso. Mas que sonho mais louco. Se eu ainda bebesse ou usasse algum tipo de entorpecente, mas nem um tapinha num baseado eu dou. que coisa estranha. Então salto da cama e pela janela vejo aquele poço e sua mureta. Fico parado em pé na janela por alguns minutos, meio que me acordando ainda daquele sonho louco que tive. O interessante é que lembro de cada detalhe. Nossa, muito estranho. E por uns 5 ou 6 minutos fico ali, entre as lembranças daquele sonho e a visão do poço, onde supostamente seria o cenário daquela aventura surreal. Até o momento que percebo o gosto estranho na minha boca: vinho.
Logo em seguida, meu vô bate na minha porta e me entrega minhas botas. "Ve se deixa elas caírem no poço de novo..", . Estavam encharcadas d'água. Quando pego uma delas de mau jeito, o cano da bota se projeta para o chão deixando cair algo que estava dentro dela: o cavalo, uma das peças de um tabuleiro de xadrez.
Então olho para minha cama e percebo algo debaixo do travesseiro. duas cartas de um baralho. O coringa e o Rei de Copas. A fisionomia do coringa não me era estranha: o velhinho xadrezista.
Olho para a minha porta e vejo meu vô que se dirige a mim: "Escuta rapaz, tu sabe o que minha lanterna estava fazendo lá fora no chão, do lado do poço?"
Ele me dá uma piscadela e volta pra cozinha.




sábado, 5 de março de 2016

Por que não gosto do PT

Resultado de imagem para anti-PT

Ahhhhhhh...
Finalmente vou falar sobre uma coisa da qual muitos me conhecem: meu carinho pelo Partido dos Trabalhadores!!!
Fogos, por favor...

Depois do êxtase dos últimos dias com a PF batendo na porta do Mr. Da Silva, as redes sociais, em especial o twitter, o facebook e o whatsapp, se esbaldaram com o tema. Sim, foi uma orgia de pauleira em cima do Lula, Dilma e do PT assim como outros apavorados tentando segurar a onde defendendo essa galera que não foi fácil. E óbvio, estava eu ajudando a poluir visualmente e me tornando com certeza um dos mais chatos (se bem que prefiro "ativista") contribuintes de postagens nessas redes sociais. Quando me dei por conta, vi que minha timeline do facebook, meus twits e meu whatts tavam virados nisso aí me perguntei: "será que pirei? Será que exagerei na dose? Critiquei os esquerdinhas apaixonados e aqui tou eu que nem uma metralhadora..." Bom, parei então pra pensar e tentar explicar de onde vem essa aversão ao PT. É necessário, no entanto, destacar um detalhe: eu tenho amigos do PT e não os odeio. Eu não odeio o PT (juro que não), não desejo a morte de ninguém e tenho muitos que respeito. Mas esse meu pragmatismo também tem uma explicação e, logo abaixo nos próximos parágrafos, vou tentar explicar tudo isso. 
Mas alerto: essa é a minha opinião! Não coloco ela aqui para fins de julgamento. as críticas aqui não tem lugar. Pensem o que quiserem, só estou expondo meu ponto de vista.
Agora prestem atenção!
Em primeiro lugar, devo dizer que não sou nenhum catedrático nas ciências políticas e econômicas, tampouco um filósofo. É verdade que assuntos dessas naturezas sempre me despertaram curiosidade, mas nada mais do que isso. Interessante que, la no segundo grau, no Cilon Rosa, meus testes vocacionais caíam sempre para a área de humanas porque eu gostava de política e demais assuntos das áreas humanas. Só que sempre achei isso tudo muito chato. Ler, ler e ler, falar, falar, falar,... parecia que eu estaria correndo em volta do próprio rabo, sem ter algo palpável produzido. Aí fui cair numa área bem proxima a estas: tecnologia (tudo  a ver!). Sendo assim, admito que meus conhecimentos em política são limitados, de origem um pouco restrita, desde alguns punhados de artigos até pequenas obras literárias. Eu não li "O Capital" de Marx nem o "Main Kempf" mas li pequenas obras de fácil leitura, sem contar inúmeros artigos de jornais, revistas e até na web. Não sou uma sumidade nesse assunto mas, devo dizer e frisar, meu domínio sobre assuntos políticos está acima da média e, portanto, não dá pra vir discutir comigo correndo sem o risco de tropeçar. É fato que para se entender e falar sobre política, deve-se ouvir muito assim como uma certa habilidade para ligar os pontos que surgem e formar sua opinião a respeito. Com base nisso, teci minhas opiniões juntando caquinhos, aprofundando um pouco mais aqui e ali, sem me dedicar 100% a ponto de se tornar autoridade, mas sim sabendo bem o que está dizendo e defendendo.
Bem, admito que sou um filhote da ditadura. Nasci em 1977 no fim do regime militar e as portas da abertura política, mas com a família emersa na política pois o pai era vereador inicialmente da ARENA e depois PDS. Me lembro de uma foto do pai cumprimentando o então presidente Ernesto Geisel quando ele era presidente da Câmara de Vereadores do município.
Eu respirava política logo quando nasci. Logo estaríamos nos anos 80 e a abertura política fazia pipocar novas perspectivas e novas manifestações que, para mim, obviamente, não me diziam nada e de nada entendia. Com o tempo ia perguntando para o pai o que eram as palavras que ouvia na rua, na TV e, quando aprendi a ler, nos cartazes da rua. "Pai, como assim opressão?... Por que reclamam de democracia?..." e principalmente: "o que é um comunista?". Ouvia aqui e acolá explicações de muitos, principalmente de professores de uma geração já esquerdinha, mesmo que estudando em escola particular. Eu questionava meus pais e demais familiares sobre o que diziam em sala de aula e recebia explicações, mas sempre com a ressalva "não é bem assim...". Toda essa introdução para tentar explicitar o ambiente em que estava crescendo. E confesso, não foi fácil, em muitos momentos tinha a sensação de ser hostilizado por adultos por ser filho de quem era mesmo sem entender direito do que se tratava. Me lembro do PMDB tomando de assalto os governos estaduais, aqui no RS com o Simon e então o PMDB era o expoente da oposição no país. Quanto ao PT, era um partidinho com um programa furreco de TV em que apresentava o bancário sindicalista Olívio Dutra como candidato. Paralelo a tudo isso, comecei a perceber que tinha um fascínio por história geopolítica. Adorava ficar admirando um atlas geográfico e a ler sobre os diferentes países. Quando descobri que podia ler sobre tudo isso nos jornais e acompanhar as notícias globais, devorava tudo quanto era jornal. Não é a toa que nunca estudei para provas de história e geografia e em sala de aula tinha sempre minha opinião e ainda "atualizava" os professores de geografia. Quando isso acontecia, a sensação era de ter feito um gol. Associando o fato de que minha família tinha um posicionamento firme  político com essa facilidade em associar as notícias políticas do mundo, vem aquilo que disse logo no início: ligar os pontos.
Toda essa introdução para explicar o seguinte: tentava, já no fim de minha infância, entender afinal o que era aquela porra de comunismo x capitalismo, o que era socialismo x liberalismo e onde a gente se encaixava nessa história toda. É fato que as primeiras ideias assustavam pois o estigma de que comunista era comedor de criancinhas ainda existia e, ao associar que aqueles partidos que se diziam oposição tinham premissas de esquerda e que a esquerda era... comunista, ficava perplexo. Fui ver o que era comunista então. Como disse, não me aprofundei nas teorias ideológicas do bagulho mas logo comecei a ver os reflexos dela ao redor do mundo. Então me lembro dos filmes "Platoon", " O sol da meia-noite", "Moscou em Nova York", entre outros. Sem falar no meu principal tema histórico que passei a amar; a Segunda Guerra Mundial. Então li sobre seus resultados, sobre a nova ordem mundial que se estabeleceu e aí veio a tal "cortina de ferro" e toda a repressão que ela trouxe. Junta isso mais aquilo que estava lendo sobre Cuba e El Salvador. Os documentários e notícias que mostravam como era a vida em Cuba me impressionavam, Em todos esses casos, a total falta de liberdade e direcionamento da vida dos cidadãos me impressionava. Futuramente, infelizmente, pude perceber que nada daquilo era falha de interpretação minha. 
Então já tinha uma ideia, inocente e infantil talvez, do que era comunismo e do que era seu primeiro estágio, o socialismo. O tempo vai passando e vamos entendendo que partidos como o então PCB, o PC do B , o PSB e finalmente o PT tinham como princípio essa ideologia. Não entrava na cabeça que aquelas pessoas poderiam querer impor aquele tipo de regime no nosso país. Claro, uma visão um tanto inocente e bastante limitada  na época (hoje, pero no mucho...), mas já deu pra grudar um certo rotulo no tal PT. 1989 tinha chegado e com ele as eleições presidenciais. O grau de euforia das pessoas era enorme e haviam diferentes opiniões. Eu confesso que me sentia um peixe fora d'agua porque meus coleguinhas, influenciados pelo que vinha de casa, claro, vinham e atacavam (sem entenderem muito o que faziam, evidente) a política atual, e sobrava para o partido do meu pai, consequentemente para o meu pai e consequentemente em mim. Via o tal PT pegando corpo e me impressionava com tanto artista global e intelectuais como Gilberto Gil e Chico Buarque no programa deles. Não entendia como que aquela gente compactuava com aquelas idéias: tornar aos poucos (e isso eu já tinha sedimentado em minha consciência) nosso país num regime socialista, sem liberdade e totalmente controlado pelo governo. Não entendia como que o funcionalismo publico, em especial os bancários do Banco do Brasil e do Banrisul passaram a defender aquele partido. Não entrava na minha cabeça. As respostas eram sempre "liberdade" e "democracia", mas meu pai dizia sempre: "não é bem assim..." De fato, nunca foi.
Então, de início foi isso. O fato de PT ter suas bases ideológicas alicerçadas sobre a visão marxista do mundo me coloca imediatamente everso a esse partido. Mesmo que depois de mais de 25 anos  eu veja como apenas idéias para nortear ações políticas e de como administrar a coisa pública. Hoje, mais esclarecido, me posiciono assim. Mas vejam: por causa dessa questão ideológica, o PT é apenas um dos partidos do qual venho a discordar. Vale lembrar de partidos como PC do B, PSB, e o agora PPS antes PCB. PSOL e PSTU então...O PT é sim só um deles. Mas isso é só um dos argumentos.
O segundo momento que contribui com que eu seja everso ao PT destacou-se nas eleições de 1998. Foram as eleições em que o FHC se reelegeu mas aqui no RS o Olívio ganhou. Eu já era adulto, já havia lido um bocado a mais sobre tudo aquilo, já havia travado discussões homéricas com colegas e até com professores. Foi uma época de arrocho salarial e aperto de contas no governo do FHC que enfureceram e ressentiram praticamente todo o funcionalismo publico. Eu já tinha a ideia de que muitos do funcionalismo tomaram a bandeira do PT por puro sentimento de corporativismo ignorando a cada vez mais esquecida ameaça vermelha, por isso o alinhamento sindical a esse partido, Naqueles dias aos poucos fui percebendo que o projeto daquele partido era o poder. O FHC ganhou as eleições legitimamente através de um partido que até então era considerado de esquerda, dissidente de outra partido de esquerda, o PMDB. Mas para o PT não bastava, tinha que ser eles. Para eles, a esquerda ainda não estava no poder. Para eles a constituição não prestava, a ponto de saírem do plenário durante sua promulgação. Ao PT não interessava se as mudanças estavam acontecendo, mesmo a curtos passos. Eles tinham que tomar o poder.
Foi o momento de maior radicalização da política no Brasil, disso eu tenho certeza. A histórica politização do RS havia desnudado o que era a face mais noturna e sombria daquele partido. Me estarreci quando a primeira coisa que o Sr. Miguel Rosseto, um dos maiores reaças que já ouvi falar, desfraldou na sacada do Piratini a bandeira de Cuba e na Secretaria da Agricultura, a bandeira do MST. Mais adiante, funcionários publicos, alguns policiais, simpatizantes ao PT depredam o Relogio do ano 2000 instalado em Porto Alegre pela Globo. Era ideologia pura, o lobo com pele de cordeiro se mostrou. Vi ali que valores como o amor a pátria e o estado de direito de nada valiam para aquela gente. O PT, ao menos sua ala mais radical expressada nos seus políticos gaúchos, demonstrava uma paixão e uma determinação incondicional à pregação e instalação de uma ideologia socialista, coisa que eu só via em partidos mais radicais como o PC do B e o PSB. Senti isso na pele. numa carreata com o Britto, o carro do pai tinha sido apedrejado e a nossa bandeira arrancada. Senti medo, aquilo não era mais um partido para mim mas sim uma milícia. As escolas estavam sendo tomadas por uma nova geração de professores doutrinados nas universidades cujos cursos eram orientados pela doutrina marxista em todas as áreas das ciências humanas. A truculenta expulsão da Ford e as constantes invasões de terras patrocinadas pelo desordeio MST me apavoravam. A pior de todas foi quando o Piratini recebeu um narcoguerrilheiro das FARC (contemplem esse link). Tudo aquilo me levava a refletir sobre os outros regimes socialistas (Cuba, Coreia do Norte, Campoja,...). E vejam, tudo isso acontecendo mesmo depois da queda do Muro de Berlim e com a implosão da URSS. Meu Deus, eu pensava "nada daquilo significou pra eles".
O tempo passou, e o PT deixou o Piratini, creio eu, devido ao seu exagerado radicalismo, pois tenho certeza que até o PT nacional estava preocupado com aqueles movimentos, pois (conclusões minhas) não seria daquele jeito que o PT iria tomar o país. Aí veio o Lula.
Sem julgar o seu caráter, ei de admitir que ele é o maior político da historia desse país desde Getulio e JK. Talvez até mais. O receio era grande, vide o depoimento de Regina Duarte...
Mas o cara foi de uma habilidade incrível, me deixando num primeiro momento, sem reação. Primeiro porque ele veio com o discurso "paz e amor" e segundo porque soube muito bem surfar e usar tudo o que o FHC fez com a economia, desde o Real até o fim da hiperinflação. E mais, foi inteligente a ponto de colocar nos mais altos cargos da economia pessoas centradas e recionais, sem apaixonite ideológica:  Luiz Fernando Furlan (executivo da então Sadia), Henrique Meirelles (o cara veio do PSDB e manteve a autonomia do Banco Central) e Antonio Pallocci (que simplesmente manteve a política econômica do FHC). Resultado: colheu tudo o que o FHC plantou, tocou o barco e mesmo assim ainda acariciava suas milicias, como o MST, a CUT e outros canis. Mas a boa supresa foi-se indo, veio o mensalão e o que não veio foram as necessárias reformas, principalmente a política e fiscal. Olha para seu ministério de mais de 39 ministros, todos devidamente encabidados e sem operacionalidade alguma, sem falar na política do pão e circo da copa 2014  com suntuosas arenas no meio do nada (hoje sabemos da necessidade política disso tudo diante das empreiteiras). Ah, e as melhores: as pazes feitas entre Lula e Collor, os rasgados elogios ao Malluf e ao Sarney. 
Pronto, a alma foi vendida ao diabo. Tudo por um projeto bem maior.
Ali, pra mim tava claro, todo aquele teatro montado não para um projeto de governo, mas um projeto de perpetuação no poder. Naquele momentooe aparelhamento da maquina pública em prol de um único partido era evidente e as ações do Zé Dirceu me deixavam embasbacado, digna de cinema. 
É fato que eu sempre admirei o PT como organização. A paixão, a organização, a mobilização, a determinação... Tudo o que não havia nos demais partidos, viciados e ultrapassados, sem um pingo de carga ideológica e oriundos de um passado coronelista do Brasil. Inclusive o meu. O PT tinha tudo isso. E ainda tem!
Esse foi o segundo grande motivo pela minha aversão ao PT. Seu aparelhamento da máquina pública poderia remontar à leitura de um fictício manual escrito por déspotas esclarecidos para a tomada de poder. E mesmo agindo como bom menino, dando esmola para os miseráveis (bolsa família) e agradando o grande empresariado, seu governo ainda deixava mensagens sobre de onde veio o PT e qual era o seu objetivo. Lembro do Ministro da Justiça Sr. Tarso Genro ao aquerenciar o terrorista Cesare Battisti e escurraçar os pobres atletas cubanos de volta par Cuba quando estes pediram asilo aqui no Brasil durante os Jogos Panamericanos em 2007. A cereja foi o Foro de São Paulo, sem falar  na passividade com que o Evo Morales se apropria de instalações da Petrobras na Bolívia e do criminoso apoio ao governo chavista na Venezuela. Tudo isso em nome da bandeira vermelha e da utópica e falida ideologia marxista que só a esquerda latino-americana, atrasada em mais de 50 anos, teima em brandar. Esse é o PT meus amigos sob a minha ótica. Um partido que prima pela sua bandeira ante a brasileira, como todo e qualquer grupo que venha a entoar a Internacional Socialista. Não há nação, não há fronteiras, só a ideologia em comum, isso é o importante. Estava vendo, finalmente o PT governando para ele mesmo, não para o Brasil.
Por fim (e apenas para encurtar, um pensamento que poderia virar a madrugada descrevendo-o), temos hoje o petrolão e a tomada do país de assalto. O PT não é apenas corrupto, saibam disso. A corrupção é apenas uma ferramenta para seu maior objetivo de tomada e perpetuação do poder. Estamos com 15 anos do PT no poder (os militares ficaram 23, lembrem-se) e até hoje não temos as reformas que o país tanto precisa e apontadas à décadas. Os outrora paladinos da justiça e da moral não se preocupam com elas, pois não é de seu interesse. O sistema de cooptação hoje no congresso é de interesse para a perpetuação do PT no poder. O bolsa família é um bom programa, mas insustentável se não houver investimento de base, e não houveram, o PAC é uma piada, a transposição do São Francisco é a transamazônica do PT que só serviu para os interesses das empreiteiras. Ah sim, as empreiteiras... Empreiteiras, bancos, etc... todos devem estar próximos para a irrigação contínua dos sanduíches de mortadela e das milionárias campanhas eleitorais. Reforma em triples ou sítio é troco. Na verdade, na bem da verdade não há roubo. O problema (por favor não me batam), não é o agradinho de pedalinhos, mas a grana fodida superfaturada. A corrupção não é promovida para ela mesma, mas para a perpetuação de uma casta que já está encastelada no poder. Aí vem um detalhe.
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Sempre tive em minha mente o PT divido em 3: em primeiro vem essa claque de espertalhões que comem carne com mandioca nos acampamentos do MST ao meio dia e jantam salmão grelhado com vinho branco em restaurantes de São Paulo. Aqueles que querem a igualdade entre as classes com champagne para todos, que desfraldam a bandeira do PT em seus conversíveis durante as carreatas ou que citam aspectos da política social assistencialista já insustentável de países como a França em um pub regado a Guinness.
Tem aqueles ponderados, mas praticamente extintos. Aqueles que acham o socialismo uma utopia, mas como sendo apenas um modo de pensar sobre as ações a serem tomadas. Pessoas equilibradas conscientes de que o mundo muda e que todos devem se beneficiar ao mesmo t empo em que todos devem contribuir. Me lembro de um cara em especifico: Marcos Rolim. Pena que foi execrado do partido por não ser tão espertalhão e não ter entrado no rentável jogo de defender o esquerdismo caviar do PT. E, claro: sua militância sobre os direitos humanos também não deu muito Ibope. Já a Maria do Rosario, pegou essa bandeira mas tá na barca de cima.
E por último vem a infantaria, as SAs do PT, as milícias dos movimentos sociais que se contentam com pão de mortadela e pinga. Esses dos Stediles da vida que realmente me preocupam, porque são tão cegos a ponto de não perceberem que são apenas massa de manobra. Sem falar nos demais que brandam "Lula... Guerreiro...do Povo Brasileiro...". Dizer o que a eles?
Mas são esses últimos que realmente nos preocupam. Eles não desconhecem o estado de direito e acreditam piamente que os fins justificam os meios. Vida a exaltação do Zé dirceu e do Genoíno, condenados e presos pelas instituições legítimas do país: para o PT são presos políticos porque assim que devem ser tratados, aos seus olhos. Essa ala bolchevique do PT que sempre me preocupou e embora não seja essa que hoje dita as regras, ela está presente e é sim, o real objetivo ideologico do PT. Se bem que, depois que tu prova como é bom champagne e salmão grelhado...
Por tudo isso tenho minha visão ao PT, genérica é claro. E repito (nem sei se já escrevi isso, mas tudo bem...): tenho amigos no PT, tenho amigos petistas e nem todos são bestas apocalipticas, pois são sinceros e autênticos. Se bem que muitos de lá se bandearam para outras siglas, como o PDT, o PSB e o PPS, mas tolerantes, menos radicais e mais comprometidos com o bem comum. Sinceramente , eu não creio que as pessoas entrem para a política, se candidatem a um cargo público sem um pingo de preocupação com a população, talvez num passado aristocratico e coronelista, mas não tanto hoje. 
Não concordo com o PT por tudo isso, pelas idéias que o conceberam e que lhe mantém. Não admito que os fins justifiquem os meios, mesmo que esses reais fins sejam velados aos olhos da população, o que é pior ainda. Estamos falando de utopias que não deram certo em lugar algum no mundo. E novamente repito: a corrupção promovida por esse partido é só um instrumento para se perpetuar no poder e, nos dias de hoje, é só isso que acredito ser o objetivo: o poder e seus benefícios, só para um grupo. A busca pela democracia foi um embuste, um ardil, pois ela foi alcançada mas para o PT não bastou.
Ou tá com eles...
Ou tu não serve!
Humilde opinião de quem vos escreve.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

...e os ressentimentos ficam por aqui!



Quando se tem muita coisa pra dizer, fica difícil de começar a escrever. Afinal, não se sabe direito por onde começar. Quem já não passou por isso?
Pois é...
Desde 2014 eu não escrevia um post nesse blog. Escrever no blog, para mim, depende muito do meu estado de espírito. 2015 sem dúvidas não deu espaço para que meu espírito pudesse estar em algum estado, senão o letárgico.
E por que?
Talvez porque eu tenha cometido nesses últimos anos um dos maiores erros de minha vida. Ou não, vai saber.
Explico: Desde 2013 me afundei no trabalho. Me afundei com tamanha paixão e empolgação que simplesmente fiquei cego para muita coisa. Nem mesmo o término do meu mestrado havia me deixado tão satisfeito e com a mente tão entorpecida do que aquilo que estava por vir na empresa que trabalhava. Sim, era um mega projeto comercial e tecnológico do qual pude participar desde o início. Pude curtir (sim, essa e a melhor definição do que sentia: "curtir") cada passo daquilo tudo: viagens, feiras, reuniões, viagens, reuniões, pesquisa, reuniões, e-mails, reuniões bilíngues, e-mails, pesquisa, orçamentos, negociações, reuniões, viagens,.. Era o projeto de uma nova fábrica, uma fábrica com tecnologia de ponta, única no Brasil. A empresa em que trabalhava estava numa empreitada sem igual, a ponto de deixar todos tensos, com os nervos a flor da pele, porque tudo era novo, tudo era desconhecido. Um trabalho pioneiro no Brasil pela proposta inovadora e singular. Mesmo que as condições da economia dissessem o contrário, a visão empreendedora dos caras sempre foi de tirar o chapéu, mas dessa vez eles foram além. Estariam dando o passo maior que a perna? Na verdade o sentimento era outro: será que estávamos? Sim, porque eu particularmente me senti parte daquilo e eles fizeram com que todos nos fizéssemos nos sentir assim. Talvez por conta disso estava se iniciando uma das maiores decepções profissionais que alguém poderia ter. Talvez!


Foram os anos mais intensos de trabalho que poderia existir. O cansaço estava já batendo a porta. Além dos prazos estarem se esgotando e destes terem se protelado ao longo do tempo, as indefinições técnicas e comerciais me deixarvam aflito e mais nervoso do que o normal pois quem é da TI sabe que tudo passa por nós e sem um mínimo de definição nada poderia ser feito. E assim foi até os 45 minutos do segundo tempo. Um martírio, uma insanidade e a decepção se desenhando.
Não dá pra esquecer que eu era responsável pela TI de lá e esse era apenas mais um projeto, mais um trabalho, mais uma empreita porque havia já uma fábrica inteira pra ser tocada e mantida, as exigências, os controles, as demandas não paravam. Nunca iriam parar, e aquele abacaxi nas mãos sem nenhuma definição. Na verdade apenas uma: a compra de todo um maquinário para uma produção em massa, contínua, para pouquíssimas paradas de setup nas máquinas, indo ao contrário do histórico e diferencial sistema de produção daquela industria. 
Então quando chega a hora H, tudo o que imaginamos de controles e processos cai por água abaixo. Um mix de produtos absurdo e insano e apresentado para produzir, a mentalidade não evoluiu e a ideia que foi vendida a eles não entrou na cachola. Virou tudo!
OK, vamos lá! Mãos à obra. Troca-se pneus com o carro andando. Mas foi, funcionou, abaixo de cobranças e uma pressão descomunal para aquilo funcionar. Esta então foi a primeira decepção.
Nesses últimos anos muitas expectativas foram criadas em minha cabeça: eu com o canudo de mestrado em sistemas e processos industriais não mão envolto num projeto fantástico de uma fábrica nova, mexendo e definindo processos e seus controles, o que, Deus, um profissional poderia querer mais? Respondo: reconhecimento.
Por inúmeras vezes me pegava sonhando acordado, imaginava ver um comercial bacana daquele empreendimento em um horário nobre da TV onde os envolvidos estavam sendo entrevistados e contado as experiencias adquiridas na concepção da fábrica e tal... Que nada! 
Por causa desse FreakShow instalado passei a me isolar. Fiquei mais ranzinza, mais isolado, mais concentrado naquelas coisas que já estavam produzindo um desgaste e cansaço fora do comum. Minhas palavras já não eram tão medidas e tenho a certeza que muitos dos meus colegas já tinham a visão da minha pessoa como de um bom profissional, mas de difícil trato. Também pudera, eu passei a relutar toda e qualquer demanda que eu julgava bobagem ou retrabalho. Tudo isso por causa daquele ambiente pesado que eu me envolvi, pois como disse, embora estava envolvido em uma fábrica novinha, havia já uma empresa inteira para ser tocada.


Fecho os olhos e agora lembro de tudo o que passamos: de cada centímetro de cabo passado, de cada polegada de tubulação mensurada, de cada caractere digitado nos códigos fontes, de cada orçamento de material e equipamentos. 
Coisa incrível, se quem estiver lendo isso tem alguma noção de automação deve ficar de cabelo em pé enquanto que outros que não possuem alguma noção talvez não entenderão bulhufas. Mas mesmo assim pergunto: automatizar o que e com que parâmetros se tu não sabe sequer o que vai produzir? Sim, mais uma vez aquela empresa estava construindo uma casa começando pelo teto. O "trocar pneus com o carro andando" de que falei era isso: uma ballet de retrabalho e esforços desnecessários. Dinheiro era que nem água para essas coisas, isso porque nesses casos ele e difícil de se mensurar, a não ser que comece a dar problemas e isso era impossível não acontecer.
Esse projeto, apesar de tudo, me levou onde eu não imaginava que pudesse ir. Não como profissional. Fui cair na Inglaterra e na Alemanha para ver de perto os brinquedos comprados para fazer esse frankenstein funcionar. Lembro das batidas de pés que dei para que um minimo de requisitos pudesse ser respeitado porque eu sabia que tipo de controles os caras queriam e o que queriam empurrar pra eles não ia funcionar. Até isso tirava meu sono porque eu só ficava pensando: "como vou integrar isso?" Sim, porque para eles, o meu trabalho, intangível aos seus olhos, era algo fácil e rápido, porque as soluções saiam sempre como eles queriam. O que eles não sabiam era que denotava esforço, dedicação e principalmente tempo. Acho que foi aí que errei, pois sempre tudo o que foi mandado foi feito, foi possível, mas graças a nossa competência, ou melhor, a minha competência, modesta a parte. E na filosofia administrativa deles..."se ele conseguiu fazer 10, aperta mais um pouco que dá 11". Essa era a maravilhosa política de valorização profissional que tínhamos. Mas lá nas Europa eu fui parar, embora tenha curtido cada minuto, sabia do meu papel ali, da minha responsabilidade e sabia que eu tinha que dar uma resposta frente aquele investimento. Voltei de lá extasiado mas com a cabeça mais preocupada.
Apesar disso tudo, vencemos o desafio. Ao menos nas nossas consciências, nos enchemos de orgulho. Orgulho esse que só é carregado por nós mesmos que botamos a mão na massa, por que de resto... 
O projeto aconteceu. E os dias foram passando... Dá pra imaginar então que esta é a próxima decepção. E algumas outras viriam.
Ora, todo e qualquer esforço é para que as coisas funcionem, aconteçam. Ainda mais quando as coisas são autorizadas devidamente, mesmo que de forma verbal, afinal, temos que confiar naquele que é nosso chefe acreditando que este tenha algum zelo por sua equipe. Isso não aconteceu. E dói muito quando tu é repreendido por ter feito algo que além de ter sido autorizado, se não tivesse sido feito a coisa não iria funcionar.


Pois é, esse era o inferno que me consumia dia a dia. Mas eu me mantinha firme, forte. Além da necessidade de trabalhar, a paixão pelo que faço falava mais alto. Minha equipe era fantástica e eu tinha sim um enorme orgulho de pertencer aquela empresa.
Então um belo dia sou chamado e, por causa de uma colega egoísta, individualista e manipuladora, que só pensa nos seus interesses, uma faca foi posta no meu pescoço. Uma obrigação fiscal que tinha que ser entrega e, caso não fosse, poderia acarretar em multas milionárias, foi o motivo disso. Por mais que eu tenha prometido a ela que ao terminar os controles da fabrica nova eu iniciaria aquela empreitada (e que empreitada), onde na verdade não me daria tempo para respirar, não se satisfez e vai choramingar para aquele que me chama e diz: "assim tu não me serve". A faca no pescoço desceu até o peito. Então percebi que os até então 9 anos de esforço e dedicação, de finais de semana trabalhando, dos atendimentos de madrugada e noites viradas trabalhando não serviram de nada naquele momento. Acho que foi a pior de todas as decepções.
Depois dessa, a bruxa ainda quis me manipular. Por causa disso tudo fui parar na Unimed.
É! Já estava cansado.
Então, depois de quase 10 anos de trabalho árduo, conquistas e êxitos que poucos reconhecem e muitos sequer sabem o quanto difícil foi construir...Simplesmente levantei os braços e disse a mim mesmo: "não dá mais".


Hoje me pego alguma vezes pensando se tudo o que fiz  foi feito de modo correto, se deveria ter engolido mais sapos para me manter lá (pois saibam que meu desligamento foi devido a isso). Quem sabe? Quem sabe eu devesse ser menos tenso, menos nervoso, menos... sei lá o que? Talvez qualquer outro no meu lugar poderia ter feito o que fiz e até de forma melhor. Quem sabe?
Portanto, respondo nesse momento se talvez eu tenha cometido o maior erro da minha vida. Que erro foi esse? Talvez tenha sido o de me apaixonar demais pelo que eu estava fazendo, por ter simplesmente baixado a cabeça e trabalhar. Fiz meu mestrado pensando num futuro melhor, mas calmo e mais sossegado do que o aquilo que estava passando e, no entanto, sequer tive tempo para levantar a cabeça e procurar algo melhor. Esse talvez tenha sido o meu erro, pois agora que estou sem um emprego fixo (e não significa que eu queira um igual novamente) sinto o olhar inquisidor de alguns próximos a mim loucos para dizer "eu falei, faz um concurso...". Mas talvez não! Porque o que fiz foi da melhor forma que pude, e adorei ter feito.
Tive sorte? Sim, tive sorte, porque cheguei em uma empresa onde a TI inexistia e em terra de cego quem tem olho é rei, não é? Então tive a oportunidade de começar tudo do zero, e aprender do zero também.
E sim, eu conheço muito de lá. Conheço a intimidade industrial, administrativa e comercial de la como ninguém e de forma integrada. Mas acho que não farei falta, sinceramente, até porque os caras que ficaram lá são bons (foram todos formados por mim, são crias minhas, por isso!).
Se eu voltaria para lá? Eu sinceramente não desejo, pois não sinto falta daquela pressão dos últimos anos. É fato que, a medida em que eu fui crescendo lá dentro, fui me aproximando dos chefões pois de uma forma empírica foram vendo que as regras dos negócios são escritas lá na sala para todos os setores da empresa. Esse sim foi o pior dos erros, se é que posso considerar como um; se aproximar deles. Gostaria muito de continuar trabalhando lá... numa sala beeeemmmmm longe da deles e com alguém que, acima de mim, resolvesse os nosso problemas, ao invés de apenas vir cobrar, porque esse era o último dos cenários: ninguém para resolver os teus problemas e uma infinidade de caciques para cobrar. Mas como disse, talvez quem tenha ficado no meu lugar possa saber administrar tudo isso e se dar melhor do que eu. Tomara! Mas uma coisas eu garanto: 10 anos assim desgasta qualquer um. Mas, nunca diga nunca, embora eu não tenha saudade nenhuma das cobranças sem fundamentos, das brigas para se renovar licenças de anti-virus, de ter que se ajoelhar para comparar mouse, de ter que ouvir mijada na frente de arigó porque um de meus guris levou mais que 5 minutos para atende-los (sendo que em muitos casos eles provocavam problemas nas estações da industria para matar serviço). Pensava sempre nos últimos dias: não fiz mestrado para passar por isso.
E se precisarem de mim? 
Olha, acredito que de repente venham a me ligar. De novo, tomara que não! Tomara que deem conta do recado. Não torço, ao contrario que talvez possa parecer, que se fodam. Não! minha marca foi deixada la nos mais de 240 códigos fontes que escrevi, no data center que montei, nas integrações com o maquinário industrial e em todas as políticas de TI que implementei.


Então, não tenho ressentimento algum. 
Os ressentimentos ficam por aqui.