terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma paródia dos tempos de hoje

Embora eu condene a expressão "modernismo", utilizada para depreciar atualmente toda e qualquer novidade tecnológica disponibilizada para o usufruto das pessoas comuns, é inegável que estas vêem hoje carregadas de um apelo consumista cada vez mais forte, onde 95% dos esforços para a concepção do produto em questão resume-se em marketing e apenas 5% para a inovação tecnológica.
É nesse momento que destacam-se os profissionais de TI, ao orientar o consumo destes produtos de maneira coerente, racional, eficaz e de forma otimizada, a fim de reduzir custos e evitar gastos desnecessários com tecnologia.
Não foram poucas as vezes que algumas pessoas já chegaram até mim para perguntar se valia a pena comprar um tablet ou mesmo do que se trata esse novo "gadget" disponível no mercado. Eu pessoalmente possuo um smartphone há mais de 6 meses e ainda o estudo para encontrar a melhor maneira de se utilizar seus recursos. Uma conclusão, porém, eu já cheguei: não vou conseguir usá-lo em sua plenitude.
No entanto, fascinados pelos lançamentos tecnológicos, principalmente devido a pirotecnica que os envolvem, os consumidores lançam-se de maneira desenfreada ao consumo pelo simples prazer de ter hipnotizados pelos recursos dos produtos potencializados pelomarketing pesado destes.
O vídeo em questão é uma paródia do que vivemos hoje, quando produtos tecnológicos são apresentados ao consumidor numa linguagem fácil, agradável e muito atraente: apresentar um simples livro como um mídia revolucionária, que mudará o dia-a-dia das pessoas.
Bem, foi exatamente isso que Gates e Jobs fizeram ao longo de 25 anos até agora...
Recomendo este vídeo a todos, principalmente a crianças e adolescentes.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Apenas um desabafo...

Ás vezes a gente esquece que tem um blog, ou até mesmo qual é a real finalidade dele. Sente que tem muita coisa pra desabafar e no entanto fica olhando para os lados para saber onde e como fazer isso. Mas o blog está aqui e foi pra isso que foi criado. Ao menos era, e não apenas para ser algo popular entre as pessoas.
Não é a primeira vez que escrevo um post na forma de desabafo, mas talvez seja o primeiro com esse desabafo tão pessoal e introspectivo de forma a surpreender aqueles que estejam lendo-o e que me conhecem com relativa proximidade. Digo isso porque são poucas as pessoas que realmente me conhecem e em muitas vezes ainda deixo transparecer outra personalidade, um pouco diferente daquela que realmente sou. Enfim, este não é um post que eu realmente deseje promover no twitter ou no facebook porque tem um foro íntimo e sua importância é significativa. Vamos lá...
Sempre tive a sensação de que havia algo errado e sempre estava incomodado com isso. Pensava que tinha o problema A e quando obtinha a certeza de que não tinha o problema A então passava a me preocupar com o suposto problema B. Quando obtinha a certeza de que não tinha o problema B então entrava em cena a preocupação com o problema C... De fato, algo estava errado e sim, temos um problema, que não é o A, nem o B e muito menos o C, mas um problema que faz com que estes e muitos outros vivam nos atormentando, impedindo de que alcancemos a paz.
Afinal de contas, o que é isso? Demônios pessoais que vivem martelando nossa consciência ou somente caprichos de uma mente leviana e superficial?
O que, na verdade, devemos procurar? Talvez alguns digam que devamos procurar a paz interior, mas onde e de que forma?
Por muitos anos meu comportamento era tolerado, assim como determinadas atitudes minhas eram toleradas por mim mesmo e classificadas apenas como habituais, sem reflexo a qualquer coisa. Bastou iniciarmos uma nova etapa na vida, onde esta é dividida com mais uma pessoa (minha esposa, deixemos isso bem claro), para percebermos que alguma coisa não pode estar 100% certo, mas nunca quis parar e avaliar. Sim, aos 34 anos e meio ainda brigamos com algumas idéias de que ainda podemos ser moleques como a 10 ou 15 anos atrás. Já sabemos que não somos mas muitas das nossas atitudes ainda não mudaram. E está na hora de isso acontecer.
Quer ser pai de família? Chefe de um lar? Ser respeitado como marido, como homem? Não se trata apenas de querer, é evidente, mas sim se realmente teremos condições emocionais pra tudo isso. E por mais que nossa maturidade nos alerte para que tomemos nosso lugar na sociedade ou que avancemos rumo a tudo isso, será que poderei?
Em 1997 eu tive um verdadeiro "surto". Então quase havia perdido o ano inteiro na faculdade. Hoje estou aqui, recuperado? Não, não completamente, pois por todos esses anos os diabinhos não me deixaram por completo, e isso é fato. Ajudados por minha displicência, pra não dizer comodidade, eles permaneceram  rondando minha vida, meus passos, minhas ações, e hoje estamos aqui. Sem perder a sanidade, é verdade, mas de certa forma um pouco mais consciente de que assim não dá mais pra seguir. Deverei fazer algo não apenas por mim, mas por quem está agora ao meu lado.
Talvez todas essas palavras sejam para me iludir mais uma vez e esquecer um pouco do problema que eu possa realmente a ter, ou será que esse problema que eu possa realmente a ter está potencializado por tudo isso?
Se alguém estiver lendo tudo isso (e espero que sejam poucas as pessoas) certamente irá entender muito pouco ou quase nada. Também pudera, pois pra realmente entender essas palavras creio que só estando dentro de minha mente, e nesse exato momento pois até mesmo eu nao saberei do que se tratam essas palavras daqui a algumas horas.
Hoje tenho uma preocupação. Não é com respeito a doença mas posso dizer que é com respeito ao meu futuro. Não vou abrir qual é minha preocupação mas posso também dizer que essa poderia ser bem menor ou então mais fácil de ser tratada e conduzida se os tais diabinhos já tivessem sido aspantados.
Muitos com quem converso sobre isso (de maneira superficial, claro) dizem que só o fato de ter a consciencia de que existem esse problemas já é uma grande coisa e um primeiro passo para resolve-los. Concordo, o problema é o segundo passo.
Outra coisa que me irrita um monte é quando as pessoas dão tapinhas em suas costas dizendo para ficar calmo e que "tudo irá se resolver", mesmo sem saber exatamente do que se trata. Ou talvez saibam, mas minha consciencia se recusa a aceitar que tais problemas são problemas de fácil solução. Será que estou acostumado a "ter" problemas e não saber viver sem eles?
O fato é que, após todo esse desabafo, uma coisa é certa: que tenho que mudar alguns apectos em minha vida, e esses podem não ser muito fáceis de se mudar, mas estão ao meu alcance disso e só eu poderei fazer algo. Outros problemas, porém, estou creditando um pouco eles a esses aspectos a serem mudados por mim, procurando claro não cair na ilusão de que são facilmente superados e o problema está só comigo mesmo.
Na verdade estão sim, só comigo, os problemas. Mas eis o que quero dizer: será que potencializo demais os problemas ou então não potencializo e caio no erro de não dar a devida atenção?
Mudar é preciso e vou ter que fazer isso, já disse e to repetindo.
Bom,... após esse texto de louco, escrito por um cara de 34 anos que ainda não percebeu que tem 34 anos o que mais dizer?
Agradeço aqueles mais loucos que eu que conseguiram ler todo esse texto e ainda continuam com equilíbrio mental (brincadeirinha, eheheh) e peço desculpas àqueles que julgam tudo isso uma infantilidade ou uma forçação de barra de uma consciencia um tanto imatura ainda.
Obrigado pela atenção

terça-feira, 11 de outubro de 2011

12 de outubro

Não há nada mais sagrado e puro no mundo do que o sorriso de uma criança.



Façamos algo por elas nesse dia. Mesmo que seja uma simples oração.

sábado, 17 de setembro de 2011

Semana Farroupilha: o que temos para comemorar?

"Saudações gaúchos e gaúchas, de todas as querências!"
Iniciamos esse post com a célebre frase do antropólogo e ícone do tradicionalismo gaúcho, Nico Fagundes, para, antes de mais nada, afirmar meu orgulho de ter nascido e de ainda viver nessa terra querida e amada. Digo isso porque o que irei expressar logo abaixo talvez não venha a agradar a alguns dos mais apaixonados bairristas gaúchos. Mas, devo também salientar que tenho alguns bons motivos para defender o que escreverei, embora eu afirme que não há nada de depreciativo ao nosso estado em imnhas idéias. Muito pelo contrário, apenas acho que devemos sim ter os pés no chão, pricipalmente para não perdermos os valores na linha de fundo e viver apenas de um passado saudosista.
Vamos lá.

Estive lendo algumas pubicações em revistas e na própria Internet sobre o assunto "barrismo gaúcho". Não há dúvidas de que esse comportamento transita entre o ufanismo exacerbado de fanáticos idealistas separatistas e à provocação debochada de esclarecidos brincalhões, que valorizam até as "piores coisas" de nosso estado.
Este último é, e deve ser, o espírito bairrista sudável que deve permear em nosso povo.  Em conversa com uma colega de academia, que é paulista, ouvi dela algumas observações interessantes feitas por ela ao longo de 4 anos morando aqui em Santa Maria: "Vocês são bairristas, mas de uma maneira interessante, tipo 'pode ser ruim, mas é nosso' ". Isso é verdade, já cansei de ouvir gente dizendo, por exemplo, que as praias de Santa Catarina são lindas e tal, mas que curtem mais as do RS porque gostam de vestir um moleton quando cai a noite, e coisas do tipo.
Até aí tudo bem. Mas o que quero destacar é uma reflexão que devemos fazer relativa aos festejos da Semana Farroupilha, que evocam a histórica Revolução Farroupilha, como se esta fosse responsável por tudo o que há de de bom, de sucesso e prosperidade no nosso estado. Não é bem assim.


Existe um estereótipo com relação ao gaúcho que aos poucos (e felizmente) está sendo mudado com o passar dos anos: aquele de que pra ser gaúcho, tem que usar bombacha, andar a cavalo, ir a rodeio e viver no campo. Nesse caso, eu vejo uma divisão cultural muito grande no RS: àqueles gaúchos guascas "do interior do interior" ou que se dizem do interior e que adoram usar uma bombachinha e aquelas boinas do tamanho de uma pizza média (os gauchinhos de apartamento), e aqueles gaúchos da capital e dos centros regionais, como Santa Maria, urbanos, que falam pra lá de cantado e que a principal expressão idiomática é o "bah".
Na verdade, devemos partir do seguinte princípio: podemos ser o que quisermos. Se um paulista quiser se tornar gaúcho, pois se identificou com a cultura e com os costumes gaúchos, que fique a vontade, não interessa onde ele nasceu. Em seguida não podemos esquecer dos novos elementos que contemplam a personalidade do gaúcho: se é gremista ou colorado, se gosta de um bom churrasco, se curte comer bergamota lagarteando no sol do inverno depois do almoço, se prefere o chimarrão ao cafezinho no trabalho, e por aí vai...
Por isso sou um sério questionador de algumas posições do onipotente Movimento Tradicionalista Gaúcho, o MTG. Essa entidade, responsável por ditar o que faz e o que não faz parte da cultura gaúcha desde a década de 30 pode ser a grande responsável por matá-la aos poucos fazendo com que ela se definhe por falta de renovação cultural. Essa cúpula do MTG, que defende os "ideais de 35" determinou  a "aculturação dos elementos imigrantes ou descendentes", como está escrito em sua própria Carta de Intenções. Ou seja, de acordo com o documento, alemães, italianos e castelhanos, por exemplo, não pertencem à cultura do Rio Grande do Sul.


Esse é um erro crasso. Segundo o renomado e saudoso historiador gaúcho Décio Freitas, se a República Riograndense tivesse se consolidado, em consequencia de sua vitória na Revolução Farroupilha, o nosso estado não seria o que é hoje. Em primeiro lugar, a economia do RS não evoluiria e permaneceria totalmente dependente da pecuária, falaríamos uma mistura de portugues com guarani e não teríamos a pujança da industria que temos hoje. O historiador lembrava que o Rio Grande do Sul é um estado industrializado graças ao emprego da mão-de-obra especializada advinda da imigração italiana e alemã, e que este fluxo de imigração ocorreu graças à política ocupacional promovida pelo governo imperial brasileiro no final do séc. XIX, 40 anos depois da Revolução.
Creio que seja mais salutar então tomarmos a Revolução Farroupilha como, sim,  um grande marco na história do RS, mas responsável apenas por plantar nossa identidade cultural. Os gaúchos tomam até hoje a Revolução Farroupilha como inspiração para todo e qualquer desafio, seja na política, seja no esporte ou em qualquer outra instância. O problema é tomar o evento da revolta dos farrapos como uma campanha inacabada que ainda deve ser levada a cabo. Aí temos a idéia separatista.
Os problemas da idéia separatista são muitos.  Em primeiro lugar, tomar como um dos fundamentos para o separatismo gaúcho o exemplo da Revolução Farroupilha é outra pisada na bola:  a epopeia farroupilha foi uma revolução de fazendeiros em defesa dos próprios interesses, que prometeram liberdade aos escravos, mas seguiram escravocratas. Contesta-se, com isso importância dada a esse momento histórico, observando que a guerra foi financiada pela venda de escravos. Relembremos a  vergonhosa batalha de Porongos, último confronto da Revolução, em que os negros foram desarmados pelos próprios farroupilhas e massacrados pelos soldados do Império. A bem da verdade é que "nós perdemos a Revolução Farroupilha", pois não existiu um tratado de paz, mas uma simples anistia e algumas concessões.


Falar em separatismo gaúcho sem citar o folclórico gaúcho de Santa Cruz do Sul, Irton Marx, é como deixar passar a parte mais interessante do assunto. Embora seja um megalômano viajandão, esse alemão fala algumas coisas interessantes. Marx é o idealista da "República do Pampa Gaúcho", descrita em seus livros e textos, ignorando o fato de que a criação de um país e seus elementos, como nome, bandeira e hino, devem surgir dos anseios de seu povo e não apenas das idéias de uma única pessoa. Infelizmente, a maioria das idéias desse cara são absurdas e patéticas, o que levaram sua pessoa ao descrédito e o tornaram motivos de piada, levando a questão separatista gaúcha ser relegada ao ridículo.
Mesmo assim, existem pessoas que ainda insistem nessa idéia, defendendo posições discriminatórias, beirando a xenofobia, que na verdade não passam de mito. É fato que a cultura gaúcha (graças à influência do fluxo de imigração europeu) é conhecida como de trabalhadores, de homens e mulheres íntimos do "lavoro", que gostam e se dedicam ao trabalho, e sua prosperidade vem disso. Mas defender o separatismo afirmando que "somos o único povo trabalhador de toda uma nação" ou que "somos menos corruptos e criminosos" que os demais é outro tropeço. Também temos corruptos e também temos preguiçosos. O RS ainda é um estado forte, mas lembremos que já foi muito mais. Então, o que houve?



A questão do ufanismo gaúcho é complexa. Não pretendo num único post responder a todas as perguntas que pudessem vir a surgir sobre esse assunto, é impossível. Trafega entre as discussões dos valores obtidos pela Revolução Farroupilha, passando pelo conservadorismo do MTG, pela aceitação da agregação de novos elementos na cultura gaúcha, pela redefinição do estereotipo gaúcho, culminando no real papel que o estado teve e tem hoje no Brasil.
É interessante, no entanto, notar como a cultura gaúcha num todo absorve muitas outras, estejam de acordo ou não aqueles conservadores. Partimos do princípio a análise daqueles que frequantam CTGs e suas etnias: italianos, alemãe, espanhóis, poloneses, árabes,... Enfim, dificil em uma festa do interior não ter um churrasco com cuca e polenta.
Mesmo assim, qual é o gaúcho que não tem orgulho de ser gaúcho? Todo o gaúcho tem esse orgulho, e é muito bom ter esse orgulho. Quem não se emociona num jogo do Grêmio ou do Inter quando ouve o hino riograndense?  As ressalvas que julgo serem necessárias são: o cuidado que temos que ter com o bairrismo exacerbado e banir duma vez a idéia medíocre que gaúcho é só aquele que anda de cavalo no campo.
Alguns links sobre o que escrevi acima:

http://www.al.rs.gov.br/
http://www.overmundo.com.br/overblog/quem-tem-medo-de-irton-marx

Espero que não me xinguem. Por fim, saúdo a todos os irmãos gaúchos pelo nosso dia. E para concluir, um vídeo publicitário da Cerveja Polar, que aborda o bairrismo gaúcho de maneira bem humorada: muito divertido!

Feliz Dia do Gaúcho tchê!!!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que eu aprendi com o 11/09

Demorou pra cair a ficha. Na verdade ela ainda está caindo... lentamente...
Não é fácil entender o 11 de setembro, basta ver as incontáveis matérias jornalísticas, o inúmeros estudos, reflexões e dissertações a respeito deste acontecimento que permeiam a mídia desde o ocorrido. Seria muita pretensão um cara como eu, analista de sistemas, profissional das exatas, que não tem paciência para ler jornais e revistas toda hora, (quem dirá então livros de sociologia ou antropologia) querer tecer algo definitivo sobre o maior atentado terrorista da história. As palavras que seguem são de um jovem que presenciou tudo graças aos avançados meios de comunicação do contemporâneo e que tenta num raciocínio entusiasmado montar esse quebra-cabeça gerando assim uma opinião. Como sempre digo, humilde opinião de quem vos escreve.
Não é necessário dizer que os atentados foram o ápice de toda uma situação de opressão econômica, política e cultural de uma nação. Esta mesma nação que ao longo de mais de 100 anos, desde a aplicação da Doutrina Monroe (America para os americanos... do norte), passou a impor de maneira imperialista suas vontades, ou como hoje a conhecemos, the american way of live (jeito americano de viver). Pois essas foram as palavras que George W. Bush e seus falcões usaram para defender sua política brutal.
Por falar nele, estamos falando de um texano, cowboyzinho, filhinho de papai que dirigiu embriagado por horas fugindo da polícia e que graças à posição privilegiadíssima de seu pai e sua família em geral, foi alçado a política. Aos meus olhos, George W. Bush é a síntese da hipocrisia e da bestialidade: falso cristão; defensor de um exacerbado e falso moralismo; ganancioso e ávido por poder, a ponto de passar por cima de tudo e de todos, usando sua própria gente, para os interesses seus e de seu grupo. Não hesitou em sacrificar recursos destinados a programas de saúde para satisfazer o fundamentalismo pentecostal das igrejas cristãs que sustentam a promoção de uma moralidade patética e induzida para os interesses de poderosos, como a justificativa das guerras em que aquela nação veio a se enfiar. Bush usou de inúmeros artifícios para se manter por 8 anos no poder de sua onipotente e onipresente nação: a Roma dos nossos tempos.


Não é um erro comparar a Roma da antiguidade com os Estados Unidos da America. Com o fim da bipolaridade com a URSS, os EUA ficaram livres para ditarem as regras no mundo. Ao longo de vários anos são conduzidos por governos demagogos, que vendem e promovem guerras para satisfazer uma nação que se anestesia ao ver seus soldados na TV em ação e que necessita estar com sua maquina de guerra sempre em movimento devido a imensa industria que se formou entorno dela. Para os EUA guerras são negócio puro, mesmo que seja necessário sacrificar vidas inocentes de um país qualquer ou mesmo de seus próprios soldados, cujas famílias se contentam com uma medalha postuma e palavras ditas afirmando que o filho "morreu por seu país". E assim temos uma nação não apenas capitalista, mas sim belissista, que impõe sua vontade política e cultural com sangue e dinheiro. Nunca me esquecerei quando Bush resolve invadir o Iraque e o premier francês Jacques Chirac posiciona a França contra aquela movimentação: nos EUA cidadãos abrem garrafas de vinho francês e as esvaziam em bueiros como protesto, numa aparente empolgação e anestesia mental, sem a capacidade mínima de refletir sobre a razão daquilo tudo. Os americanos são assim: se um militar americano não "entrar em ação" uma vez na vida, este não tem honra, não serviu seu país devidamente. Guerras são necessárias para que "a chama da liberdade americana" permaneça flamejante.
Dessa forma, os EUA ao longo dos anos impuseram-se ao mundo. Mesmo que publicamente não declarem isso, mas em todo lugar consideram-se superiores a qualquer outro ser humano. Os americanos consideram-se sim uma raça superior. Relembremos o acidente aéreo envolvendo um avião da Gol e um avião Legaci pilotado por americanos. Embora extremamente implicados no acidente, deputados americanos exigiram a repatriação dos pilotos. Isso é compreensivo: para os americanos, um americano só pode ser preso, julgado, condenado, e até mesmo morto, por outro americano. Não preciso dizer que o respeito recíproco não é o mesmo, pois sabemos que o governo americano age como quer, mesmo que para todo o resto do mundo seja de maneira arbitrária. Pode o Conselho de Segurança da ONU bater todos os pés juntos que eles não vão responder, pois para os americanos, os EUA estão acima de todos e o que fazem é justo. É justo para eles manter presos de maneira desumana em Guantanamo, torturar prisioneiros e tirar fotos deles para humilha-los. Para os EUA o mundo é (ou ao menos era) apenas um tabuleiro onde os jogadores eram apenas dois: o Partido Republicano e o Partido Democrata e o objetivo do jogo é a eleição presidencial americana. Não há limites para  ganhar esse jogo, se necessário, que se promovam guerras para manipular a opinião pública daquele país.
Mas tudo tem um limite. E não preciso dizer que o 11/09, apesar de ser o dia mais infame da humanidade, foi consequencia da própria arrogância americana. Gritos de alerta já eram ouvidos nos quatro cantos da Terra, mas os EUA eram superiores o suficiente para não darem bola para aquilo. Os realities shows eram mais importantes, os jogos de basebol e de futebol americano eram mais importantes, os shows da Britney Spears eram mais importante. Todos os elementos da cultura consumista americana eram mais importantes do que o clamor de nações sufocadas por sua cultura. Há uma teoria de que sociedades e nações prosperam e desenvolvem-se as custas de outras. Sabe-se o quanto os EUA promoveram revoluções e apoiaram déspotas no oriente em prol de seus interesses comerciais, fazendo com que líderes regionais virassem-se contra os americanos num ódio mortal. A imposição cultural e comercial de uma nação a outra promove a descaracterização social e cultural desta última. Não há como evitar que todo um povo não se revolte. Eis o famoso "choque de civilizações".


Não é difícil de explicar o que significa o "choque de civilizações". De um lado temos a civilização ocidental, predominantemente cristã que por mais de 500 anos já toma como orientação a razão graças a movimentos como o iluminismo e o renascentismo. Já do outro temos a civilização islâmica, oriental, que tem por orietação a teocracia e que parece ter parado no tempo e no espaço desde o séc. XII. E olha que nem sempre foi assim: no séc X, os cruzados tiveram pela primeira vez contato com os muçulmanos e estes eram um povo culto, tolerante, belo. Os maiores exemplos de desenvolvimento científico e cultural vieram do oriente naquela época. Estudemos então o califado de Cordoba e o califado de Al Andaluz na Ibéria no sec. XV. Povos tolerantes que conviviam com cristãos e judeus.
A partir daí precisamos recorrer a história para poder entender um pouco por que a civilização islâmica é, aos olhos de nós ocidentais, atrasada. E de história, quem me conhece sabe, eu manjo.
Desde Saladino na III Cruzada que os árabes (assim denominados todos os muçulmanos na época) não viram-se unidos sob uma única liderança. Esse sempre foi o problema dos árabes: a união. O que ferrou mesmo a identidade islâmica foi a derrota na I Guerra Mundial do Imperio Turco-Otomano pelos aliados que tornou o oriente médio uma colônia francesa e inglesa. Até hoje a principal unidade política em todo o mundo árabe é a tribal e o sentido de pátria ainda não é desenvolvido. Com isso o islã viu-se submetido a outros estilos de vida que não o oriental. Lembremos então do Xá Reza Pahlavi que tentou "ocidentalizar" o Irã (lembremos o Irã é um país persa, não árabe apesar de muçulmano) e a resposta da sociedade iraniana foi a revolução islâmica. Ou seja, uma forma de encontrar a identidade cultural foi recorrendo a religião. De maneira mais amena (bem mais amena) vemos isso na Polônia, onde ser católico é motivo de orgulho e demonstração de patriotismo, frente a influência russa de religião cristã-ortodoxa. Por volta do ano 1000, os califados da Península Ibérica eram centros culturais e científicos e pasmem, os muçulmanos não usavam barba. A barba característica que vemos hoje em muitos muçulmanos é fruto de uma afirmação cultural frente a "ameaça ocidental".


O 11 de setembro foi isso: a gota d'água para muitos muçulmanos que viram suas nações serem tomadas por ditaduras e regimes absolutistas (como o saudita) apoiados largamente pelos americanos por puro interesse econômico, enquanto que a população local é passiva dos mais parcos recursos para sua sobrevivência e principalmente, aos olhos de extremistas, corrupta e "impura" frente aos preceitos religiosos. Fica claro aqui a utilização de interpretações religiosas distorcidas para a afirmação cultural de um povo.
Isso não é tudo. Não apenas os povos muçulmanos, mas muitas nações ao redor da Terra já estavam fartas da arrogância americana. O 11 de setembro também desnudou outra situação preocupante para os EUA: o anti-americanismo era uma realidade que deveria ser encarada com relativa preocupação. Infelizmente até hoje isso não ocorreu.
Após os atentados, o discípulo de John Wayne, George W. Bush, na mais tradicional das atitudes texanas, resolve vingar a honra americana e sair pra guerra para garantir a liberdade a seu povo e "promover a democracia". Detona com os talibãs no Afeganistão mesmo sem saber direito em quem atirar pois a nova guerra não possuia um inimigo com um rosto. Ele e seus falcões precisavam fazer isso, seja para manter a popularidade do presidente, seja para anestesiar o povo americano ou mesmo por puro reflexo instintivo de defesa. Depois como se não bastasse criou outra guerra e invadiu o Iraque. O interesse era pelo petróleo de lá? Ou seria para se beneficiar do lucrativo processo de "reconstrução do Iraque" através das empresas americanas? Seja o que for parece que não deu certo, pois os EUA estão hoje amargando a mais séria crise econômica desde a década de 20, e graças as guerras encomendadas por Bush. Até onde pude ler, muitos analistas americanos consideram Bush o pior presidente da história dos EUA. Não é de admirar...


Hoje os EUA estão numa naba. Obama imediatamente deu jeito de sair de fininho da Libia pois sabia que não iria ter condições de bancar mais uma guerra e jogou a peteca para a OTAN. Os EUA não têm mais condições de serem protagonistas únicos no cenário geopolítico mundial. A crise é grande, resultado de um acúmulo, repito, de processos anestésicos aplicados ao povo americano por parte de governos que criaram uma industria de guerra que emprega mais de 1 milhão de americanos diretamente. O pobre do negão Obama vai ter que descascar (ou ao menos iniciar) o abacaxi.
O problema é que, ao que parece, os EUA como nação aprenderam muito pouco com o 11/09. Vemos muitas cenas de comoção nas comemorações do 11 de setembro, mas é nítido que o recado deixado ao mundo pelos americanos é o de que "até nossos mortos são melhores que os de vocês". Ou seja, os EUA ainda não deixaram de se portar como superpotência e a arrogancia ainda persiste. Os métodos usados para combater o que eles consideram mal são válidos mesmo que contra toda e qualquer convenção.
Até parece que sou anti-americano. Isso não é verdade. Apenas escrevo o que constato e digo que os americanos irão sofrer (infelizmente) muito com a reprovação de suas posturas frente a outros povos e nações.
Por fim, o que vi na TV é que, ao lado de onde ficavam as Torres Gemeas do WTC, serão construídas outras 5 torres, maiores e mais fortes que as anteriores. Bem, eis a comprovação de que os EUA não aprenderam nada com o 11/09.

domingo, 11 de setembro de 2011

Como foi o meu 11/09

Não há como passar essa data despercebidamente.
Para todos o 11/09 é algo inesquecível. Mas para todos o 11/09 é exclusivo, pois ele aconteceu para cada um e para cada um ele ocorreu de uma forma.
Minha idéia é celebrar o 11/09 de maneira diferente (que fique bem claro, "celebrar" não significa "comemorar"), contando como ele ocorreu comigo. Sim, foi algo singular pois estava longe de casa e tudo o que ocorreu naquele dia abalou o mundo, e por isso marcou também uma fase importante de minha vida. A idéia de narrar como eu passei essa data é a de apresentar um exemplo de como milhões de pessoas ao redor do mundo também vivenciaram-na, seja de maneira mais vívida ou mesmo apática como também tive a oportunidade de viver.
Não posso deixar de dizer que sempre quando lembro dos atentandos de 11/09 lembro da pessoa do meu pai, que faleceu em junho de 2003. Ele era uma pessoa cosmopolita, mesmo que não tenha tido a capacidade de sair pelo mundo (e mesmo tendo condições para isso), mas sempre ligado e atualizado com o que ocorria ao redor do mundo. Sem dúvidas, meu pai era uma referência para mim quando não entendia alguma passagem em algum livro de história. Ele sempre tinha uma resposta, sempre tinha uma explicação, sempre tinha uma interpretação para as coisas. Sim, com orgulho  o meu pai era um cara que gostava de assuntos da geopolítica, desde cedo, e desde cedo peguei o gosto pelo assunto.
Me formei no final de 2000 para imediatamente em janeiro de 2001 eu assumir uma vaga de analista de sistemas no time de implantação do sistema ERP novo da Celulose Irani S/A, em Vargem Bonita, SC. Encarar esse desafio não foi nada fácil, pois como se não bastasse a distância (para um guri que nunca tinha saido de casa) ainda tinha que encarar pessoas de uma cultura diferente, de um modo de vida diferente.
Então o ano era 2001. Sempre gostei dos assuntos referentes a acontecimentos mundiais. Me espantava que meus colegas, todos eles naturais do interior de SC, não acompanhavam esses assuntos, nem mesmo tinham um menor conhecimento sobre muitos aspectos. Foi, sem dúvidas, um choque cultural pra mim, e naqueles dias eu os tachava de "colonos" e "jagunços". Não era para menos, quem conhece sabe: Vargem Bonita, Irani, Ponte Serrada,... são municípios praticamente no meio do mato e não tinham metade dos confortos ou mesmo das informações que uma cidade universitária como Santa Maria tinha.  Então, acessar o site do Terra, num momento onde a Internet estava se engatinhando no país, somente para ler notícias, era algo novo, e longe do costume daquela gente.
Não tem como esquecer. Terça-feria, 11 de setembro de 2001, estava eu na sala do setor e na home page do Terra li a notícia de que um avião havia se colidido com uma das torres do World Trade Center. Achei aquilo incrível, tentei comentar com meus colegas, mas tive logo uma decepção: ninguém deu bola, ninguém se interessou. Claro, não era da cultura deles, eles sequer sabiam o que eram as torres gemeas do WTD. Então tive que "curtir" aquelas notícias sozinho.
Minutos depois vi no proprio site do Terra que outro avião havia colidido com a outra torre do WTD.  E quase que imediatamente também li que mais um avião havia colidido com o Pentágono.
Aquelas notícias eram surreais pra mim. Eu tive a nítida sensação de que eram apenas notícias sensacionalistas e que tudo aquilo não passava de alguma simulação, alguma atração do site para hipotéticas situações. Mas não era nada disso, era tudo verdade.
Eu pulei da cadeira. Olhei para o lado e vi meus colegas na mesma situação. Olhei para meu chefe e este não expressou nenhuma outra reação. Naquele ambiente ninguem havia se dado conta da magnitude do que estava ocorrendo. Me senti solitário, perdido, deslocado. Estava numa parte do mundo onde parecia que o próprio mundo havia esquecido de todos. Eu era acostumado a ler notícias na Zero Hora, na revista Veja, a comentar tudo isso nas rodas de conversa entre amigos e familiares. Lá não havia nada disso. Queria conversar, comentar, trocar idéia sobre o que estava acontecendo lá em Nova York. Mas com quem?
Em uma sala adjacente saí e me encontrei com o Krieger (nunca irei esquecer desse cara), era o advogado da empresa e já o conhecia por intermedio de meu primo Marcos. Comentei com ele este se demonstrou interessado. Então o levei até a nossa sala e ele sentou em frente ao PC. Ficou atônito. Finalmente eu havia encontrado alguém que estava vivendo no mesmo mundo que eu.
Mesmo assim não fiquei satisfeito. Aquilo era muito grande, era histório, era surreal, difícil de imaginar, de entender e de aceitar. Liguei para meu pai, em Santa Maria: liguei direto para seu escritório.
"Pai, vocês tão vendo aí o que ta acontecendo em NY?"
"Sim sim, estamos vendo aqui".
Esta foi a principal lembrança que eu, Giuliano Forgiarini, tive do 11/09: o momento em que pude compartilhar com alguém aquele momento histório. E foi com meu pai.
Depois daquilo, todas as vezes que nos encontravamos e tocava-se nesse assunto, o pai se lembrava. Eu sei que, no momento em que ligaria pra ele, aquilo também seria importante pra ele, pois sei o quanto o pai valorizava esse tipo de coisa.
Eu ouso dizer que aquela ligação telefonica para o meu pai, para avisa-lo do que estava acontecendo em 11/09, foi o contato mais emblematico que tive com ele por toda a minha vida. E foi assim que o 11/09 marcou minha vida pois além de sua magnitude também gravou um momento onde pude curtir de longe meu pai. Sabia que ele gostava daquele tipo de assunto e eu, justo naquele histórico momento, não tinha ninguem para compartilha-lo.
É claro que o 11/09 não foi apenas isso. Também quero escrever algumas coisas, algumas conclusões sobre tudo aquilo. Mas devo, antes de mais nada, dizer e saudar meu falecido pai. A data em questão tem diversos sabores para muitos, inclusive para mim. Certamente o 11/09 não foi apenas um dia histórico para mim.

domingo, 28 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte V: As Cruzadas


Como eu me propuz a escrever uma série de posts dedicada específicamente ao assunto do mitológico Santo Graal, inevitável não abordar por um momento o assunto das Sagradas Cruzadas. Afinal, foi exatamente no momento histórico em que ocorreu estas expedições militares de motivação religiosa que surgem as menções do Sacro Cálice na literatura medieval ocidental.
Sendo assim, nada mais correto que contextualizar históricamente a busca do Graal, tentando explicar alguns elementos que surgem ao longo da lenda do Cálice. Nesse caso, fazer uma breve leitura sobre as Cruzadas nos auxiliará a entender o fervilhante momento histórico onde Chréstien de Troyes, Wolfram Von Eschenbach e Robert de Boron conceberam suas obras bem como nos fará compreender melhor o proximo post que escreverei, que falará dos Cavaleiros Templários.
Pois bem, vamos lá...

Papa Urbano II e Monge Pedro conclamando os fiéis
"No dia 18 de novembro de 1095, o Papa Urbano II e o monge Pedro, o Eremita, literalmente botaram fogo no mundo ocidental. Atendendo aos apelos dos cristãos do oriente, o Papa reuniu nobres feudais em Clermont, na França, e pediu que libertassem Jerusalém dos muçulmanos. Foi um discurso fulminante. Começaram, aí, as Cruzadas, a verdadeira Primeira Guerra Mundial. Para os muçulmanos, foram 200 anos de invasões bárbaras que deixaram cicatrizes que doem até hoje”.
Super Interessante, Ano 9 N.º 10 out 1995

“... Estas expedições, religiosas e militares ao mesmo tempo, nas quais tomaram parte quase todos os países europeus, sucederam-se, com intervalos mais ou menos longos, dos fins do séc. XI aos últimos anos do séc XIII. Umas fizeram-se por terra, outras por mar.”
 Antônio G. Matoso. História de Portugal, Lisboa, 1939, vol. I, 72

A visita aos lugares santos de Jerusalém era a principal meta do peregrino europeu, até que os Turcos Seldjúcidas conquistaram a Palestina em 1078, impedindo seu acesso aos cristãos. Um dos mais caros valores da espiritualidade medieval estava sendo ameaçado, e os europeus não hesitaram em organizar expedições militares para “resgatar a Terra Santa das mãos dos infiéis”. Estas expedições receberam o nome de Cruzadas. Seus integrantes distinguiam-se do guerreiro comum porque usavam uma cruz em suas vestes como símbolo. Eram os guerreiros-vassalos do Cristo-Suserano.
As Cruzadas na Terra Santa começaram em 1095 e terminaram em 1291, com a derrota dos cristãos. Mas, fora da Palestina, continuaram até o século XVI. Houve cruzadas na Espanha e no Báltico, contra os pagãos da Letônia e da Finlândia, contra cristãos herálticos, como os cátaros franceses e os hussitas tchecos, e até contra camponeses sublevados na Alemanha. Todas foram convocadas pelos papas em nome de Cristo e em defesa da cristandade.


As cruzadas expulsaram os muçulmanos da Europa, expandiram a influência européia e criaram países latinos na Palestina que duraram 200 anos, mas falharam no essencial: não conquistaram a Terra Santa. Como se não bastasse tal fracasso, embora fossem convocadas para defender os peregrinos cristãos, perseguidos pelos muçulmanos em Jerusalém e os cristãos do oriente contra a expansão muçulmana, uma das cruzadas, iniciada no século VIII (a Quarta), invadiu Constantinopla, a Roma grega do oriente (também conhecida como Bizâncio, hoje Istambul), saqueou-a e repartiu o Império Bizantino entre barões europeus. Os cristãos gregos nunca mais perdoaram os ocidentais e consumou-se o cisma entre a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Católica Apostólica Romana, que perdura até hoje.
Para os muçulmanos, a tragédia foi maior. Durante 200 anos, centenas de milhares de peregrinos armados, aventureiros, guerreiros, cavaleiros medievais e exércitos regulares liderados pelos reis da Europa desabaram sobre o Oriente Médio. Embora a guerra fosse contra os muçulmanos, no caminho até Jerusalém, os cruzados também atacaram os judeus.
Na palestina, conviviam cristãos de várias seitas, gregos, armênios, judeus, georgianos, muçulmanos sírios, egípcios e turcos. A cultura islâmica era mais próxima da grega, mais cosmopolita e mais humanista do que a cultura medieval. Mas os muçulmanos eram desunidos e guerreavam entre si, sem parar. Os cruzados encontraram povos independentes e souberam aliar-se com alguns.
Não eram raras as peregrinações de cristãos ao Santo Sepulcro. Os califas muçulmanos não se opunham às visitas, que acabavam sendo lucrativas para eles. No entanto, na segunda metade do século XI, os turcos dominaram grande parte da Ásia Ocidental. Rapidamente, os turcos assimilaram a fé muçulmana. Uma de suas tribos, os seldjúcidas expulsaram os cristãos e proibiram suas peregrinações ao local.
Sob o pretexto de libertar a Terra Santa e impedir o avanço muçulmano na Europa Oriental, o papa Urbano II incentivou a Primeira Cruzada.
As expedições armadas com o objetivo de libertar a Terra Santa do domínio muçulmano estenderam-se de 1096 até 1270. Oito foram as cruzadas oficiais, isto é, organizadas pelo Papa, pelas monarquias européias e pela nobreza. Na verdade, houve um fluxo ininterrupto de peregrinações a Jerusalém, armados ou não, que desembarcavam todos os anos durante a primavera.

Tomada de Jerusalem pelos Cruzados
A notícia da queda de Jerusalém e o apelo de Urbano II atingiram profundamente os anseios populares, reforçados pela pregação de Pedro, o eremita. Alguns milhares de despossuídos de toda a espécie dirigiram-se a Terra Santa, sob a liderança do místico Pedro sem nenhum preparo, formando uma verdadeira “Cruzadas dos Mendigos”. A fome levou os primeiros cruzados ao roubo e ao massacre das populações que encontraram pelo caminho. Apesar da ajuda fornecida pelo império bizantino foram dizimados pelos turcos. A Cruzada dos Mendigos foi totalmente destruída ao chegar na Ásia Menor.
No entanto, a expedição mais emblemática que relaciona-se com nossa demanda foi denominada de Primeira Cruzada que ocorreu entre 1095 e 1099: Em 1095 partiram oficialmente os cavaleiros da Primeira Cruzada. Seus chefes eram Roberto da Normandia, Godofredo de Bulhão, Balduíno de flandres, Roberto II de Flandres, Raimundo de Toulousse, Boemundo de Tarento e Tancredo, chefe normando do sul da Itália. Godofredo de Bulhão, então Duque de Lorena, foi eleito Defensor do Santo Sepulcro e seu sucessor foi rei de Jerusalém.
Passando por Constantinopla, onde receberam o apoio do imperador bizantino, os cruzados sitiaram Nicéia; tomaram o sultanato de Doriléia, na Ásia Menor; conquistaram Antioquia; e finalmente avançaram sobre Jerusalém, conquistada em 15 de julho de 1099, depois de um cerco de cinco semanas. O imperador Aleixo I forneceu apoio naval aos cruzados e fez acordo para que a primeiras terras conquistadas integrassem seus domínios. É nessa Cruzada que muitos surgem muitas narrativasd de fatos obscuros, muitos deles considerados apenas apologias ou mesmo lendas.Conta-se, por exemplo:

“... quando os cruzados sitiavam Antioquia... foram surpreendidos pelo exército de Mossul. Desesperados e com fome os cruzados estavam destinados ao fracasso, quando Raimundo de Toulouse recebeu um pobre padre provençal chamado Bartolomeu, que lhe disse que o apóstolo André lhe tinha aparecido em seus sonhos e dissera que uma relíquia capaz de trazer a vitória aos cruzados – a lança que transpassara o flanco de Jesus crucificado – estava enterrada no solo de uma cidade chamada Petrus. Raimundo seguiu o homem até a igreja que indicaria o local. Doze homens escavaram o dia todo, enquanto milhares deles esperavam no lado de fora da igreja. Perto do crepúsculo, o próprio Pedro desceu e voltou trazendo na mão a lança sagrada. Uma enorme ovação saudou sua reaparição. Quando os cruzados avançaram, precedidos da lança sagrada, mostraram-se irresistíveis. E ganharam a cidade de Antioquia.”

Os chefes cruzados fundaram então uma série de Estados Cristãos no Oriente Médio. Cuja organização obedecia ao sistema existente na Europa, o feudalismo. Foram fundados, na Primeira Cruzada, quatro estados latinos no oriente: o condado de Edessa, o principado de Antioquia, o condado de Trípoli e o reino de Jerusalém.
A conquista de Jerusalém foi episódio de grande carnificina. Segundo cronistas da época, os cruzados cometiam atos hediondos como estupros, canibalismo e penduravam as cabeças de seus inimigos em lanças para intimidar os muçulmanos a medida que avançavam sobre seu território.


Em junho de 1099, os Cruzados chegam a Jerusalém, que foi sitiada e capturada em julho. Os primeiros a porem os pés nas muralhas da Cidade Santa foram dois irmãos flamengos. Por essa proeza tornaram-se heróis legendários. Os guerreiros que permaneceram no oriente tornaram-se proprietários de terras, nos moldes do feudalismo europeu. Outros fundaram ordens militares, que foram importantíssimas para defesa das regiões conquistadas e para dar assistência aos peregrinos. Os monges-cavaleiros (Templários em 1100, Hospitalários em 1118, Teutônicos em 1190) acumulavam enorme fortuna em terras, por meio de donativos e de empreendimentos financeiros. No oriente, estes guerreiros eram mais poderosos que a nobreza e os outros representantes da Igreja.

Eu poderia escrever muito mais sobre as Cruzadas. Afinal, esse movimento militar foi o grande responsavel pelo incremento e renovação de toda a cultura ocidental, no momento em que os europeus entram em contato com a então avançada cultura árabe.
Entretanto, saber um pouco sobre As Cruzadas é necessário para que possamos compreender o que tenho a contar mais adiante.
O melhor está por vir...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Enigma da Pirâmide


Eu tô ficando craque em fazer resenhas de filmes. E devo dizer que é muito legal escrevê-las, principalmentes quando se descobre que elas acabam se tornando um sucesso e são constantemente acessadas. Benditas sejam as Lojas Americanas: mais uma vez dou uma voltinha por lá e o que encontro no cesto dos DVDs em promoção?...
Como já disse várias vezes, sou fã de carteirinha de romances policiais, principalmente aqueles clássicos. É por isso que alguns autores e seus personagens da literatura universal já são velhos conhecidos meus: Agatha Christie com sua doce Miss Marple e seu sagaz detetive belga Hercule Poirot; Georges Simenon e seu astucioso Comissário Maigret; Edgar Allan Poe e seu detetive Auguste Dupin que serviu de modelo a muitos outros e, é claro... Sir Arthur Conan Doyle e o personagem ícone do gênero: Sherlock Holmes.
Aliás, é incrível a devoção a Conan Doyle por vários escritores de todo o mundo. A paixão por seu célebre personagem é tanta que inúmeras obras foram escritas em tributo a contribuição dada por este escritor à literatura universal. Caleb Carr, autor conhecido por obras como "O Alienista" e "A Assustadora História do Terrorismo", aventura-se com o romance "O Secretário Italiano" a conceber mais uma aventura de Sherlock Holmes respeitando o espolio intelectual de Conan Doyle.
Nessa mesma linha de homenagens nostálgicas pelo personagem, Steven Spielberg roda em 1985 o longa O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes) que conta a história do encontro de Sherlock Holmes e de seu inseparável amigo Watson ainda na adolescência na escola.

Os jovens Sherlock Holmes e John Watson
O filme em si é a cara do Spielberg (lembrando que nesse filme ele foi apenas produtor) antes de ele começar a só querer fazer "filmes sérios" e ficar martelando o assunto do holocausto judeu toda hora. Dirigido por Chris Columbus (Gremlins, Goonies...), foi indicado para o Oscar de 1986 de efeitos especiais perdendo para Cocoon. Recheado, portanto, de efeitos visuais incríveis para a época, o filme narra uma aventura de tirar o fôlego pela Londres victoriana de 1870.
Então, vamos ao filme...
Como dito, Sherlock Holmes e John Watson se conhecem na escola. Ao acompanharem pela imprensa uma série de suicídios estranhos, Holmes decide mergulhar na investigação destes quando seu mentor também se suicida de maneira controversa. Aí começa o furdunço.


O filme traz uma história envolvendo o Rame Tep, um culto egípcio antigo de adoradores de Osíris, e todo o plano de vingança de seu líder Rathe. A história é boa, e bem desenvolvida. Claro, algumas coisas estão um pouco exageradas, como uma pirâmide egípcia construída num subúrbio londrino, o culto a Osíris com cânticos e um batalhão de seguidores com espadas em punho correndo nas ruas noite afora pelas ruas de Londres, além de pequenos deslizes de roteiro, como o fato do cãozinho ter arrancado uma parte do tecido das vestes de um suspeito e depois tal pedaço ter sido encontrado no estúdio do mentor de Holmes, etc...


Mas o mais legal do filme não é o roteiro em si, que diga-se de passagem não é ruim e que cativa o público, principalmente o juvenil (assim como eu a mais de 20 anos atrás), mas sim os elementos que o compuseram e que explicam inúmeros detalhes da personalidade de Sherlock Holmes que vão desde sua teimosia em tocar violino, passando pela origem da sua célebre frase "Elementar meu caro Watson", seu hábito de fumar cachimbo, seu característico bonezinho, sua paixão por química e por ser notoriamente reservado para relacionamentos amorosos. Além de explicar os detalhes do personagem principal e de seu companheiro, o filme também explica outros elementos do universo Sherlockeano como a participação nas investigações do Inspetor Lestrade da Scotland Yard e pelo surgimento de seu arqui-inimigo, o Dr. Moriarty. Quem é fã conhece a história com o título "O Problema Final" onde Holmes se sacrifica ao combatê-lo. Aliás, o surgimento de Moriarty é uma cereja no bolo do filme que só aparece no final, mas no final mesmo, após os créditos serem exibidos.
O filme tem mais um detalhe que gostaria de salientar: é fiel à obra original, diferentemente da versão gravada em 2010 com  Robert Downey Jr. no papel de um Sherlock Holmes despojado demais e americanizado demais (eis o link do post), não que o filme fosse ruim, mas descaracterizou um pouco o personagem austero e polido criado por Conan Doyle.

Holmes e seu futuro arqui-inimigo (ops,... falei!)
É óbvio que não relatei as conclusões e os desfechos pois senão iria tirar a graça de quem está lendo essa resenha e ainda não assistiu ao filme.
Sem dúvida alguma o filme é um clássico e tem os elementos que eu sempre prezo: empolgante, inteligente, de bom gosto. Não pude resistir em comprar o DVD do filme pois além de tudo o que já disse a principal virtude nele pra mim está mais na nostalgia de poder ter em casa uma aventura que marcou muito minha infância e adolescência.
Agora, de prache, que tal uma palhinha?


Foram através de filmes como esse que meu interesse pela literatura policial foi despertado. E aqui estamos nós.
Comprei esse DVD para guardá-lo com carinho e para poder assisti-lo por várias e várias vezes. Espero poder assistí-lo junto de meu filho. Quem sabe ele também goste de Sherlock?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte IV: As teorias do Graal

OK!
Para aqueles que acessam meu blog exclusivamente para acompanharem os posts referentes À minha demanda particular pelo Santo Graal, aí vem mais o 4º da série. No post anterior, tratamos exclusivamente da lenda que envolve o personagem bíblico José de Arimatéia com o Santo Cálice. Neste novo post, pretendo então fazer um breve apanhado dos posts até aqui publicados com mais algumas pequenas teorias sobre o paradeiro, ou o mesmo o que venha a ser, o Santo Graal.
Não preciso dizer que esse é um trabalho amador, pessoal, feito por pura satisfação pessoal. Não há dúvidas que tento filtrar o máximo de informações procurando publicar apenas o relevante descartando o que é obviamente devaneio. Deve-se sim, levar em consideração que nem tudo o que transcrevo está científicamente comprovado. Muito do material que obtive através da web, e mesmo através de livros, é considerado especulação.
Aos amigos que seguem esta série devem, portanto, relevar conceitos científicos e religiosos, fazendo assim suas próprias triagens sobre o conteúdo aqui exposto.
Pois bem, vamos lá...
Em 1934, foi lançado um livro: “The Holy Grail, Its Legends and Symbolism” por Arthur Edward Waite, que junta várias dessas teorias. Muitas delas (na sua maioria, na verdade) são uma verdadeira viagem.

1) A lenda do Graal refere-se a um tradicional Caldeirão Celta, no qual os druidas misturavam suas poções e ervas misteriosas que curavam e restabeleciam as forças e que talvez, seja o ancestral de nossa medicina naturalista. Esta lenda teria sido absorvida pelos cristãos, com a conversão de Celtas à Igreja Romana;

2) O Graal era o codinome de uma ordem ou Seita Secreta descendente dos ensinamentos secretos de Cristo, não divulgados nas Escrituras e da qual, José de Arimatéia fazia parte ou era o dirigente;

3) A lenda de Percival narrada por Troyes trazida para nós mais recentemente, em fins do século XIX, através de um drama musical de Richard Wagner, que narra como Percival encontrou com facilidade o castelo aonde estava o Graal, mas por seu comportamento imaturo, foi mandado embora do castelo, tendo que fazer uma longa peregrinação até reencontrá-lo;

4) A lenda narrada por Eschenbach no qual o Graal é uma pedra que os anjos trouxeram para a Terra, confiando-a aos “moradores do Templo” – os Cavaleiros Templários, representados por uma comunidade de cavaleiros escolhidos e que viviam com seu rei num castelo feudal, semelhante a um templo. O velho rei sofre então, uma ferida incurável que o impede de continuar sua missão e é obrigado a aguardar um cavaleiro que mereça ocupar seu lugar. O enfraquecido rei e seus cavaleiros são levados por anjos através dos ares para a Índia, de onde na época oportuna o Graal tornará a irradiar sua força renovadora;

5) O Graal-pedra era uma pedra preciosa que caiu da tiara de Lúcifer em sua luta contra forças divinas por ocasião de sua insurreição contra Deus. Essa pedra esteve inclusive em poder de Adão antes de sua queda. Pode-se afirmar também que a pedra é o terceiro olho de Lúcifer localizado no centro da testa e com o qual os antigos podiam ver Deus antes de sua queda do Paraíso, como já relatamos.

6) A palavra usada para o Graal mudou subitamente muitas vezes. Uma destas palavras é sangreal. A palavra foi dividida para significado Santo Gral (San Greal), ou ainda Santo Graal. Porém, algumas teorias foram pesquisadas de forma que apoie um significado diferente da expressão “Sangue Real”. O cálice que continha o Sangue de Cristo, seria o conhecimento secreto sobre uma descendência consangüínea direta de Jesus, após sua sobrevivência à crucificação. O princípio básico atrás desta teoria é aquele que Jesus Cristo teve uma criança (ou crianças) com Maria Madalena. A linhagem do Sangue Real foi continuada assim e em algumas teorias existe realmente. Os livros mais recentes associam caráteres históricos e lugares com esses achados em textos medievais do Graal e demonstram como a linha de sangue de Cristo foi envolvida em negócios mundiais. Outro investigador notável do Graal, Walter Stein, também investigou esta teoria durante algum tempo. As teorias deles foram desacreditadas por causa da associação com Nazistas. Ele realmente era conselheiro de Winston Churchill sobre atividades nazistas durante um tempo. Essa teoria ganha holofotes nos anos 2000 com a publicação do romance "O Código Da Vinci" de Dan Brown.

O Graal e as lendas locais
Em quase todos os locais do mundo, mais precisamente no oeste europeu, existem várias lendas locais de "Graals". Quase todas estas lendas trazem os princípios cristãos como base:

Capela de Rosslyn, Escócia:
É sobre o Graal que o investigador Trevor Ravenscroft reivindicou em 1962. Ele tinha terminado na Capela de Rosslyn, uma investigação de vinte anos à procura do Graal. Nesta capela parece haver uma contradição das afirmações de Ravenscroft: o Graal parece ser uma forma de conhecimento e também um objeto real (Cálice de Cristo). Isto simplesmente é explicado pelo fato que muitas pessoas referem-se ao Graal como o Cálice de Cristo, enquanto que o Sr. Trevor sentiu que não pode ser o caso. Ele ainda teria chamado este cálice de Graal, para comunicar seus conhecimentos. Ravenscroft pode ter acreditado em mais uma teoria. A reivindicação dele era a de que o Graal estava dentro do Pilar de Prentice (como é conhecido) nesta capela. Partindo-se então da premissa de que o Graal pudesse estar dentro de sua pilastra, foram utilizados detectores de metal, sendo detectado que um objeto do tamanho apropriado realmente está enterrado no meio desta pilastra. O Sr. Adamantly de Rosslyn recusa-se a permitir que o pilar seja radiografado.

O Graal de Gales:
Diz-se que havia uma comunidade em Gales que guardava uma xícara ou cálice de terracota que estava dentro de um outro cálice confeccionado em ouro. Era capaz de realizar curas e era uma ferramenta poderosa para o bem nas mãos direitas (ou seja, era um objeto que poderia ser utilizado para o bem desde que fosse manuseado por iniciados do lado claro da força). Em 1880 um grupo de indivíduos possuía a intenção declarada de estudar o esoterismo como a "Kabalah" e adivinhações em Tarô. Na realidade sua intenção era achar e destruir o Graal Santo. Durante dez anos, o Graal foi movido e escondido e acha-se finalmente em um lugar seguro. Porém, um dos guardiões traiu os outros e o Graal foi levado. Uma massa preta foi colocada em cima do Graal e destruiu o seu poder e então foi feito em pedaços e os pedaços difundidos. A maioria das lendas sobre o Graal possui muitos detalhes inconseqüentes somados; para dar uma falsa autenticidade. Nomes, datas, lugares e até mesmo figuras históricas são difundidas nas lendas. Isto não é verdade neste caso e faz a lenda sem igual e interessante por causa disto.

O Graal em Glastonbury, Inglaterra:
José de Arimatéia, assim a lenda fala, veio para a Inglaterra, para Glastonbury, depois da morte de Jesus. Com ele trouxe a xícara (cálice) de cristo. Uma lenda local diz agora que a xícara está enterrada em algum lugar debaixo da colina “The Tor” em Glastonbury. "The Tor" é um local antigo de ritual e religião e ainda é um lugar de peregrinação à pé; é um local alto, fora da zona rural de Somerset. Existe lá um poço que é agora um lugar quieto, de santuário, com jardins circunvizinhos, fluxo com água de profundidade, que correm debaixo do "The Tor". As pedras cobertas pela água da primavera são de cor vermelha, representando o "Sangue de Cristo", e a própria água, quando ingerida, deixa na boca um sabor residual muito igual a sangue. The Tor pode ter uma cadeia de túneis subterrâneos, há muito tempo fechados hermeticamente e supõe-se que o Graal tenha sido enterrado em um destes túneis.

O Graal no Mar Báltico:
Em The Templar's Secret Island ("A Ilha Secreta dos Templários"), livro de 194 páginas escrito pelo dinamarquês Erling Haagensen em parceria com o inglês Henry Lincoln, é apresentada a teoria que o Santo Graal e a Arca da Aliança provavelmente foram escondidos pela Ordem dos Cavaleiros Templários na ilha de Bornholm, no Mar Báltico, cerca de 830 anos atrás.

Afinal de contas, o que deve ser levado a sério?
Como podemos ver, os princípios cristãos aflorados na Idade Média, associados ao simbolismo e à fertilidade do imaginário popular geraram várias teorias sobre o que é o Graal e o paradeiro, caso consideremos este ser um objeto. Sendo assim, de acordo com o propósito deste site, é necessário fazermos uma seleção das linhas de teoria sobre o assunto para abordá-las daqui para a frente.
Para muitos pesquisadores, a teoria mais aceita está relacionada a José de Arimatéia como sendo o guardião do Santo Cálice utilizado por Jesus na Santa Ceia para beber vinho e no qual Arimatéia recolheu a água e o sangue dos ferimentos de Cristo quando em sua crucificação. Ele teria levado consigo este Cálice, quando viajou para o Ocidente, em direção à Abadia de Glastonbury, no qual morreu. Os pesquisadores sugerem três reivindicações sobre a Lenda do Santo Graal:

a) A da Abadia de Glastonbury na Inglaterra, ligada à lenda de Arimatéia;
b) A de Gênova, ligada a lenda do cruzado Guglielmo;
c) A região dos Pirineus na França, ligada à inúmeras lendas dos Albingenses sobre cálices milagrosos ou com poderes mágicos.


EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO

Apresentados contos, lendas e teorias das mais diversas sobre a existência e saga do Santo Graal, cabe a nós, nesse momento, analisá-las confrontando com fatos históricos da conturbada Idade Média para que possamos identificar (ou simplesmente supor) a origem de tantas versões.
Segundo os contos de Boron, o Santo Graal teria passado pelas seguintes pessoas:

1) Judeus: um presente dos judeus à Cristo;
2) Jesus Cristo: em sua última ceia;
3) Poncio Pilatos: este entregou o Graal a José de Arimatéia como parte do pagamento;
4) José de Arimatéia: Recolheu o sangue de Cristo;
5) Brons: o “Rico Pescador” dos contos de Boron. Cunhado de Arimatéia que deveria partir para a Bretanha;
6) Percival: filho de Alain de Grois e neto de Brons. Foi o escolhido para ser o guardião do Santo Graal.

A história apresentada é bastante interessante e bela, com começo, meio e fim. A explicação que o herói dos contos arthurianos, Percival, é descendente direto de José de Arimatéia e é Merlin que o revela isso, explica o porque de Percival ser o único dos cavaleiros enviados por Arthur para encontrar o Santo Graal consegue encontrá-lo, que novamente desaparece, levado por Percival para ilha de Avalon.
Eis a questão: como acreditar em algo que nos remete à uma lenda? O Rei Arthur é um mito (embora se acredita ter encontrado seu túmulo em Glastonbury), Merlin é um mito, Percival é um mito, Avalon é um mito. Isso nos leva a crer que o próprio Graal seja apenas um mito.
Antes de qualquer coisa, é preciso considerar que o Graal existe e que José de Arimatéia foi seu primeiro guardião. Pois bem!... Vamos consultar a história!


Beleza.
Até a próxima.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Tyketto: mais uma injustiça do rock!


É incrível como descobrimos determinadas bandas, principalmente pela maneira despretenciosa como isso as vezes acontece. No ano de 2000 eu estava prestes a me formar e de tão aplicado que era na faculdade estava apavorado com meu TFG, pois  não dava jeito de concluí-lo, quando fui pedir ajuda para o meu colega Guinther, o cabeção em Delphi da turma. O Guin também era fissurado em rock n' roll e naquela noite estava escutando um CD que comprara sei eu onde mas com um som bacana, que não agredia os ouvidos. Era o álbum Strenght in Numbers do Tyketto. Eu me achava "o conhecedor de bandas" e fiquei surpreso por nunca ter ouvido falar naquela. Foi aí que me dei por conta que, na verdade, eu não conhecia nada de hard rock, achando que o estilo se limitava a Mr. Big, Europe, TNT, Bon Jovi, Firehouse, Poison, Whitesnake, e mais algumas outras poucas. Procurando mais material do Tyketto pude conhecer esse novo universo musical que é composto por bandas essencialmente americanas, pois o hard rock tem uma influência diretíssima do country music (nada mais natural, portanto, que esse estilo musical seja predominante nos EUA). Foi nesse momento que conheci bandas como: White Lion, House of Lords, 91 Suite, Avalon, Atlantic, Danger Danger, Hardline, Final Frontier, as meninas do Vixen e... claro, o próprio Tyketto.


Pois então, vamos apresentá-la...
O Tyketto é uma banda de Nova York formada em 1991 tendo em seu line-up Danny Vaughn com seu incrível vocal, o guitarrista Brooke St. James, o baixista Jimi Kennedy e o baterista Michael Clayton Arbeeny.
Como disse, de início só conhecia o trabalho do álbum Strenght in Numbers, este sendo o segundo da banda. No entanto, a banda faz seu debut com Don't Come Easy onde emplaca a maioria de seus hits, como Forever young, Burn down inside, Wings, Seasons e a baladíssima Standing Alone.


A banda sobra em competência musical, seu ponto alto é Vaughn com seu vocal afinadíssimo e cristalino mesmo que os demais músicos não deixem a desejar. O Tyketto é enaltecido por todos os amantes do hard rock como um dos ícones do estilo.
Mas,... poxa, por que cargas d'água essa banda não ficou tão famosa se assim é tratada? A resposta é simples: O Tyketto lançou-se em 1991 e naquela época a aberração musical chamada "grunge" estava tomando conta das rádios. Todo o mundo queria ouvir a podreira dos débeis mentais do Nirvana e demais bandas que faziam o tão aclamado "som de Seattle". Graças a Deus foi só uma fase. Me penitencio até hoje por usar aqueles bermudões xadrez ridículos. Mas isso é passado (ainda bem!). Aquela foi uma fase negra para todas as bandas de hard/heavy, a excessão das gigantes que por seu porte se mantinham. Muitos projetos de bandas nesses estilos lançados naquela época foram a bancarrotas, alguns exemplos: Adrian Smith sai do Iron Maiden, tenta o Psycho Motel e acaba morrendo na praia, assim como Dee Snyder (o locão do Twisted Sister) arrisca-se com o Widowmaker e também não vai longe. Dessas duas, eu gostava mais do Widowmaker que era um heavy tradicional e grudento, bem estilo Snyder. Já o Psycho Motel... sem comentários. A única vertente de rock pesado que se sustentou foi o thrash metal, com as obras-primas do Metallica (Black Album, não mais tão thrash...), Megadeth (Rust in Piece), Slayer (Seasons in the abyss) e aqui no Brasil o estouro do Sepultura (Arise). O metal farofa então (aqueles que gastavam duas latas de laquê cada um antes de entrar no palco), também conhecidos por "Glam Metal", nem se fala. Muitas bandas foram a óbito, inclusive gravadoras que insistiram em investir nesses estilos naqueles anos.


Com esse cenário, o Tyketto não pode alcançar seu espaço merecido na mídia, sufocado pela sensação do momento que era o grunge ou então pelo também recém-nascido "rock alternativo". Por conta disso, a banda é hoje mais conhecida por ser injustiçada pela mídia do que pelo seu hard rock competentíssimo, o que é lamentável. Em outra época, o Tyketto certamente se equipararia com outros grandes do estilo como Bon Jovi e Firehouse.
É pra ver como o mercado fonográfico e a mídia que o envolve cometem erros. Em decorrência de seu lançamento num momento "inoportuno" o Tyketto somente começa a ser reconhecido aos poucos e apenas no cenário hard rock. Em 2008 foi realizado o evento Hard in Rio II, um festival musical que cultua o hard rock no Rio de Janeiro. Adivinha qual foi a atração principal?


Tyketto no Hard in Rio II
 De 1991 pra cá o Tyketto se desfez e se refez umas trocentas vezes alternando alguns músicos. Volta e meia se apresentam e fazem excursões. Estas pelo visto deram mais pilha para os caras que parecem estar na ativa de novo. Esse ano a banda anunciou contrato com a Frontiers Records para a gravação de um novo disco, previsto para sair no início de 2012. Será o primeiro lançamento exclusivamente de inéditas desde Shine, de 1995:
“Estamos trabalhando em algumas das melhores idéias que tivemos em anos. Será um som na linha de Don’t Come Easy (primeiro trabalho do grupo), mixado a novos elementos e grandes surpresas” Declarou a banda em pronunciamento oficial.
Os quatro membros originais (Danny Vaughn, Brooke St. James, Jimi Kennedy e Michael Clayton) estão envolvidos nesse retorno.
Infelizmente não é fácil achar material desses caras. Já procurei por tudo mas não acho CD, muito menos DVD deles pra comprar. O jeito foi apelar para a Internet. É uma pena, pois quem me conhece sabe que ainda curto comprar CDs e ficar saboreando o encarte enquanto ele toca no player.

É isso aí, tá dada a dica: eis uma bela banda de hard rock e indico ela para aqueles que curtem um rock n' roll bem tocado, audível e de extremo bom gosto. Fica a dica também de presente para o meu aniversário, se encontrarem, eh eh eh.
Abaixo, um videozinho do Tyketto de um de seus maiores sucessos, a baladinha Standing Alone. No YouTube tem mais.

Site oficial da banda: http://www.tyketto.de/

Valeu!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Santo Graal Parte III: José de Arimatéia


Como prometi, mais uma parte sobre minha pesquisa sobre o "Santo Graal". No post anterior, falei sobre as menções do Graal na literatura medieval citando as obras do francês Robert de Boron que narra a história de José de Arimatéia. Resolvi neste post me aprofundar sobre esse importante personagem que pertence há muitas lendas sobre o Santo Cálice.
Pois bem...

José de Arimatéia era membro do Sinédrio, homem rico, bom e justo (Jo19:18) e que não deu sua aprovação à sentença de morte à Jesus Cristo (Lc23:50). Este desprendeu Seu corpo da cruz, com Nicodemos (Jo19:38) e depositaram-no no túmulo (Jo19:42).
Após estas passagens, Arimatéia não é mais mencionado na Bíblia.
Por que a lenda de José de Arimatéia, responsável por tomar o cálice da ceia e tê-lo usado para recolher o sangue de Cristo e depois tê-lo levado consigo? Tudo isso, deve-se à obra literária de Robert de Boron: "José de Arimatéia", onde o mesmo conta a história de José de Arimatéia e sua saga, depois da Crucificação de Cristo.

As narrativas abaixo foram retiradas da obra de Boron:

José de Arimatéia é um influente cavaleiro a serviço de Poncio Pilatos, que aprendeu a amar da Deus, mas com medo dos Judeus, manteve esse amor em segredo. Após a crucificação, pediu o corpo de Cristo a Pilatos, como recompensa por serviços prestados. Pilatos atendeu o pedido e ainda lhe deu um recipiente que os judeus tinham oferecido a Jesus e no qual este fizera sua oferenda. Depois disso, Arimatéia tirou o corpo de Cristo da Cruz, com a ajuda de Nicodemos. Quando o lavaram, as feridas começaram a sangrar e Arimatéia se lembrou do recipiente e pensou que nele as gotas seriam bem guardadas. Sepultou Jesus e levou o recipiente para casa. Os Judeus aborrecidos com o desaparecimento do corpo, por ocasião da ressurreição, prenderam Arimatéia de modo que ninguém mais o encontrasse em uma cela sem janelas onde todos os dias uma pomba se materializa deixando-lhe uma hóstia, seu único alimento durante todo o cárcere, graças ao qual sobrevive. Então Cristo lhe aparece na prisão. Arimatéia confessa o amor, mas que jamais tinha ousado falar com Ele e pede desculpas por estar sempre na companhia dos que desejavam sua morte. Jesus o consola dizendo:

 "Deixei que ficastes com eles por saber que irias me prestar grandes serviços, ajudando-me onde meus discípulos não ousariam. E tu fizeste por compaixão. Tu me amaste secretamente como também eu a ti, e nosso amor se revelará a todos para prejuízo dos infiéis, porque tu terás sob tua guarda o sinal da minha morte, hei-lo aqui."

Jesus então mostra o Graal:

"Ele será teu e o guardará, assim como todos a quem o entregares. Mas os guardiões devem ser três e estes três o terão, em Nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Estes três são uma e a mesma coisa em um único Deus. Nisso deves crer."

Cristo entrega o Graal a Arimatéia e diz:

"Estás segurando o sangue das três pessoas da única divindade, que fluía das feridas do filho encarnado, que sofreu a morte para salvar a alma dos pecadores. Sabes o que ganhas com isso? Que nunca mais será feito um sacrifício, e quem souber isso será o mais amado do mundo, e a companhia dos que souberem do fato e que escreverem livros sobre o assunto será a mais procurada do que as outras pessoas."

 José de Arimatéia pergunta sobre a razão de receber tal presente. Cristo responde com um interessante ensinamento sobre a missa católica:

"Tiraste-me da cruz e me puseste no teu túmulo, depois que estive na ceia na casa de Simão eu lhe disse que seria traído. Como isto aconteceu à mesa, futuramente erguerão mesas para me sacrificar. A mesa significa a cruz; os recipientes representam o túmulo. Este é o cálice onde meu corpo será consagrado na forma de uma hóstia. A pátena que colocaram representa a tampa com que fechaste o túmulo, e o pano que porão por cima, o linho que envolveu meu corpo. Deste modo até o final do mundo o significado do teu feito será conhecido..."

 Boron ainda escreve:

"E depois disso, Cristo lhe ensina as palavras que não posso dizer, mesmo que quisesse, sem ter o Grande Livro onde estão escritas. Este é o Mistério da Grande Cerimônia do Graal."

Cristo diz ainda a Arimatéia que toda a vez que sentisse necessidade, deveria dirigir as três forças, que são uma e à beata mulher que carrega o filho. Jesus avisa a Arimatéia que este ainda terá que passar algum tempo no cárcere e que um dia sua libertação teria caráter milagroso e Arimatéia ficou preso mantido vivo apenas pelo Graal.
Intercala-se a lenda ao Sudário de Verônica, pelo qual Vespasiano fora curado da Lepra.
Por gratidão, os romanos Tito e Vespasiano foram a Jerusalém afim de vingar a morte do Profeta que o havia curado. Falam com Pilatos que se lembra de Arimatéia. Muitos judeus são mortos até que um revela o local de cativeiro. Assim, José é libertado e Vespasiano é batizado.
Certa vez, por não produzirem colheitas nas terras, Arimatéia se coloca a frente do Graal e pede conselhos. O Graal lhe diz que deveria encontrar os culpados e eliminá-los da comunidade. Em seguida, seu cunhado, Brons, deveria ir ao rio e trazer o primeiro peixe que pescasse, estender um pano sobre a mesa, por o Graal no meio, ao lado do peixe.

"Depois disso senta-te no teu lugar, como estava na ceia. Brons se sentará à tua direita, verás que ele se afastará de ti, de modo que haverá um lugar vago entre tu e ele. Este lugar representar o lugar de Judas, Ninguém preencherá essa vaga até que o Filho de sua irmã Enygeus e Brons tome teu lugar."

Quando o povo foi chamado à mesa, parte senta, mas muitos não conseguem encontrar lugar. Exceto pelo lugar vago. Os que estão sentado à mesa, sentem a doçura do Graal. Um deles, Pedro, pergunta aos que estão de pé ao redor se não sentiam algo de graça. Eles respondem que não, e que foi impossível se aproximar da mesa. Pedro diz:

“ Isso mostra que com um pecado, causaste a carestia que estamos sofrendo”.

Deste modo Arimatéia reconhece os pecadores:


“Por meio do Graal somos separados, porque ele não tolera pecadores em suas proximidades”.

Depois disso, a sociedade se separa, ficando os bons , a partir de então, todos os dias à mesa, na mesma hora para o mesmo culto, que eles chama de “Culto do Graal”.
Um dos recusados de nome Moys tentou sentar a mesa, no lugar vago. O chão se abriu e engoliu Moys todos perguntaram a Arimatéia o que aconteceu e ele então ajoelhou-se em frente ao Graal e perguntou. O Graal respondeu:

“José, José, o sinal que te falei agora se tornou verdade, eu te disse que o lugar deveria permanecer vago até que o terceiro homem da tua estirpe, o filho de Brons e Enygeus o ocupe”. 

Brons e Enygeus tiveram 12 filhos, quando cresceram foram levados a presença de José de Arimatéia que aconselhado pelo Graal escolheu Alain de Grois, o mais moço de todos. Arimatéia mostrou o Graal e comunicou-lhe que um dia lhe nasceria um herdeiro, ao qual teria que entregar o Graal.
O recipiente falou ainda que Pedro deveria ir ao Vale de Avalon, esperar aí o filho de Alain.
Alain partiu com um grupo para evangelização para países estranhos. Pedro ainda permaneceu para receber ensinamentos sobre o Graal e ser testemunha da transferência deste para Brons, porque ele deveria ser o Guardião do Graal. Arimatéia lhe comunicou as palavras sagradas chamadas de “O Segredo do Graal” e depois disso a sentença: “A partir de agora, deve guardá-lo e por nada menosprezá-lo ou todo o desprezo e vergonha cairá sobre ti, e caro terá que pagá-lo”.

O Graal ainda disse:

”Todos os que dele ouvirem falar o chamarão de “Rico Pescador” devido ao peixe que pescou. Assim também essas pessoas devem ir ao oeste. Quando o “Rico Pescador” tiver recebido o Graal, deverá esperar o filho de seu filho para transferir e recomendá-lo ao Graal. E, quando chegar o tempo em que possa aceita-lo o significado da Trindade será realizado entre vós. E tu, porém, José, te despedirás do mundo e entrarás na alegria eterna”.

As palavras secretas José a assentou em um papel e as mostrou em seguida ao Rico Pescador. Brons permaneceu ainda por três dias com José, depois despediu com as palavras:

“Sabes bem o que levas contigo, e em que companhia andas, ninguém sabe tão bem quanto eu e tu, vai pois eu ficarei conforme ordem do meu Salvador”.

Assim se separaram e o Rico Pescador de quem desde então se fala tanto, foi para a Britânia; José, porém, foi por ordem do Senhor para o país de onde nascera e lá ficou até o fim de sua vida.
Lendas em torno dos contos de Boron são formadas, como por exemplo, a de que Arimatéia, sua irmã e seu cunhado velejaram para a Inglaterra, onde ele montou a primeira igreja Cristã em Glastonbury.
Algumas lendas reivindicam que ele deixou o cálice aos cuidados do cunhado na França, enquanto a maioria das histórias contam que ele trouxe o Cálice para Glastonbury aonde foi associado às lendas locais do Graal e que lá ficou até seus últimos dias.
Entretanto, é notória a relação entre as histórias de José de Arimatéia e os contos arthurianos, principalmente os elementos que o compõem, como: a mesa e doze pessoas (doze apóstolos); a menção de Avalon; Glastonbury, onde estaria enterrado o Rei Arthur e sua esposa Guinevere, entre outros.
Segundo os contos de Boron, o Santo Graal teria passado pelas seguintes pessoas:
a) Judeus: um presente dos judeus à Cristo;
b) Jesus Cristo: em sua última ceia;
c) Poncio Pilatos: este entregou o Graal a José de Arimatéia como parte do pagamento;
d) José de Arimatéia: Recolheu o sangue de Cristo;
e) Brons: o “Rico Pescador” dos contos de Boron. Cunhado de Arimatéia que deveria partir para a Bretanha;
f) Percival: filho de Alain de Grois e neto de Brons. Foi o escolhido para ser o guardião do Santo Graal.

A história apresentada é bastante interessante e bela, com começo, meio e fim. A explicação que o herói dos contos arthurianos, Percival, é descendente direto de José de Arimatéia e é Merlin que o revela isso, explica o porque de Percival ser o único dos cavaleiros enviados por Arthur para encontrar o Santo Graal e consegue encontrá-lo, que novamente desaparece, levado por Percival para ilha de Avalon.