sábado, 6 de outubro de 2012

A gente cansa...

Interessante essa tal de Internet, em especial o tal Facebook. Agora é moda postar nessa rede social mensagens que parecem desabafos e curioso é que em algumas a gente identifica um pouco a situação em que se está passando.
Enfim, tem coisas que cansam. Durante toda a minha vida fui educado a "cuidar" as coisas que digo, as coisas que escrevo, as coisas que faço, tudo em prol do meu próximo, para não ofendê-lo, para não atacá-lo, para que estes não se sintam ofendidos ou agredidos, e o caralho a quatro... Mas cansa.
Não, não me refiro ao fato de fazer o que acho certo, até mesmo porque continuarei fazendo, mas é triste porque as pessoas ao nosso redor, principalmente as mais proximas não possuem o mesmo tipo de cuidado, de tato, e até mesmo porque não dizer, compaixão. Portanto eu cansei. Cansei de me cuidar em falar coisas junto a titios dos quais sempre foram enaltecidos pelos avós e por outros titios mas que na verdade em muitos momentos demonstram- se tremendos babacas a ponto de fazer o tipo de brincadeira que quer com a gente sem um pingo de tato: certa vez, minha esposa foi realizar um trabalho de consultoria em pequenos frigoríficos juntamente com outro colega de trabalho. Não perderam a chance de fazer piadinhas e na hora retruquei e logo veio a mediação dos "tios"; "...não dá bola, ele só ta brincando...". Em momento algum o idiota pensou que ia me ofender, pois me ofendeu e levou uma boa resposta, que não vou dizer aqui. Sempre foi assim, sempre tive que cuidar mas ninguem nunca precisou cuidar no que ia dizer a mim, e o pior é que sempre me pediam pra relevar.
A gente cansa de tanto se esforçar em fazer as pessoas proximas, principalmente as mais proximas, felizes, abrindo mão de coisas, por menor que sejam, que gostaríamos de fazer para que a vontade delas fosse satisfeita. E não ganho nada com isso. E isso cansa.
Todos nós temos os nossos demoniozinhos nos espetando a nuca diariamente, alguns mais outros menos. Aí pensa na situação em que você finalmente resolve lutar contra eles pois percebe que por anos, décadas, está sofrendo com isso. Sensações de culpa, de que está fazendo coisas erradas durante o tempo todo que sempre, diariamente, te atormentavam, aí voce resolve combater. "Não é facil", disseram os especialistas, e assim repliquei para todas as pessoas proximas. E essas mesmas pessoas não dão bola pra isso, sequer deram bola pela intenção minha de combater esses demoniozinhos, muito menos compreenderam que tudo isso sempre me fez sofrer por anos. Então me vejo só, contra meus problemas e ainda tendo que encarar os problemas dos outros. Sim, problema dos outros, pois quando não estamos sozinhos no mundo ainda temos os problemas das pessoas proximas para resolver e aí é que tá: nosso altruísmo acaba saindo pela culatra e tudo aquilo que era pra ser demonstração de amor a carinho tornou-se meramente obrigação. Não me importo em ajudar, não isso ma faz bem, mas como seria bom um pouco de atenção, não mé mesmo? E eu cansei disso.
A gente fica tão chateado que até mesmo as menores coisas servem para reflexão. Ontem a noite, depois de uma sexta-feira fodida, pedi uma tele-entrega de um xis de uma amiga conhecida, isso era 21:20 da noite. Pois 22:40 e eu ainda não tinha recebido o tal xis, liguei pra mulher e ela tava furiosa com o motoboy responsável pelas teles, mas que o xis já estava pronto e que já já iria levar. Disse pra mim mesmo que iria esperar até as 23:00. Fui dormir as 23:10 e as 23:30 vi a buzina do motoboy. Me recusei a me levantar pois já tinha ido dormir. Conto isso porque em outros tempos eu esperaria pacienciosamente com o patético pensamento de não se incomodar com a mulher dona do xis que é minha amiga e nem com o motoboy que é meu conhecido. Ah vai se foder, do outro lado não vi um pingo de consideração e respeito, e olah que eu ainda iria pagar.
É aquela coisa, quando o dia não vai bem ele não vai bem mesmo. Mas a medida em que dias como esse ocorrem, a gente fica mais reflexivo e perdendo a tolerancia com muitas coisas, coisas das quais já deviamos realmente ter perdido a tolerancia, totalmente.
Quanto aos demoniozinhos, bem... toquei no assunto para dizer que combate-los sozinhos é muito dificil, por isso contamos com alguém, geralmente as pessoas proximas. Brabo é quando essas pessoas não compreenderam o quão importante é esse combate, ou nem mesmo dão bola devida para o problema, pois a sensação que passamos a elas é que estamos sempre bem, pois sempre apresentamos um largo sorriso que diz as pessoas "sou feliz". Mas não estamos e na verdade seria muito bom se tivessemos essas pessoas ao nosso lado, afinal, para combater os demonios delas elas contam conosco e ai de nos se não estivermos a postos. É aí que eu quero me referir com a história dos demoniozinhos.
Infelizmente devo dizer que o altruísmo não é lá tão salutar assim pois nem todas são adeptas a ele, além de que a simples prática deste pode transformar carinhos e agrados em obrigações diárias. E porra, isso cansa. O pior é que frustra, pois a gente acaba por perceber que está sozinho.
O que fazer então? Bom, acho que em primeiro lugar devemos compreender porque estamos nessa pindaíba: porque fomos nós mesmos que construímos isso, através de um altruísmo sem limites sempre na preocupação do bem ao proximo ao extremo. Deu nisso. Quem sabe então tratar o proximo com um pouco mais de... espaço, ... distância, ou coisa parecida? Quanto as demais pessoas, quem sabe, para o nosso proprio bem, respeitar e tratar bem somente aquelas que nos respeitam e nos tratam bem. Sim, pois era comum mostrar os dentes para qualquer pessoa no intuito de obter o mesmo retorno amigável, mas não é o que sempre ocorre.
Rssss, tem coisas que realmente nos fazem rir, senão chorar ao mesmo tempo. Em certa ocasião brinquei com conhecidos meus quando comentei algumas fotos publicadas por eles no facebook, fiz comentários brincalhões como "bando de bixinhas", "que coisa mimosa", e por aí vai nas frescuras... Bom, quase deu briga feia, pois não queriam mais falar comigo, vejam isso: ficaram "ofendidinhos". Pois semana passada em meu perfil no Facebook um desses conhecidos publicou uma foto de sacanagem, uma brincadeira de mesma natureza que aquelas minhas. Aí eu mostrei e minha esposa e perguntei a ela: "o que faço, me divirto com a foto junto a eles (o que faria sem problema algum), diria a ele que na verdade não sei que ação tomar pois quando brinquei de maneira semelhante ficaram todos brabinhos (aí estaria sendo sarcástico, é verdade), mandaria ele a merda por todo o contexto, ou simplesmente me calaria. Foi o que fiz, me calei! Mas com a certeza (que antes já tinha) de que com aquela gente não interajo mais de maneira extrovertida. Nunca mais. Aí vem aquilo que disse e motivou desse post: a gente se cansa de mostrar os dentes preocupado em agradar e de passar uma imagem de que está tudo bem.
Olha, faço de tudo para não entrar numa briga, pago mais caro para não me incomodar, admito erros que não cometi para não me estressar, mas muitas dessas atitudes eu só tomo uma vez porque tomo providencias para que não ocorram mais.
Isso é apenas um desabafo de fim de noite.
Beijo na bunda de todos

terça-feira, 24 de julho de 2012

Santa Maria de outrora

Ok, eu admito: sou saudosista pra caramba!

E essa característica minha não poderia deixar de se manifestar, especialmente aqui no meu blog.
Há um tempo atrás recebi um email com algumas fotos do centro de Santa Maria dos anos 60, 70 e inicio dos 80. As fotos são lindas porque Santa Maria era linda!
Depois essas mesmas fotos circularam pelas redes sociais com mensagens do tipo "olha o que fizeram com a nossa cidade". Bem, na verdade se alguém fez alguma coisa com ela (ou deixou de fazer) fomos nós mesmos, isso se não considerarmos o fato mais importante que foi o aumento da população e da cidade em si: se a infraestrutura dela não acompanha, é evidente que ela se torna suja, feia e mal cuidada.
Sem querer fazer agrado a alguém, nesses ultimos anos vimos recuperações de praças, logradouros e locais históricos da cidade, como a Av. Rio Branco, a Vila Belga entre outras obras, o que nos traz uma satisfação e prazer maior em viver nessa cidade.
Ao ver as fotos antigas, passei a puxar da memória como alguns locais eram quando criança. Embora com "apenas" 35 anos, me lembro sim de muita coisa bonita da cidade que não há mais, ou nem tão bointa assim, mas que dão saudades, conforme vocês poderão ver nas fotos abaixo que postei.
Catei algumas fotos antigas da nossa cidade pela Web e resolvi compartilhar por aqui com algum comentário em cada uma. Muitas dela vocês já devem ter vistas rodando por aí. Tentei identifica-las, mas algumas não consegui. Se alguém se habilitar, beleza!
Abração a todos!
Ah essa dá saudade, quando a estação ferroviária funcionava normalmente até final dos anos 80.

Essa também é legal Uma perspectiva da Av. Presidente Vargas na esquina com a Floriano. Parece ser dos anos 90.

Essa parece dos anos 70 pelo style do buzão. Tche, será que é o final da Av. Medianeira? Aqueles não são os pavilhões da Mercúrio?

A Saldanha Marinho!! Me lembro daqueles bancos. Acho que nunca mais vai ser a mesma. Essa foto parece ser dos anos 70 ou 80.

A Rio Branco das antigas sem o paradão e com os velhos postes de luz, parecendo dos anos 80. Hoje essa parte da Avenida fica pinhadinha de gente.


Na boa, os bancos circulares em torno das árvores eram charmosos. A imundície de hoje do Calçadão é uma tristeza. Essa foto ta pareendo dos anos 80.
Olha aí o antigo paraíso da mulherada santamariense. Parece ser de meados dos anos 80.

Ei! A antiga Rodoviária. Funcionou até 1995 ou 96 quando está um lixo! Mas o xis da lancheria era 10! Dá saudade porque morei do ladinho ali e adorava ver da sacada os onibus passando pela avenida. Pelas roupas e pela traseira do buzão lá do fundo parece ser dos anos 80.

Essa é mais legal. É exatamente na frente da antiga rodoviária de frente para o parque Itaimbé. Ali a placa do antigo mercado Sacco. La no fundo o edifício João XXIII e bem ali na frente hoje tem uma prédio com a loja da Benvenutti embaixo e a Agencia Consular da Italia. Parece ser do início dos 80.

Essa é mais antiga. Pelos fucões ali parece ser dos 70: e ainda se podia transitar na frente do Independencia de carro.
A Praça Saldanha Marinho com engraxates que não existem mais. Parece ser dos anos 70.

Pelo extremo movimento da avenida parece ser a Rio Branco dos 60 ou 70.

Essa eu adoro: pelos carros parece dos anos 70. Mesmo assim me lembro daquela placa da Mercurio. No fundo, o antigo predio do Banrisul que deu lugar a um moderníssimo do mesmo banco. O hidrante da esquina da Venancio ali, imponente!

É na Rio Branco e pelo buzão parece se dos anos 70.

Se alguém souber que qual perspectiva é essa foto agradeço.

Com certeza é uma foto dos anos 60. Olha as rurais estacionadas. Tem até Aero Wilis.

Rio Branco...Acho que anos 60.

Essa já circulou bastante pela Web. Deve ser dos anos 70 início dos 80. Dá pra zer a placa da Bobby Som lá no fundo.

Pela traseira do buzão, anos 60. E o Taperinha em todas.

Olha só: essa é em frente ao Hospital de Caridade. Dava pra ver a imponencia do ginásio do Corinthians lá no fundo.

Santuário da Medianeira. Ainda com uma "zona rural" ao fundo. Pelo Ford Bigode parece ser foto dos anos 70.


Também em frente ao Hospital de Caridade. Esse aí na frente é o edifício Centenário. A foto parece ser dos anos 70. E como eram bem conservados esses canteiros!

segunda-feira, 2 de julho de 2012

"Por que ele fez aquilo?"

Devo narrar um fato, ocorrido sábado passado. Nomes e lugares não são necessários.
Um homem jovem costumava frequentar um tranquilo restaurante quase que uma vez por semana a noite. O restaurante era tão calmo a noite que ele passava horas juntamente com sua esposa conversando com o proprietario que, as vezes, estava em companhia de seu filho, como naquela ocasião. Uma mesa aqui e outra acolá ocupada naquela noite atípica de um inverno não muito frio.
De repente todos ouvem um estrondo vindo da rua: foi um acidente. Aqueles ali presentes levantam-se para averiguar o que havia de fato ocorrido. O jovem então antecipa-se e, ao ver que se tratava de um acidente de transito grave, sai correndo em direção ao local quando verifica que havia uma vítima: era um motoqueiro que havia colidido com um carro e estava deitado ao chão desacordado.
O jovem é um dos primeiros a chegar proximo à vítima. Quer ajudar mas percebe naquele momento que seus conhecimentos de primeiros socorros estão um pouco enferrujados e esquecidos e detêm-se apenas a verificar a pulsação e a respiração da vítima, um homem negro e jovem, vestindo colete sinalizador, o que se deduz que era um motoboy. Imediatamente o rapaz é tomado por um sentimento de impotência e por isso pensa em tudo o que pode fazer e que esteja ao seu alcançe na prestação daquele socorro, por isso limita-se a se certificar de que a amergencia foi acionada e de perto da vítima não sai até que esta chegue, o que não demorou muito.
O jovem fica por perto até ter a certeza de que a vítima foi devidamente socorrida, tomando o cuidado de ter sua esposa ao alcance de seus olhos pois esta também o acompanhou.
Após a vítima ser devidamente atendida e encaminhada ao pronto-socorro o jovem e sua esposa retornam ao restaurante e continuam a saborear sua cerveja e a como sempre agradável conversa enquanto seu pedido é preparado na cozinha. O proprietário do restaurante então relata ao casal que seu filho ali presente o indagou do motivo pelo qual o jovem, ao ouvir o estrondo e perceber que haviam vítimas no acidente, projeta-se de imediato: " ele é médico pai?" E o proprietário responde ao seu filho: "Não, não. É que ele foi escoteiro". O rapaz ao ouvir o relato do proprietario do restaurante cai por alguns minutos calado em reflexão.
Toda aquela sua atitude não foi em momento algum premeditada ou ensaiada, a fim de impressionar alguém mas sim de origem natural de sua personalidade. Foi automático. O jovem não era policial, nem bombeiro, nem médico... apenas um escoteiro, e que sequer percebera o exemplo transmitido àquele pré-adolescente. O rapaz enche por um breve momento seus olhos de lágrimas, quase que de maneira imperceptível, e estufa seu peito com um orgulho enorme já por muitas vezes sentido. A certeza de ter atendido seu proximo, ter sido util, ter sido humano. O jovem homem ficou ali imaginando o que passaria então na cabeça daquele guri de 13 anos que perguntara ao seu pai se ele era médico. Em momento algum estava preocupado em ser reconhecido pelo que havia feito mas aquilo para ele foi uma grande surpresa.
Não, ele era apenas um escoteiro, e foi dessa forma que ele aprendeu a agir.
O rapaz era eu.
Sempre alerta para servir!

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A arte de se promover obras e eventos públicos em Santa Maria

As redes sociais sem dúvida são um fenômeno dessa segunda década do séc. XXI. E por vários motivos.
Já não é de hoje que muitos afirmam e atribuem à Internet como o meio mais democrático de comunicação que já surgiu, vencendo barreiras geográficas, temporais e sociais. Dessa forma, discussões das mais variadas naturezas são travadas nesse novíssimo, e por que não dizer revolucionário, meio de comunicação. E aqui, em Santa Maria da Boca do Monte, essa realidade não poderia deixar de chegar. Estamos falando sobre o Twitter e Facebook e o que neles rolam de assunto sobre nosso cotidiano santamariense.
Quem me conhece sabe não apenas que tenho convicções e posicionamento mas que também não deixo de expô-los, aliás, adoro fazer isso. Nem sempre agrado as pessoas mas mesmo assim não deixo de falar o que penso. Nesse caso, devo considerar o velho ditado "fala-se o que quer, ouve-se o que não quer". O jogo é esse e essas são as regras.
Uma das últimas discussões locais que surgiram, aliás, que ainda está em voga nas redes sociais, é referente à revitalização da Avenida Rio Branco. Nos ultimos anos no mes de maio também é comum surgirem contestações sobre o evento de balonismo promovido pela Prefeitura de Santa Maria. Tenho então algums ponderações a fazer sobre esses dois fatos.
Comecemos pela revitalização da Avenida Rio Branco.
Não canso de enaltecer a obra. Não há como negar: ficou 10! E não dá pra entender como pode haver críticos a esta realização. Ou melhor, há sim.

Avenida Rio Branco revitalizadíssima

A Avenida Rio Branco foi esquecida por todos nós ao longo de muitos anos. Lembrança do passado glorioso ferroviário da cidade, foi tomada pelo ostracismo e pelos ambulantes, ali alojados em uma infraestrutura modelo projetada pela administração do então prefeito Evandro Behr, deslocando-os da Rua do Acampamento. Tal projeto teria início, meio e fim, como conclusão a regularização dos ambulantes de maneira a formaliza-los, alojando-os então no largo da viação férrea.
O projeto tornou-se utópico pois não se contava com a voracidade eleitoreira dos políticos de Santa Maria. Nem mesmo o prefeito Farret, que sucedeu Behr e deu continuidade a gestão de seu partido conseguiu manter o projeto original. Desde então, sucessivas gestões municipais (lê-se 4 anos do PTB com Nascimento e 8 anos do PT com o Valdeci) deixaram-se tomar pela demagogia e pela manutenção de um fácil eleitorado.  Não apenas a acomodação política nesta questão tomou conta dos administradores municipais como também deixaram com que o monstrinho crescesse: como se não bastasse a primeira quadra da Rio Branco tomada pela imundície causada pela ocupação já desordenada dos camelôs que simplesmente não se contentaram com os quiosques oferecidos pela prefeitura fazendo puxadinhos de lonas e ancorando-os nos bancos e bustos do canteiro da avenida, a praça Saldanha Marinho foi invadida por uma "feira permanente de artesanato" que aos poucos via-se que de artesanato já se tinha bem pouco. Era triste ver as guarnições da avenida e da praça bem como seus bancos públicos servirem de encosto para as barracas tendo como cumplice uma administração municipal passiva aos abusos.

Avenida Rio Branco e seu camelódromo, no auge de sua porquíce

O problema não estava somente no fato do centro de Santa Maria ter se tornado um chiqueiro mas sim da questão de segurança pública: o que se via nas bancas de camelô era um verdadeiro cartel onde apenas poucos ambulantes eram donos de suas bancas e dessa forma agiam. A coisa estava desorganizada, suja e perigosa. É bem verdade que houveram conversas para que o local fosse desocupado e os ambulantes realocados (um dos locais cogitados era novamente o largo da viação férrea) mas a chantagem eleitoreira dos ambulantes predominou. Ou seja, ninguem tinha coragem para mexer com o vespeiro do camelódromo.
Devemos reconhecer: a gestão atual tem sim mérito nessa realização. Tudo bem se houveram movimentos anteriores para que a desocupação dos canteiros publicos fosse efetivada mas nos lembremos que desde a criação do camelódromo até hoje se vão mais de 20 anos e, como já dito, era um projeto que tinha início, meio e fim.
A obra não ficou boa. Ficou excelente! Dá sim pra se dizer que Santa Maria recuperou mais um cartão postal de sua cidade.
So que mesmo assim tem gente que critica, tem quem questione o merito da obra. Ora se não foi da atual gestão (lembrando que não morro de amores pelo PMDB e não devo nada a ninguem de lá) foi de quem? do PT? O PT ficou 8 anos no poder  e...? O PT já colheu louros, alguns pelo viaduto que liga o centro ao Itararé. Ok, e se eu disser que esse projeto é do tempo do Evandro Behr, vai mudar alguma coisa? Não, claro que não, mas foi!

Avenida em obras
E a verba usada? Ah sim, a verba... tem quem diga que a prefeitura deveria investir em moradia, escola, etc...Tá, ok! Mas convenhamos: que pensamento demagogico chinfrim. Até onde eu sei é função da prefeitura manter suas praças e logradouros. E a verba, veio do Ministério do Turismo (para esse fim!).
Tem gente também que não gostou nem um pouco o fato da gestão atual usar tais obras como propaganda política (como se não tivessem o direito de fazê-la pois afinal, de quem a concluiu?) ainda mais por estarmos proximos de um pleito eleitoral municipal. Quanto a isso algumas ponderações:
1) tem lei pra isso. O prefeito pode se reeleger, logo não precisa se afastar do cargo público, desde que se mantenha na linha e existe toda uma legislação para isso. Isso é assim aqui e em muito lugares do mundo. Até o Obama dá suas bandinhas EUA a fora de ônibus valendo-se do cargo de presidente  para a sua promoção eleitoral.
2) faz parte da democracia e do jogo político. Tem gente que não concorda que se use uma obra como propaganda para fins políticos com o papo de que "é obrigação", coisa e tal... Novamente: isso é assim em qualquer lugar do mundo: tem presidente que promove guerra pra se eleger, estariamos então errados em promover sob uma obra pública e bem-sucedida? Lembro do presidente do Chile que ficou do lado do poço onde os mineiros ficaram presos do início ao fim da operação de resgate e para que? Para colher os frutos políticos, claro (idiota se não fizesse isso). Portanto, faz parte do jogo sim, gostem ou não.

Schirmer colhendo o que plantou. Tá errado?

3) certamente dentre os que não gostaram da "promoção" que a atual gestão municipal realizou, certamente tem alguns que gostariam de estar no lugar destes para também colher frutos político-eleitorais. E idiota seria o político (mesmo que da maior e melhor índole) que não aproveitasse um êxito administrativo. Eis então uma demonstração explícita de dor de cotovelo.
Portanto, aqui temos o fato final e derradeiro: a Avenida Rio Branco volta a ser de quem sempre deveria ser: de todo o santamariense e mais linda do que nunca.
So quero ver quanto tempo vai durar.

E quanto ao balonismo? Ah sim!
Poxa, mas que colorido legal deu aos céus de nossa cidade não foi? Pois esse evento bacana de promoção da prefeitura municipal também foi alvo de imbecis de discurso demagógico que se esquecem que também é de atribuição da Prefa promover eventos como este. A população gosta, precisa e merece várias opções de lazer. Faz bem, mexe com a cidade, alegra a população. Se não fosse em Santa Maria em algum lugar seria. Por que não fazer aqui? Ah sim, devem existir "prioridades maiores"... e assim caminharíamos: sem nenhum atrativo a nossa população, sem nenhuma oportunidade de projeção da cidade, sem nenhum fomento ao turismo, a cultura e ao lazer e ainda sem as "prioridades maiores" realizadas.
Então no Facebook vejo pessoas letradas, cultas e  intelectuais com discursos pequenos, do tipo "o povo quer comer e o Schirmer quer voar" com uma foto dos balões ao fundo. Sem dúvida uma crítica infeliz, pouco inteligente e de mal gosto. Eu não tenho duvida alguma que se tal evento fosse idealizado por eles ou pela agremiação política ao qual pertencem definitivamente as criticas seriam bem menores. Ou talvez nem existiriam.
Balões pela cidade de Santa Maria
Balões no Jockey Club, local do evento

O campeonato de balonismo (ou seja la qual for o nome) é mais um evento como muitos (Expoaer, Mercocycle, Romaria, Feisma, Tertulia...) em nossa cidade que a enriquecem. E cabe aqui aquela maxima: "se fez é porque fez, se não fez é porque não fez". Mérito da Prefa sim. Qualquer iniciativa de depreciação é pequenez e espírito de porco chovinista.
Aos críticos de plantão do lado de lá vamos nos lembrar então do "Carnaval da Cidadania": ou seja, a tentativa de se tomar uma festa popular e denomina-la com um termo que eleva a mesma a carater de evento político-ideológico (como se qualquer outra edição do carnaval ou evento público não fosse dedicado aos cidadãos). Pode isso Arnaldo??? Faça-me o favor...
Cabe também lembrar a polêmica decoração de Natal do centro da cidade promovida pela Prefeitura Municipal onde a materia-prima foi lixo reciclado. Nunca a cidade tinha ganhado um presente tão bacana de Natal. Foi comum naqueles dias o centro encher de gente a noite para prestigiar o trabalho. Alguns entusiastas até comparavam com Gramado. Um certo exagero sim, mas foi um grande presente para nossa cidade. Tá errado a prefeitura ter essas iniciativas?
 E teve idiota que criticou.

Natal 2012

Então eu pergunto: será que algum desses críticos demagogos não levaria seu filhinho para ver os balões lá no Prado ou a decoração de Natal no centro da cidade? Pois é...
Claro, é evidente que todos nós somos vítimas de uma cultura política mal formada, cujo objetivo é depreciar os trabalhos dos oponentes políticos, mesmo que tenham tido êxito. Para piorar as coisas a tentativa de se ter um pensamento austero e politicamente correto deturpa as coisas. Não é porque temos mazelas sociais que não devemos investir na cultura e no lazer. Não se trata do pão e circo, se pensarmos assim então as Olimpíadas e a Copa do Mundo devem ir para o mesmo saco. Repito: é função das prefeituras sim promover eventos e iniciativas como as que defendi ao longo do post. Infelizmente a cultura política que temos é equivocada pois a cada gestão tudo é destruído e refeito e não há continuidade em projeto de gestão algum. É fato que Santa Maria nunca teve um projeto verdadeiro de desenvolvimento por parte de sua prefeitura e que 4 anos de mandato é muito pouco para a implementação de algo assim. Mas também não devemos jogar pedras em todas as iniciativas.
E convenhamos,...
Tá bem melhor do que antes.
Humilde opinião de quem vos fala.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Dossiê Odessa

Fazia tempo em que um livro não prendia tanto a minha atenção e entusiamo em sua leitura quanto este, pois, fissurado por história e apaixonado pela II Guerra Mundial, suas causas e consequencias, como sou, minha empolgação ao ler este livro não poderia ser diferente.
Romance clássico de espionagem de autoria do especialista no assunto Frederick Forsyth, O Dossiê Odessa é muito mais que um bom romance no momento em que consideramos muitas de suas passagens como factuais, pois de fato, elas são.
O que me deixa puto da cara (comigo mesmo, diga-se de passagem) é: "como não li esse livro antes?" Já havia ouvido falar de Frederick Forsyth, inclusive já lido um de seus livros (Cães de Guerra), então como que ainda eu não tivera conhecimento deste? Ao comentar com meu tio, este prontamente afirmou já ter ouvido falar do livro "pois era um clássico do gênero", segundo ele mesmo. Porra meu...


Então, apresentemos a obra:
Forsyth nos apresenta logo no prefácio que o significado de Odessa nada tem a ver com a cidade Russa ou a cidade homônima nos Estados Unidos e sim uma abreviação para Organisation Der Ehemaligen SS-Angehorigen (não sabem como foi horrível escrever o significado dessa sigla) que significa, em resumo Organização dos Ex-Membros da SS, sendo esta o tema central do plot do livro.
Em síntese, a narrativa conta a história do repórter freelancer Peter Miller que se envolve numa investigação e ao acaso se ve envolvido com a Odessa. Não é minha intenção, como de praxe em meus posts, descrever ou sintetizar a obra mas sim analisá-la e contextualizá-la.
Vários foram os aspectos que me chamaram a atenção nesse comance publicado em 1972. O primeiro deles é o período e local onde a história se passa: a Alemanha do pós-guerra, 1963, justamente quando o Presidente dos EUA John Kennedy é assassinado em Dallas. O assassinato de Kennedy em si não reflete em nenhum momento na trama senão no auxilio ao leitor para que se situe na geopolítica daquele momento. Forsyth cita em sua obra personagens verídicos, mesmo que em alguns casos brevemente, como o Presidente Egípcio Anuar Saddat, o premier alemão Konrad Adenauer, entre outros.
Sempre foi de meu interesse saber um pouco mais de como era a Alemanha, sua organização política e economica, logo após a II Guerra e o livro tem como pano de fundo justamente essa realidade. A obra retrata o milagre economico alemão do pós-guerra e a crise cultural, ética e moral vivida por sua população ante os crimes horrorosos promovidos pelos nazistas à humanidade e desconhecidos por ela. O protagonista da trama Peter Miller possuia apenas 29 anos e seus questionamentos frequentes sobre os fatos ocorridos há 20 anos atrás em seu país permeiam a narrativa.

Frederick Forsyth
Outro aspecto interessantíssimo sobre este livro é o fato de que o mesmo fora usado para promover a caça a nazistas e a denúncia da existencia da Odessa. Em determinado ponto da narrativa, o protagonista Peter Miller encontra-se com o renomado Simon Wiesenthal, judeu sobrevivente dos campos de concentração nazista que se tornou após a guerra caçador de nazistas, para que o ajude na caça a um fugitivo nazista ex-oficial da SS de nome Eduard Roschmann, conhecido como "O Açougueiro de Riga". De fato, Wiesenthal existiu (falecido em 2005  em Viena aos 97 anos), bem como Roschmann, que vivera em segredo até ser encontrado morto na Argentina. A bem da verdade é que Wiesenthal usou a obra de Forsyth  (com sua conivência, é claro) para que a Odessa fosse realmente denunciada. Com o advento da obra, as autoridades alemãs entre outras tornam-se mais empenhadas na caça a antigos membros da SS e demais nazistas ainda escondidos pelo mundo, principalmente na America do Sul, como relata o livro.

Simon Wiesenthal
A obra de Forsyth também fala da tensa questão no Oriente Médio quando aborda as mobilizações militares de Israel e Egito que culminaram na Guerra dos Seis Dias em 1967, bem como as movimentações diplomáticas da então Alemanha Ocidental pró-Israel que motivaram a Odessa a tomar partido da causa árabe por os considerarem "antigos amigos do Reich".
Assim como seus outros livros como: Cães de Guerra e O Dia do Chacal, O Dossiê Odessa foi parar nas telas em 1974 tendo como interpretw do protagonista nada mais nada menos que John Voight. O filme também ajudou a alavancar a causa de Wiesenthal (cabe aqui lembrar que Wiesenthal foi consultor durante as filmagens). Taí mais um filme em que me faz ficar fodido da vida por até então nunca ter ouvido falar na sua existencia, o que me faz ficar obcecado por assisti-lo. Mas, como é de praxe, por já ter lido o livro, é de se esperar a inferioridade da obra cinematográfica.
Mesmo assim não vou descançar se não encontrar esse troço.


É evidente, no entanto, que o livro nos trás um pouco de reflexão e não apenas puro entretenimento e informação. Forsyth nos leva a entender que em um momento da recente história mundial o mundo não foi somente bipolar com comunistas de um lado e capitalistas de outro, mas que houve uma terceira ideologia que ceifou a Europa e muitas outras nações no início do séc. XX. Noutro determinado ponto da narrativa onde Peter Miller finalmente está cara-a-cara com Roschmann, o perseguido assim se pronuncia:
 "...Quer uma prova da nossa grandeza? Veja a Alemanha de hoje. Esmagada e destroçada em 1945, completamente destruída a mercê dos bárbaros do Leste e dos loucos do Oeste..."
Ou seja, a Alemanha nazista era o contraponto entre o capitalistmo yanque e o comunismo bolchevique. O filme A Soma de Todos os Medos,cujo protagonista é o agente Jack Rian (o mesmo de Caçada ao Outubro Vermelho, Jogos Patrióticos e Perigo Real e Imediato) também conta uma história semelhante onde uma aliança de líderes europeus de extrema direita planeja o início da Terceira Grande Guerra com atentados terroristas.


Entretanto, a existencia da Odessa, ao que tudo indica, não tinha como objetivo a priori fomentar uma revolução de larga escala mundial ou mesmo a construção de um futuro 4º Reich Alemão, senão apenas a proteção de ex-membros da SS perseguidos nos tempos já de paz por suas atrocidades durante a guerra, principalmente contra judeus nos inúmeros campos de concentração.
Está claro, tanto no livro quanto em demais fontes de pesquisa que pude consultar, que os fundos criados durante a guerra para o financiamento das operações da Odessa foram usados apenas para  a proteção e fuga de seus membros.
É fato, no entanto, que a Odessa teve inúmeros êxitos, por mais que muitos carrascos nazistas viessem a ser capturados. Muitos deles viveram seus ultimos dias em paz e no anonimato, sob falsas indentidades em países distantes da Alemanha. A Argentina foi o principal destino destes ao final da guerra principalmente pela simpatia que Perón tinha pelos nazistas (até nisso esses castelhanos cagaram no pau). Hoje, certamente que existem alguns membros vivos da Odessa, mas devem estar usando fraldas geriátricas sentados numa cadeira de rodas com um chale no colo.
A Odessa deixou de ser uma organização temida.
Graças aos novos valores universais do nosso contemporaneo os ideais nazistas deixaram de ser uma ameaça sobrevivendo apenas na cabeça de alguns jovens imbecis que possuem vácuo ao invés de massa encefálica, pois não são capazes de se preocupar em conhecer os estudos que expoem as teorias xenofobas ao ridículo.
Com os nazistas e fascistas varridos da Europa bem como a queda da Cortina de Ferro, ficamos assim, a mercê dos arrogantes yanques e da real organização que deveria ser temida. Nada de Maçonaria, nada de Iluminatti, nada de Rozacruz, nada de Comissão Trilateral ou Comissão Bilderberg... Só que se eu disser quem eu penso ser, irei preso por xenofobia.
Abaixo, um link sobre um documentário no TerraTV sobre a Odessa. É longo, tem mais de 45 minutos mas vale a pena.

http://terratv.terra.com.br/videos/Diversao/Documentarios/History-Channel/4689-391030/Cacadores-de-Misterios-A-Ascensao-do-Quarto-Reich.htm

Humilde opinião de quem vos escreve.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os desafios também mudam

Mais uma vez um post que escrevo para desabafar. Meu Deus, como é bom fazer isso! Pena que não aproveito muito esse espaço para essa prática, talvez pelo fato de realmente não gostar muito de escrever meus anseios de forma direta, e sim expor aquilo que penso sobre as coisas. Mas, como já disse, as vezes sinto essa necessidade. E aqui estamos nós.


Há algum tempo atrás escrevi sobre minha incursão ao mundo academico finalmente obtendo acesso a um curso de mestrado, mesmo que seja pela via "paga", mas ao menos sem precisar distorcer minha forma de pensar e ter que puxar o saco de professor. É fato, no entanto, que muitas das minhas convicções a respeito do mundo acadêmico mudaram um pouco, no momento em que este deixa de ser uma caixa-preta, a ponto de começar a compreender a lógica insensata desse meio. Prova disso foi a lição que levei logo na seleção do mestrado em SPI, do qual hoje faço parte: das 10 vagas fui o 9º, o que inviabilizou toda e qualquer bolsa disponível. Mesmo assim, lá estou, e de cara já percebo que o lugar ao sol não é pra todos e para conseguir um o furo é mais embaixo. Sinceramente ainda não descobri qual é a formula mágica para ser visto e considerado. Em uma das disciplinas, por exemplo, eu me esmerei ao escrever um artigo científico que tratava de um case lá do frigorífico e relatava minha experiencia na implantação do "Portal do Vendedor", ou seja, todo um processo concebido, escrito e implantado por mim. Imaginei que essa experiencia pudesse ter algum valor academico mas pelo visto cagaram mole pro meu trabalho. Não por ter sido meu, mas tenho absoluta certeza que o meu trabalho foi melhor em conteúdo do que muita idiotice entregue. Mas acho que os verbetes utilizados e a metodologia academica do discurso semi-vazio não estavam presentes em meu texto e por isso meu trabalho foi parar na geladeira. Eis ainda minha distância do panteão acadêmico: ninguém nasce com dentes e a orientação é necessária, mas quem seria o professor bom samaritano?


Em síntese: o mundo está errado e eu não. Talvez meus conceitos devam ser revistos. Talvez o mundo academico não é e não deva ser aquilo que imaginei e para fazer parte dele existem regras tácitas a serem seguidas mesmo que a lógica prática das coisas seja ignorada.
Por conta disso, andamos a passos curtos porém firmes. Sinto a necessidade de observar e aprender o mais breve possível os meandros da política acadêmica a fim de tentar obter algum fruto dessa experiência, ao invés de simplesmente cursar um mestrado e vê-lo passando batido deixando as oportunidades se esvaindo pelos dedos das mãos. Até agora tento identificar as oportunidades para escrever publicações científicas mas parece que os professores não fazem muita questão de explicar bem como isso funciona. Vejo aqui e acolá alguns dos meus colegas escrevendo e trocando orientações com professores sobre artigos, todos eles escritos com base em trabalhos das disciplinas ou mesmo por iniciativas proprias. Me pergunto como e por onde começar a também produzir cientificamente mas não consigo uma orientação sequer. É nessas horas que me sinto um tremendo dum burro. Espero que as coisas mudem com o desenrolar desse e do próximo ano, sem esperar, claro, a alavanca de ninguém em especial.


Mas, na verdade, o que me motivou a escrever mais um post sobre minha aventura academica no mestrado não foi esse choradeira aí de cima (reconheço que é uma choradeira em decorrência da minha incompetencia em não conseguir me incluir nesta comunidade). Mas esqueçamos por um momento tudo isso...O que realmente me motivou foi a idéia que está amadurecendo a cada dia sobre meu projeto de mestrado: a criação de um índice de produtividade para a indústria frigorífica bovina. Explicarei...
Todos sabem que me tornei um profissional da TI cuja especialidade é o trabalho com sistemas ERP. Assim, comecei a frequentar as aulas do mestrado já com a idéia fixa de montar um projeto e defender uma dissertação que envolvesse esse tema. Aproveitei a ótima disciplina que tive de Gestão de Processos para amadurecer a idéia, uma vez que a descrição e gestão dos processos hoje estão intimamente vinculadas com a implantação e gestão de sistemas ERP nas organizações. Porém, a linha de pesquisa "gestão de processos" é muito ampla e está mais relacionada a área administrativa (gestão) e, portanto, a área das ciências humanas, o que distorceria a minha própria área de atuação profissional, coisa que não gostaria de fazer. Pesquisar sobre a relação dos sistemas ERP com a descrição, revisão e implantação de processos seria excelente, principalmente num ambiente praticamente inexplorado como numa industria frigorífica bovina que já bem conheço a 6 anos de empresa. Mas, como já disse, eu correria o risco de abandonar a área tecnológica e das ciencias exatas. Assim, essa idéia foi deixando de ser, de uns meses para cá, menos cativante e mais distante de meus interesses.
O mestrado em Sistemas e Processos Industriais (SPI) é um mestrado multidisciplinar, com semelhanças ao de Engenharia de Produção. Com isso, suas disciplinas oferecidas são as mais variadas o que torna o curso mais interessante ainda. Mesmo sabedor de que terei outras interessantes disciplinas de outras áreas, a medida em que vou cursando-as minhas idéias sobre meu projeto vão mudando e mudando, até que tive o estálo e concebi esta idéia final. Creio essa ser a idéia final sobre meu projeto, uma vez que no trimestre que vem deverei decidir sobre o que pesquisar.
Bem, foram através das atuais disciplinas que estou fazendo (Controle Estatistico da Qualidade e Metodos Matemáticos) juntamente com a primeira delas que já cursei (Análise Multivariada) que as vinculei com uma necessidade atual do Frigorífico Silva. Nesta empresa é utilizado um índice chamado Kg/Homem/hora que avalia a produtividade dos setores desossa e embalagem secundária. Acontece que esse índice está com seu método de apuração totalmente falho, carente de embasamentos de modelos estatísticos e matemáticos. Gol! Aí está!


Imaginemos então a identificação de variáveis de produção, a coleta de dados com base nessa modelagem e a analise multivariada destas, a ponto de utilizar seus resultados para a confecção de um novo índice de eficiência produtiva utilizando o emprego de equações diferenciais e obtendo como produto um modelo matemático para o cálculo e abstração desse índice. Com base em várias observações utilizando o modelo matemático desenvolvido, constroi-se um rol deste índice e, utilizando controles estatísticos de qualidade, validar-se a aplicação desta nova metologia de apuração da eficiência produtiva em um frigorífico bovino. E para isso tenho a disposição um sistema ERP de uma empresa frigorífica bovina do qual poderei extrair e analisar uma quantidade excelente de dados. Ufa!!!

Vai ser moleza? Nem um pouco, e os motivos são maiores que os obvios: além de utilizar estatistica e demais modelos matematicos puros há também o fato do camarada aqui não ter muita intimidade com a matemática. Vejam só, Howard Gardner em sua "Teoria das Inteligências Multiplas" afirma que uma das 7 inteligencias identificadas por ele é a inteligencia logico/aritmética. Sou um analista de sistemas e uma de minhas atividades profissionais é a programação, o que significa que o raciocínio lógico é uma prática diária e está constantemente no meu quotidiano, mas a aritmética não. Isso significa que o fato de se ter dominio numa dessas vertentes da matemática não quer dizer que se domine a outra. Para falar a verdade a matemática sempre me deu trabalho no período escolar e na faculdade. Foram os malditos Calculo I e II que complicaram a minha vida para eu me formar, assim como as Estatística e Probabilidade. Que coisa hein??
Teoricamente deveria eu fugir dessas áreas como o diabo fugiria da cruz, mas não. To a fim de encarar. Será que devo? O fato maior é que sempre me dei mal porque simplesmente tinha preguiça de estudar, so que agora não tem escapatória, vou ter que estudar, e muito. Acho, inclusive, que terei de pedir água para alguns conhecidos nessas áreas pois o negócio vai ser thrash metal.


A descrição de minha intenção de projeto é linda e maravilhosa, mas até eu estou curioso para saber como é que vou fazer para encarar esse desafio e conclui-lo escrevendo minha dissertação. Acho que minha motivação, pra não dizer coragem, para encarar esse desafio vem do fato de que eu sempre achei interessante essas áreas, principalmente onde elas poderiam ser empregadas. Estou agora visualizando uma aplicação e me interessaria muito criar um produto dessa natureza.
Sem dúvida será um trabalho singular. Meu tio, que é professor, disse que se tiver relativo ineditismo poderei classifica-lo como tese de doutorado direto, mas... menos Batista.
Vamos ver no que vai dar. O mais interessante nisso tudo é que, caso eu tenha êxito nesse empreitada, poderei me credenciar como professor de Estatística. Inacreditável não? Minha mãe não acreditou quando expliquei as ferramentas que iria utilizar nesta minha idéia inicial de projeto e disse para eu ser "mais sério" no mestrado pois o meu investimento está sendo alto. Ela falou isso porque sofreu junto comigo quando fiquei pendurado nos calculos e na estatística para eu me formar. A idéia de se tornar professor de estatística me agrada pois é necessário nos especializarmos em algo palpavel caso eu queira me aventurar como docente. Afinal, já vi professores de redes de computadores, banco de dados, analise estruturada, programação orientada a objeto, algoritmos, calculo, matematica financeira, logica matemática, algebra linear, entre outros,... mas ainda não vi professor em ERP, e é de ERP que eu entendo.

Pois é, por essas e outras que eu vos afirmo que até mesmo os desafios também mudam com o tempo. Para esse novo desafio, imposto a mim por mim mesmo, só dependerá de meu esforço para que o vença, e capacidade eu sei que tenho. Para tanto, será necessário eu superar meu primeiro obstáculo: a preguiça de estudar matemática. Gosto de ler mas a matemática amolece meus miolos de uma maneira incrivel.
Gosto de pensar que esse desafio será minha carta de alforria. Mas devo ressaltar: ha 10 anos atrás eu nunca iria imaginar que um dia eu iria estudar e me aprimorar em calculos e estatística, por pura vontade própria.
Realmente os desafios também mudam.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Para reflexão!


Reproduzo, na íntegra, o texto de Dom Henrique Soares, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE, que aborda a realidade da TV brasileira.
Peço que, ao iniciarem a leitura do texto abaixo, procurem esquecer os detalhes religiosos ou que venham a vincular qualquer idéia à carolagem ou ética católica. Ou seja, independente do aspecto religioso, devemos reconhecer que o texto diz muuuuita coisa contundente e não menos verdadeira.


"A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.

Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho… Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, temos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha destruindo valores e criando ilusão…

E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…

Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!

Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranqüilamente dá-se as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”

Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo: censura! Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa. Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que quer, ninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos… E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!

Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação."

segunda-feira, 5 de março de 2012

Tá na hora de me respeitarem!

Se existe uma grande verdade é a de que a educação vem de casa. Por melhor que seja a escola de seu filho, por mais que ele tenha aulas de violão clássico ou que seja escoteiro, se você disser que é bonito sair pelado ou xingando as pessoas na rua, ninguém mais vai dizer o contrário. Ao menos até o momento que em que a idade adulta exigir algumas coisas.
O mundo mudou, em alguns aspectos para melhor e noutros para pior. Ninguém mais é obrigado a seguir religião alguma, senão quando criança por alguma orientação que os pais venham a dar. Mesmo assim ninguém é obrigado a nada depois da infancia ou adolescencia.
Não posso dizer que estamos tendo uma inversão de valores, pois embora a sensação que eu tenha é nítidamente esta mesma, se eu afirmasse categoricamente isso certamente muita gente, inclusive amigos, iriam me condenar. Penso que muitas vezes posso ter me tornado um tanto "radical" em minhas idéias e principios, mas depois de alguma reflexão percebo que não é bem assim: nem sempre o tempo faz com que as pessoas se tornem radicais. Ao contrário, em muitos casos, a experiencia e a vivencia fazem com que revisemos nossas idéias e tenhamos uma nova interpretação sobre aquilo que antes defendíamos com unhas e dentes. Há outra coisa que me convenceu de que não me tornei radical: não mudei tanto, mas aqueles que me criticam sim, e de maneira mais radical do que  o esperado. Se eu defendia uma posição, aqueles que não concordavam com ela além de não concordarem, me atacam por eu tê-las, tornando-se eles os novos e maiores "radicais" de toda esta cena.
Por que todo esse rodeio indtrodutório? Porque simplesmente me sinto vitimado pela incrivel falta de respeito que as pessoas estão tendo umas com as outras. Desde criança fui educado assim, a sempre tomar cuidado nas palavras para que aquilo dito por mim não ofendesse ou não magoasse as pessoas. Sim, fui doutrinado sempre a procurar a melhor forma de se dizer as coisas, buscando sempre a forma mais branda, porém não menos verdadeira. É claro que muitas coisas devem ser ditas de maneira direta e por que não dizer contundente, mas sempre soube que existem inúmeras formas de se dizer a mesma coisa, principalmente quando defendemos nossas idéias.
Não se trata de deixar de ser sincero ou coisa parecida. É que hoje algumas pessoas confundem sinceridade, honestidade e personalidade com pura falta de respeito. Não vai ser dizendo o que passa pela tua cabeça, sem sequer filtrar ou medir palavra alguma, que te fará mais forte, autentico ou mesmo viril, a não ser que tenhas uma séria deficiência de personalidade e que precise disso para se apoiar visto que sejas um autentico covarde e precise fechar os olhos para poder seguir em frente.
Digo isso tudo porque assisto a cenas de estupidez cada vez mais gritantes. Desde o fato de um pai ou uma mãe não repreender um filho quando este está exagerando em um ambiente com varias pessoas até o fato deste mesmo filhinho na escola ser defendido por unhas e dentes pelos papais por devido a suas notas baixas. Pais cada vez mais ausentes na vida dos filhos ou "presentes demais" também geram isso.


Entretanto, o que me moveu a escrever este post é, na verdade, a falta de respeito de certas pessoas comigo, e com muitas outras ao mesmo tempo, mesmo estas sem saber que estão nos ofendendo ou mesmo magoando. Muitas vezes são pessoas proximas que não medem as palavras e inconscientemente atingem as pessoas de maneira cega e sem clara noção desta falha.
Explico: todos sabem que sou católico, que minha formação desde a infância é essa. No entanto, devo dizer que hoje ser católico não é nada fácil, pois os preceitos e dogmas do catolicismo são hoje constantemente contestados, questionados e cruelmente atacados sem um mínimo de respeito qualquer.
Já ví no Twitter frases fortes como: "... Virgem Maria foi a maior vagabunda da história...", ou "... os filhos da puta da Igreja Católica...". Muitas dessas frases são ditas por jovens adolescentes que demonstram má educação, falta de orientação ou mesmo desestruturação em casa, mas outras também são ditas por pessoas velhas, já com seus 40,50, 60 anos.
Eu não quero aqui entrar em discussão com relação à "liberdade de expressão". Todos somos livres para dizer e pensar o que bem entendemos, mas... antes das pessoas dizerem coisas fortes como estas, será que pensaram se estaríam ofendendo alguém? Eu sinceramente torço que não, pois caso o contrário teríamos um sério problema de comportamento em nossa sociedade.
Pois saibam que quando vejo a figura de Nossa Senhora sendo xingada, tenho a sensação de que estou levando um tapa na cara. Quando alguém menciona os membros da Igreja Católica como "os filhos da puta da igreja católica" me sinto ofendido também, pois sou parte da Igreja Católica. E sim, isso me incomoda, me entristece e me revolta.
Em algumas ocasiões me encontro com alguns amigos da antiga. Nossa amizade é antagonica e pragmática pois temos personalidades bem distintas. Naquele grupo de "old friends" somente eu sou catolico praticante e em inumeros momentos já nos vimos discutindo religião. Bem, eu não mais procuro iniciar assuntos sobre religião e nem mesmo a promove-los depois de iniciados pois sei que sou minoria e, mesmo com bastante argumentos, me veria isolado. No entanto, gratuitamente eu vejo incitações a esta discussão de maneira gratuita. Então quando isso ocorre passei a pedir para mudar de assunto por pura consideração à nossa reunião de amigos e para demonstrar a eles que me sinto ofendido com aquilo. Ora...
Sempre me senti incomodado quando algum evangélico vinha a meu encontro e tentava me converter, pra mim isso era um ataque ao meu simples direito de ficar em paz no meu canto, pois sempre condenei essa abordagem agressiva nas pessoas. Pior quando além de abordar ainda atacavam outras religiões em prol das suas, essa sim era uma agressão completa que me incomodava e me tirava do sério. Por muitas ocasiões quando mais jovem me peguei discutindo com mentecaptos por causa dessa situação, hoje apenas os mando pastar.
Só que o problema agora é outro. Pelo simples fato de eu ser católico, sou abordado por "ateus" ou por aqueles que dizem  "ter a sua própria religião" e começam a jogar pedras com os mais variados argumentos tirados de manchetes sensacionalistas da Internet ou da TV: "... porque o Vaticano é cheio de ouro e o Papa senta em cima dele...", "... porque é uma ignorância achar que Maria engravidou virgem...", "... porque a Igreja Católica é uma farsa...", "... porque na Igreja Católica todo o mundo é pedófilo...", "... porque a Igreja Católica só tem ladrão...", "... porque a igreja vende cadeiras no céu (isso era na Idade Media, mas tudo bem...)", e por aí vai...
Não vou perder meu tempo em rebater nada disso. Como já disse meus argumentos são fortes e sólidos, bastam que queiram ouvi-los, mas nem mesmo isso as vezes temos a oportunidade de fazer.
O fato é que hoje criou-se um preconceito em ser católico. Então de um lado temos aqueles que não seguem religião alguma e que atacam a Igreja Católica por seus dogmas, muitas vezes de maneira violenta, e do outro temos evangélicos que tentam arregimentar pessoas de diversas formas, muitas vezes de maneira inescrupulosa nos atacando agressivamente. O ataque preferido deles é nos chamarem de "idólatras" por venerarmos imagens de santos, sem sequer saberem o conceito de "santo" e nem mesmo a diferença entre adorar e venerar. Me desculpem, mas já que estamos falando nisso, não dá pra comparar 2,3 ou 6 meses de supostos estudos para formação de um pastor em algumas dessas igrejas evangélicas com os mais de 12 anos de estudo que se exige para se formar um padre.
Amigos, não pensem que dentro da Igreja Católica não há questionamentos sobre o futuro da doutrina e seus dogmas. Há sim. Pessoalmente contesto, por exemplo, a questão da imaculação de Nossa Senhora, supondo que este pode ser revisto como uma outra forma de interpretação bíblica. A imaculação não precisaria ser apenas física mas poderíamos entregar esse conceito como uma pureza de espírito, de coração, ou mesmo como uma utopia, onde Maria seria o modelo ideal de mãe e mulher, refletindo seus atos jundo a Cristo. Assim como também questiono a questão do celibato junto a sacerdotes, enfim... Não quero defender nenhuma idéia nem iniciar nenhuma discussão, senão à idéia de ter direito a elas. Hoje eu vejo as pessoas torcerem o nariz porque sou católico  e muitas delas não se contêm e vem a meu encontro discutir, contestar minha posição e, com visível despreparo, expor argumentos fracos, rudimentares e ofensivos.
Tenho uma colega que ouviu eu comentar a outro colega que frequento o Terço dos Homens em minha paróquia. Ela começou a rir e perguntou: "... tu usa aquele tercinho com aquelas bolinhas?.." e continuou rindo. Deu de ombros e murmurou dando a entender que aquilo era perda de tempo ou mesmo algo ridículo ou coisa assim. Minha resposta foi simples: dei um sorriso. Óbvio que não tentei converte-la, nem é do meu hábito fazer isso, mas simplesmente sorri e deixei passar. E por que faria algo diferente?
Agora vejam: essa minha colega ao menos não me ofendeu, não me atacou. Tudo bem, beleza. Minha frustração é, no entanto, ver nas redes sociais os ataques gratuitos sem noção alguma.
Há mais ou menos 20 anos atrás, a cantora irlandesa Shinned O'Connor (aquela carequinha) rasgou em frente as câmeras uma foto do Papa João Paulo II. Shinned era radicalmente contra a Igreja pois ela afirmava ter sido molestada por um padre quando criança (um problema grave, é verdade, no âmago da igreja que nos envergonha nos dias atuais). Devido a esse fato, a carreira de Shinned simplesmente foi destruída, principalmente pelo fato dela ser irlandesa, um país essencialmente católico. Na ocasião, outra figura polêmica, a cantora Madona, se manifestou com relação a este episódio dizendo: "... por mais que estejamos tristes ou revoltados, rasgar uma foto de uma pessoa querida por milhões de pessoas não deve ser considerado um ato pensado e correto...". É, Madona parece ser bem inteligente, pois referia-se ao fato de que existem inúmeras formas de manifestar nossa opinião e que para isso deve-se ter o cuidado para que as pessoas não se ofendam com tais formas.
Há uns 3 ou 4 meses atrás, uma amigona minha postou no Facebook a foto logo abaixo:


Por ser minha amiga eu imediatamente fiz uma réplica dizendo que, caso ela tivesse interesse, mostraria todos os trabalhos e programas que minha paróquia estava desenvolvendo em comunidades carentes da cidade, assim como os trabalhos de pastorais, ministérios, e por aí vai... cheguei inclusive a mencionar que um querido padre amigo nosso morreu de malária no Moçambique (padre Gentil Trevisan) em uma dessas missões. Imediatamente após minha manifestação muitos outros amigos dela também a rebateram. Ela ficou acuada e depois se desculpou dizendo que "havia mexido num vespeiro" e que se arrependeu de ter postado tal foto. Na verdade o problema não foi o "vespeiro". A bem da verdade é que, de maneira impulsiva, sem critério algum e movida pelo preconceito e desinformação endêmica com relação ao assunto, minha amiga postou a imagem de maneira inconsequente. E isso é muito comum. Já tentei inúmeras vezes mostrar o trabalho que é feito numa paróquia (séria!!): mostrar que o dízimo que é recolhido nas cestas em frente ao altar é pra pagar a conta de água e luz da paroquia (e que "não vai pro Vaticano"), que fazemos rizzoto e galeto para vender não apenas para arrecadar dinheiro para manter as salas de catequese e toda a estrutura da paróquia mas para principalmente unir a comunidade em uma confraternização em meio ao trabalho comunitário (e que o dinheiro "não vai pro Vaticano"), que o curso de noivos antes do casamento não é pra doutrinar ninguem mas pra mostrar que o casamento não é uma aventura (e que o dinheiro da taxa "não vai pro Vaticano") e por aí vai.
Peço àqueles que se indentificaram com o que escrevi que reflitam e ajudem a disseminar o respeito entre as pessoas. Eu sinceramente não concordo com a viadagem, mas por lei e por principio humano eu respeito e convivo; não gosto do PT mas respeito e reconheço a importancia desse partido; condeno o uso da maconha, mas respeito aqueles que usam, mesmo que venham a encher meus ouvidos tentando provar pra mim que maconha não faz mal e que é "mais saudável" que o cigarro. Vivemos numa era de (in)tolerância. Agora então é minha vez de dizer que sofremos de preconceito... Quem diria????
Portanto amigos, peço encarecidamente que me respeitem, não me ataquem, não tentem me converter a nada. Deixamos de fazer isso a muito tempo. Sugiro que tomem cuidado nas redes sociais ao chamar os  católicos de "filhos da puta", alguma santa de "vagabunda" ou coisa parecida. Eu não faço isso com ninguém e não vou aceitar que façam comigo. Saibam que estão me ofendendo. Um outro exemplo que dou é no futebol. Sou gremista mas quando vejo que começam a exagerar, caio fora. Não concordo que chamem os colorados de "macacos" ou coisas de mais baixo calão. Caio fora na hora. Nada justifica a falta de respeito,... a não ser que me faltem com respeito. Saibam que a volta vem na mesma moeda. Se não concordam ou simplesmente não gostam da Igreja Católica, OK, podem se manifestar, mas deixem claro se é da Igreja Católica que não gostam ou das pessoas que a frequentam. Caso realmente não gostem nem de um nem de outro e não fazem questão de nutrir respeito algum, então, ... vão se foder, e não esperem pacividade de quem está escrevendo!
Pra terminar, abaixo um videozinho que exemplifica tudo o que falei. É um pastor de uma dessas igrejas evangelicas que perde a noção e chuta a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Pra que isso? Ele vai conseguir novos adeptos a sua igreja com isso? Vocês já viram a Igreja Católica promover isso? Talvez, como já disse, na Idade Média, na inquisição, queimando mulheres, matando gatos, e por aí vai...
Abraço a Todos.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Cavaleiros Templários, Piratas, Cristovão Colômbo,... mas bah!

O legal de se ter um blog é justamente escrever o que se quer sem se preocupar em quem vai ler. Melhor ainda, mata a vontade de falar sobre algo que você curte e que mais ninguém tem interesse (eh eh eh...) mas depois de postado, uma pá de gente lê, curte e depois comenta.
Fanático em história como sou e com um gosto bastante peculiar (pra não dizer estranho) com relação a literatura estou sempre revirando as estantes de livros nas livrarias com temas históricos mas que beiram (eu disse "beiram") ao esoterismo e abordam mistérios da história ocultos e existentes apenas em lendas, contos e narrativas especulativas. Claro, a medida em que a gente lê esse tipo de material que eu chamo de "literatura especulativa" e já dominando um pouco os conceitos aceitos academicamente dos contextos históricos, a gente fica cada vez mais criterioso com relação ao conteúdo que se lê, deixando de tomar tudo aquilo como verdade absoluta. Minha intenção agora é escrever uma série de posts justamente desses livros viajandões que já li e apresentar seu conteúdo sob resenhas. Assim, como já disse, posso falar sobre os assuntos e dar minha oipinião sobre os livros. Muitos de passagem já direi, serão sumariamente detonados. Por essas e outras que o foco de leitura será "levemente" modificado daqui pra diante.
Então vamos lá.
O lance do Graal me levou a ler sobre coisas incríveis que estão nas linhas marginais da história e que são brevemente abordados em artigos acadêmicos. Tais "coisas" são de fato realçadas com o intuito de fundamentar as lendas e especulações históricas. Assim, me peguei já lendo sobre: templários, cátaros, Rosslyn, Montségur, Os Monferrato, Rennes-le Chateau, Priorado de Sion, Leonardo Da Vinci, Opus Dei, Merlin, Rei Arthur, Glastombury, Santa Sara, Linhagem Sagrada, Reis Merovíngios, Familia Martel, Vonfran Von Eishenbach, Robert de Boron, Bernardo de Clairvoix, Chretien de Troyes, Cruzadas, Ordem de Cristo, Infante Dom Henique, Cavaleiros Hospitalários, William Wallace (ele mesmo), Maçonaria, Celtas, Visigodos, Vaticano, As narrativas dos Zenos, os Sinclair, e por aí vai. Não há como não ter uma pequena coleção de livros sobre esses diversos temas que, em algum tipo de lenda ou especulação, se encontram, se entrelaçam e se completam.
Pois é essa a receita do livro "Os Piratas e a Frota Templária Perdida: O Segredo de Cristóvão Colombo", escrito pelo americando David Hatcher Childress.


O título do livro já faz o cara que gosta desse tipo de assunto brilhar os olhos. Não deu outra, gastei 40 pratas na livraria. O assunto é, de fato, muito interessante e a forma de como o livro foi escrito pode ser lido de forma extremamente fácil, sendo uma leitura bastante acessível. Porém, é necessário que tenhamos em mente a natureza da obra: especulativa. Mas então, o que vem a ser a "literatura especulativa"?
Eu considero literatura especulativa toda obra literária que apresenta algum tipo de narrativa histórica como factual, baseada e referenciada em outras obras literárias que também possuem a mesma forma de embasamento mas que não possuem valor acadêmico algum. Em inúmeros casos, como o da obra em questão, se vê a referência a outras publicações que também não possuem credenciais acadêmicas, o que acarreta numa pirâmide de suposições sem valor histórico algum, senão o de puro entretenimento. Também considero literatura especulativa aquela que apresenta um assunto histórico e ao final conclui com uma interrogação. Ou seja, o próprio autor conclui seus capítulos e parágrafos com questionamentos fantasiosos sem se aprofundar na resposta destes caracterizando em incitação à especulação histórica dos fatos apresentados.
Não é a toa que sempre devemos considerar as credenciais dos autores de tais obras para, posteriormente, começar a dar algum crédito naquilo que eles escrevem. Então conheçamos um pouco do autor desta obra, David Hatcher Childress.



 De acordo com a Wikipedia, David Hatcher Childress é um autor e editor americano de livros com tópicos em História Alternativa e Revisionismo Histórico. Seus trabalhos tratam de temas como contatos trans-oceânicos pré-colombianos, Tesla, Ordem dos Templários, cidades perdidas e Vimanas. Apesar do seu envolvimento público em áreas gerais de estudo, Childress admite não ter credenciamento acadêmico como arqueólogo profissional ou qualquer outro campo de estudo.
Então já se tem uma base do que sai daí. Childress também é conhecido como o "verdadeiro Indiana Jones", por se embretar nas grotas do mundo atrás de cidades perdidas, tesouros e afins.
Bem, Childress faz uma verdadeira sopa de teorias num livro de apenas 250 páginas. Primeiro começa a abordar a questão Difusionismo X Isolacionismo: coloca em xeque as posições acadêmicas de que a descoberta do continente americano foi feita por europeus no séc. XV e recorda as teorias de que os fenícios e romanos já teriam visitado a costa sul americana do atlântico na antguidade. Nada bem fundamentado, cita o caso das ânforas romanas encontradas no mar proximo a Ilha do Governador no RJ nos anos 70 e de supostas incrições fenícias no Rio Grande do Norte. Se esquece de mencionar as posições oficiais da marinha brasileira e do histórico de estelionato do descobridor das supostas antiguidades, bem como o misterioso desaparecimento dos artefatos do fundo do mar. Em síntese, conta uma história apenas em seu começo, só a parte "boa". Se formos a fundo veremos mais argumentos de improbabilidade de que romanos ou fenícios em suas pequenas embarcações incapazes de transportar muita água potável não conseguiriam atravessar o oceano atlântico. É claro que o assunto é polêmico e cabe sim muita especulação. O sabor do livro ta aí, mas se não tomar cuidado, Childress pode fazer com que você rasgue todos os seus livros de história.
A parte mais bruxa e central do livro é quando Childress aponta o início da pirataria romantica com a perseguição à Ordem Templária e ao sumiço de toda a sua frota. Em síntese, Childress afirma categoricamente que os Templários  deram origem aos piratas e tinham como objetivo basicamente afrontar as marinhas católicas. Afirma que os piratas respeitavam países como Inglaterra e Portugal por estes terem sido portos seguros à perseguição promovida pelo Vaticano.
Para qualquer um que tenha um pouco de conhecimento histórico, as teorias de Childress são no mínimo fantasiosas demais, necessário uma pequena averiguação. Peguei um antigo livro da Coleção Coruja, que ganhei quando era criança cujo título era "Histórias de Piratas e Corsários" e comparei as afirmações de Childress com o que a literatura oficial dizia sobre os piratas.

Childress viajou. Ao relembrar a origem da Maçonaria junto à Ordem Templária (até aí tudo bem) foi capaz de afirmar que piratas como Morgan e Kidd seriam.. maçons. A principal atochada de Childress é a afirmação de que os Jolly Rogers (as famosas bandeiras negras) são oriundas dos templários. Afima que as caveiras e ossos cruzados são símbolos templários e que a origem da expressão "Jolly Roger" ("Alegre Rogerio") vem do Rei Normando da Sicilia Rogerio II em afronta a Igreja Católica.

O livro "Histórias de Piratas e Corsários" desmente tudo isso e faz relembrar a verdadeira origem dos piratas românticos quando estes iniciaram como sendo corsários, a serviço de bandeiras e coroas quando estas não dispunham de frotas marítimas de vulto para enfrentar países como Espanha e Portugal que, na época, dominavam os mares. Quando finalmente esses corsários são dispensados pelas nações por estas já terem suas armadas estruturadas, resolvem utilizar suas bandeiras brincando com a morte. Cada capitão pirata adota uma versão do "Jolly Roger".
Por fim, Childress se sobressai ao tentar afirmar que Critovão Colombo não era italiano, mas espanhol e... judeu. Cita uma obra do famoso caçador de nazistas Simon Wiesenthal (um judeu, não é de admirar) ao afirmar que "Cristoforo Colombo" era na verdade "Cristóban Colon" e que era judeu. Por isso sua motivação para atravessar o atlantico era a de encontrar a colonia perdida judia, fundada quando estes cruzaram o atlântico depois da diáspora judia e cuja rota já era conhecida pelos judeus desde o tempo do Rei Salomão, utilizada para trazer o ouro para a contrução de seu templo. Sim, Childress especula (é o que ele mais faz durante todo o livro) que o judeus podem ter chegado até o Mexico e ter entrado em contato com as civilizações pré-colombianas. Daí viria o tesouro para o Grande Templo em Jerusalém.
Achei o livro uma viagem, porém não menos interessante.
Childress ainda afirma que os Templários teriam um projeto: a construção da "Nova Jerusalém", longe de sarracenos e do Vaticano, no Novo Mundo. Daí as expediçoes de William sinclair e Nicoló Zeno a partir das ilhas Orcadas no século XIV.
Childress não segue um único raciocínio em sua obra, caracterizando, como já disse, uma sopa de teorias especulativas inacabadas e sem muito embasamento científico. Vale a pena compra-lo? Sim, vale, mas se tiver plena consciencia de que não se pode toma-lo como uma verdade absoluta.