segunda-feira, 25 de abril de 2011

Quando me puxaram o tapete... mas não caí!

Hora de jogar merda no ventilador. De vez em quando é bom, a gente bota pra fora tudo que gostaria de dizer e quem está lendo ainda se diverte um bocado.O legal de se ter um blog como esse é que se pode escrever o que der na telha. Ainda mais se quem for o dono do blog e estiver escrevendo está (relativamente) de bem com a vida, sem dever um tostão pra ninguém e ainda passado por cima de alguma adversidade, a ponto de erguer o dedo médio de uma mão, apontar o punho e dizer bem alto a quem for necessário: "vai se foder".
Aqueles que me conhecem sabem que não guardo mágoas nem rancores, mas isso não significa que uma borracha seja passada naquilo de ruim que me fizeram. Aprendi uma coisa com o meu pai: "perdoar se perdoa, mas esquecer a gente não esquece". Meu pai atribuia esta frase a John Kennedy. É uma pena que meu próprio pai não levava essa máxima a sério, tenho certeza que se ele tivesse feito isso, estaria ainda entre nós.
Tendo esses valores em mente venho nesse momento contar uma história triste, injusta e ao mesmo tempo com um final feliz.
Em 2002 fui demitido de meu primeiro emprego sério. Minha imaturidade em lidar com aquela situação nova levou àquele desfecho. Voltei para Santa Maria enquanto minha namorada, hoje esposa, acabara de conseguir um emprego na Sadia em Três Passos, RS.
Logo ao chegar em Santa Maria, fui imediatamente procurar algo para fazer, para conseguir algum dinheiro. O tempo em que fiquei na Celulose Irani não foi o suficiente para eu me especializar em alguma área então imediatamente abracei as aulas oferecidas pelo SENAC Santa Maria. Nesta escola de capacitação comecei a ministrar aulas de informática básica para diversos públicos.
O tempo se passava e com aquele ambiente de sala de aula comecei a me simpatizar pelo ofício de professor. A idéia seria excelente: finalmente estaria desenvolvendo uma especialidade profissional, a de professor de Informática.
O tempo foi passando e minha situação junto ao SENAC não era nada agradável. Não fazia parte do quadro de funcionários, era apenas um "colaborador" que prestava serviço como "autônomo". Essa situação começou a preocupar a direção da escola pois muitos como eu estavam acionando a justiça para reclamar causas trabalhistas. Então muitas imposições nos foram postas e uma delas foi a de que todos os professores na minha situação deveriam constituir empresa para prestarem serviço ao SENAC sem haver perigo de caracterizar vínculo trabalhista.
Bem, tudo isso de minha parte foi feito. Não tinha ainda uma perspectiva profissional clara até o momento em que a direção do SENAC Santa Maria nos chamou (eu e vários professores na situação como a minha) e  colocou na mesa o projeto de se criar cursos técnicos na área da TI e, com isso, nos absorver definitivamente no quadro de funcionários.
Meus olhos brilharam. Aos poucos fui sabendo do bom salário que era pago aos professores do quadro do SENAC e das boas perspectivas de vários cursos, tanto de nível técnico quanto de nível superior que estavam por ser criados. Não pensei duas vezes em mergulhar de cabeça no projeto. Era algo manero, inovador para a escola, para Santa Maria, e ao mesmo tempo desafiador, pois fomos incumbidos de montar todo o projeto pedagógico do novíssimo "Curso Técnico de Informática" que seria oferecido pelo SENAC Santa Maria.
Minha participação efetiva nas reuniões, na elaboração dos documentos e no acato às minhas opiniões me davam a certeza de que estava incluído nos planos do SENAC para aquele projeto. Tenho orgulho de dizer que praticamente todo o conteúdo programático do curso técnico do SENAC, ou foi sugerido por mim, ou foi revisado por mim. Sim, posso dizer que fui o grande responsável por formatar o curso técnico do SENAC. Isso é simples de entender: talvez eu fosse um dos poucos professores formados na área da TI, ao menos que tinha nível superior, então era claro o meu nível de esclarecimento e visão em comparação aos demais professores, todos eles com formação técnica e docentes apenas de cursos de capacitação.
O "OK" da direção do SENAC era claro. Mandavam termos calma que as coisas iriam acontecer aos poucos. Tudo estava devidamente encaminhado. Não preciso dizer que naquelas alturas eu já estava preocupado pois o tempo estava passando e minha instabilidade profissional e financeira era uma realidade dolorosa e angustiante. O tempo passava, reuniões e reuniões ocorriam com delegações de Porto Alegre. Meu nome em diversas listas, diversos currículos enviados para registro, e por aí vai...
Eu estava com a certeza de que o SENAC iria me chamar. Uma das coisas que mais me dava certeza era de que eu era o único professor daquele plantel com curso superior da área o maior partícipe da montagem do curso. Levei na boa quando disseram que eu deveria me "afastar novamente" da escola, pois mesmo com a empresa constituída e prestando serviço como empresa eu ainda poderia caracterizar vínculo empregadício. "OK", disse eu e topei afastar-me por seis meses da escola. Esse já era o ano de 2005 e minha dedicação e empenho pelo "Projeto SENAC" era tanto que naquele ano havia ingressado, cursado e concluído a pós-graduação em Informática Aplicada a Educação na UNISC, entendendo que este curso me auxiliaria no meu desempenho em sala de aula. Eu adorei a pós-graduação feita. Uma pena não ter sido empregada conforme havia planejado.
Nesse interim de seis meses, passei pelo SENAI, dando alguns cursos para o Exército e para menores aprendizes. Estava na expectativa de a qualquer momento ser chamado pela direção do SENAC Santa Maria.
Mesmo não dando aula no SENAC (ou seja, sem ganhar grana alguma) eu continuava a frequentar o SENAC e suas intermináveis reuniões de planejamento. Comecei então a perceber a enrolação, principalmente quando vi novos "profissionais". Percebi então que estavam contratando gente para o quadro de professores com aptidão para os novos cursos técnicos que viriam. Ví naquele momento que estava ficando para trás. Embora ainda não houvesse turma alguma do curso técnico em informática, aqueles novos professores já estavam contratados e eu...chupando dedo! Sabe Deus quantas reuniões eu participei, quantas idéias eu dei, quantas competências, habilidades e bases tecnológicas eu descrevi, quantas disciplinas eu dei nome e preenchi seus programas. De graça!
A partir daquele momento comecei a perceber o palhaço, o idiota que fui. Trabalhei de graça em prol do interesse da direção daquela escola que estava preocupada apenas com a meta de oferecer o curso. E o pior: professores que praticamente carreguei junto nas reuniões por terem um intelecto um tanto baixo, incapazes de gerar um idéia  para algum projeto, puxaram então meu tapete. Por várias noites me peguei refletindo sobre os motivos que poderiam levar ao meu descarte do quadro de profissionais do SENAC e sinceramente não cheguei a conclusão alguma. Minha mãe insiste em dizer que "alguma coisa eu fiz", mas vindo dela esse tipo de questionamento não seria novidade. Não, não havia definitivamente um motivo sequer de eu ser fritado daquele jeito, a não ser que alguns colegas meus também não quizessem minha participação no projeto. Depois de algum tempo fui saber que um dos menos qualificados estava de coordenador do curso.
Percebia então que estava ficando para trás. Depois de tanto esforço e dedicação, aquela escola me dava as costas e os professores dali, os quais jurava estarem junto comigo, puxam meu tapete e tomam pra si todos os méritos daquele projeto. A mim só sobrou a minha consciência de que tive capacidade e competência para desenvolver um projeto complicado como aquele, pois nem mesmo um papel (de tantos que vi com meu nome) sobrarou para contar história.
Estava desesperado. Minha então noiva já havia se mudado para Santa Maria e estava agora trabalhando no Frigorífico Silva. Me avisou que havia uma vaga de analista lá. Não perdi tempo em me apresentar. Mesmo na espectativa de ser chamado pelo SENAC (ainda tinha esperança) me apresentei à empresa. Não podia mais esperar, o tempo estava passando, já estava com 28 anos e não tinha perspectiva alguma. Meu ostracismo profissional estava crescendo e precisava do emprego.
Então fui admitido no Frigorífico Silva. Após 5 anos ainda estou nessa empresa na condição de Coordenador de TI com uma equipe de 5 profissionais e uma rede de mais de 100 computadores.
Logo nos primeiros meses de empresa eu ainda flertava o SENAC pois estava muito desatualizado e não sabia se duraria no emprego devido ao meu ostracismo. Felizmente não foi o que ocorreu.
Notem que nesse texto não citei nomes. Nem citarei pois poderei fazer injustiça, se alguém ler este texto e se enquadrar no seu contexto, que poderei fazer?
O fato é que hoje, após 5 anos, estou firme no emprego, com trabalho desenvolvido e reconhecido pela diretoria da empresa, e mesmo assim sem estar afastado da sala de aula, pois hoje leciono na escola Técnica CS Computadores da melhor maneira possível: como sendo apenas uma atividade extra, o que me permite agir da maneira como achar mais correta.
Quanto ao SENAC? Só sei que a direção da época foi meses depois demitida e que muita coisa não andou como deveria por lá. Talvez tenha sido uma providência eu não ter sido absorvido por aquele quadro. Foi graças a esse desfecho que hoje estou profissionalmente onde sempre deveria estar: no meio da área da TI, especializado na gestão de sistemas ERP e no planejamento e gestão de processos industriais. Inclusive meu mestrado é nessa área.
Agradeço ao SENAC por não ter me chamado para ser seu professor efetivo, pois graças a isso meu horizonte se reabriu. Não vou dizer que nunca mais pisarei na escola SENAC, até mesmo porque os maiores atores daquela palhaçada não mais estão lá mas devo confessar que hoje aquilo não me faz falta alguma.
Essa é uma passagem de minha vida que considero injusta, por todo o trabalho que desenvolvi e que por isso não recebi absolutamente nada em troca, nem mesmo um "muito obrigado". Triste, porque só de me lembrar já tenho vontade de chorar devido ao sofrimento da falta de perspectiva que aquela decepção me trouxe. E finalmente feliz, porque aquela não é mais minha realidade.

Carta para um desarmamentista

Texto que está circulando pela Internet e que recebi por email. Abaixo o mesmo na íntegra:

 
Ao jornal Gazeta do Sul
Ficarei muito grata com uma possível publicação.
 

Ao ler a carta do professor e escritor Valdo Barcelos, intitulada "Desarmemo-nos", com relação à proposta de plebicito pelo desarmamento que o governo ensaia realizar, me vi compelida a fazer algumas considerações sobre suas afirmações.

-Quando ele diz que algumas ações dificultariam a ação de potenciais assassinos e de psicopatas , entre elas promovendo o desarmamento das pessoas - quero lembrar que as pessoas que estão armadas até os dentes , inclusive com armamentos exclusivos das Forças Armadas, sáo os bandidos, os marginais, os traficantes de drogas e armas, por exclusiva incuria do governo em nossas fronteiras. As outras pessoas ...90% da população civil e decente, não possui arma de fogo nem na forma de trabuco, entre as quais incluo eu e meus familiares. E o restante, uma ínfima minoria, as tem de forma legal, responsável e consciente. Não são estes que promovem massacres, portanto, forçar este raciocínio é uma leviandade e um desrespeito para com aqueles que optaram por ter armas de defesa, conforme a lei lhes permite.

-Quando o professor afirma que se deve desarmar todas as pessoas que não tem necessidade comprovada de usar armas, num país onde se vive em meio à violência, é tirar o natural direito de defesa à vida daquele cidadão que já vive sob ameaça diária e vê na na posse e uso da arma um instrumento de defesa da vida e não de ataque.

-Segundo relata o professor, as informação oficiais computam hoje cerca de 16 milhões de armas de fogo nas mãos de pessoas que não exercem funções na área de segurança pública. Mas o professor não esclarece o porcentual destas armas que estão nas mãos de criminosos, e claro está que é a grande maioria. Então eu pergunto: desta vez o governo vai tirar as armas dos bandidos ? E vai impedir que eles se armem novamente ? Ou vai repetir a falácia de filmar a destruição pública de armas de mais de cem anos, entregues ao governo pelos bons e simplórios cidadãos, só para servir de instrumento de propaganda?

-Quero só lembrar mais uma vez que o facínora que cometeu o massacre em Realengo não é louco, não rasga nota de cem reais, preparou tudo com muita antecipação, e adquiriu as armas - que sua mão assassina empunhou contra as crianças - das mãos também podres e assassinas de traficantes de armas e drogas.

-Termino dizendo que , apesar de ter perdido um filho de apenas 30 anos para um assaltante...entendo que foi a mente fria e maligna de um sociopata que o matou...a arma foi um revolver cuja bala atingiu o que de melhor tinha meu filho, o coração. Mas poderia ser uma faca, um estilete, uma tesoura...até mesmo uma chave de fenda...Basta que se queira matar uma pessoa...a arma está sempre à mão...não precisa ser arma de fogo.

O pior desta proposta de plebiscito de desarmamento neste momento nem é o alto custo implicado, já orçado em 1 bilhão de reais... mas sim o fato de ser uma medida diversionista para distrair a atenção da população de fatos muito graves que estão ocorrendo neste país...como por exemplo o retorno odioso da inflação.
Aliás, esclareço que eu votei muito bem no plebiscito sobre o desarmamento em 2005, que não passou de uma farsa , de uma peça de propaganda do governo petista, da resposta esperada pelas instituições internacionais que servem de cabide de emprego a uma esquerda populista e retrógrada.Votei contra a farsa...e repetirei meu voto caso o plebiscito seja realizado novamente, em evidente desrespeito à vontade popular já expressa no resultado do referendo de 2005.

Mara Montezuma Assaf - professora de História aposentada

Preciso argumentar mais alguma coisa? 

domingo, 24 de abril de 2011

Hipertexto

Em 2005 eu estava numa pindaíba desgraçada. Ainda estava com o projeto de tornar a atividade de professor como minha principal, tudo dependia apenas do SENAC SM cumprir sua promessa, a de me efetivar como membro de seu quadro docente, o que não ocorreu.Enquanto isso não acontecia, estava então afastado da sala de aula devido "a questões trabalhistas", isto é, a pedido do próprio SENAC SM, afastei-me da escola "para depois retornar", zerando assim qualquer pendenga que pudesse haver no aspecto trabalhista, uma vez que dava aulas na escola a alguns anos já como autônomo e essa prática poderia indicar vínculo trabalhista.
Bom, mas isso é assunto pra outro post. O fato é que, enquanto estava na geladeira resolvi me aprimorar na arte da sala de aula, então resolvi fazer uma pós-graduação na área: "Especialização em Informática Aplicada à Educação" na UNISC. Nesse curso, tive contato com várias teorias educacionais e com a visão da TI sob a perspectiva de sua aplicação educacional.


Vários trabalhos foram desenvolvidos e um dos que mais me agradou foi sobre o hipertexto. Este foi escrito totalmente na perspectiva de navegação de um hipertexto e está até hoje publicado em um provedor gratuito de website.
Sem dúvidas foi um dos melhores e mais interessantes trabalhos que já fiz. Eis o link:
http://www.informatica-educacao.50megs.com/hipertexto/index.html

domingo, 17 de abril de 2011

Symfonia


Há alguns meses eu já esperava o lançamento do trabalho do tal Symfonia, uma banda de heavy metal melódico ("banda" é um substantivo do gênero feminino, então por que temos o hábito de chamar as bandas pelo artigo "o"?) formada por, digamos, "supermúsicos" deste estilo.
Aliás, o termo heavy metal melódico foi cunhado no início dos anos 90 com o aparecimento de bandas heavy metal européias influenciadas principalmente pelo Iron Maiden e pelo Helloween  (com suas definitivas obras, os álbuns Keeper of the Seven Keys part I e II). Surgiram então expoentes deste estilo, como: Stratovarius, Blind Guardian, Rhapsody, Angra, Gamma Ray, Sonata Arctica, Hammerfall, Edguy, Nightwish, etc. Com o andar dos anos formou-se o termo "power metal" para rotular o estilo sinfônico destas bandas de heavy metal devido ao fato de que algumas delas carregavam seus trabalhos de elementos líricos medievais, evocando assim elementos da cultura européia desta época. As músicas passam então a narrar batalhas medievais, cavaleiros, espadas, dragões, castelos, magia, e por aí vai... O celeiro destas bandas é até hoje o continente europeu, em especial a Alemanha e Finlândia, onde já se possui infraestrutura (estúdios, gravadoras,...) e mercado próprio para esse gênero.
Pois bem, voltamos ao Symfonia.
O anúncio deste projeto capitaneado pelo finlandês Timo Tolkki trouxe alvoroço à cena metálica por trazer um line-up simplesmente espetacular, um verdadeiro "dream team" do heavy metal. Nada menos do que Tolkki (ex-Stratovarius/Revolution Renaissance) nas guitarras, André Matos  (ex-Angra/Shaman) no vocal, Jari Kainulainen (ex-Stratovarius) no baixo, Uli Kusch (ex-Helloween/Masterplan/Gamma Ray) na bateria e Mikko Härkin (ex-Sonata Arctica) nos teclados. Não precisamos dizer que há uma pontinha de orgulho tupiniquim ao vermos o nome do André Matos como interprete vocal. Quem já é apreciador do estilo e acompanha o heavy metal brazuca conhece seu belo trabalho. Lembremos, no entanto, que Matos não é marinheiro de primeira viagem e já é conhecido no cenário internacional. Além da própria projeção do Angra na Europa e Japão, Matos também já participou em trabalhos junto a projetos como o "Avantasia" (opera rock do Tobias Sammet), Epica, com Luca Turilli, entre outros.
Kusch, Tolkki, Matos, Kainulainen e Härkin
A idéia do projeto partiu, segundo a versão oficial, de encontros informais entre André Matos e Timo Tolkki. Esses músicos, por coincidência estavam morando na Escandinávia, Andre Matos e Timo Tolkki que já se conheciam há um certo tempo, vinham se encontrando por lá, e desses encontros casuais acabou surgindo a idéia desse projeto que foi batizado de Symfonia. Decidiram então, unir forças com os outros conceituados músicos do metal e por o projeto a frente.
Ao que tudo indicaria, teriamos então uma super banda. E o que esperar de uma super banda? Ora, um super álbum com super músicas. Mas para alguns não foi bem assim...
Talvez pelo fato de se criar um espectativa muito grande a crítica não poupou e caiu de pau sobre o álbum de debut, intitulado "In Paradisum". Não se poupou munição para metralhar o trabalho que, ao meu ver, não é nada ruim e merece ser ouvido com um relativo apreço.


Bom, nem havia ouvido faixa alguma do trabalho e a capa do álbum já me chamou a atenção. Parecia um novo álbum do Stratovarius e com isso, dei uma risadinha. A impressão que tive ao começar a audição não se distanciou da primeira.
Os motivos que me levaram a vincular esse trabalho com os do Stratovarius são óbvios. Timo Tolkki era líder e praticamente o único compositor do Stratovarius. Com obras definitivas do Stratovarius no currículo, como o album "Visions", a identidade musical de Tolkki é facilmente encontrada neste trabalho. Sinceramente, ao ouvir os primeiros acordes do novo álbum me lembrei exatamente dos dias áureos do Stratovarius. Hoje, o Stratovarius já lançou dois álbuns sem Tolkki, que se afastou da banda devido aos quebra-paus internos com o resto dos integrantes havendo inclusive briga judicial. Dá pra ver nitidamente que os álbuns "Polaris" e recentemente o "Elysium" estão longe do polimento, criatividade e harmonia dos trabalhos antigos do Stratovarius. Claro, Tolkki não está mais lá e com isso a banda perdeu em muito qualidade musical. Mas isso é assunto para outro post.
Tolkki é o grande compositor do Symfonia, mas não sem a participação ativa de André Matos. A contribuição de Matos às músicas está na verdade mais nítida na forma de interpretação das questões. A formação clássica de Matos junto com a sua brasilidade dão um aspecto menos frio às músicas do trabalho, típico dos músicos escandinavos. Evidente que Matos contribui para as composições, principalmente onde podemos encontrar violoncelos e demais toques sinfônicos nas composições. Não dá pra dizer que há elementos do Angra no álbum porque os principais compositores da banda eram Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt e Matos também tem apenas participações nos retoques finais das músicas.
Devo dizer que existem faixas em que Matos está com seu vocal chato pra cacete. Além disso, em todo o álbum ouço um André Matos longe de sua melhor fase, seja nos vocais do Viper ou nos vocais do Angra (no álbum "Angels Cry" ele simplesmente mata a pau).  Entretanto, André Matos está longe de ser um vocalista ruim e sua voz no contexto do trabalho está bem colocada, fazendo com que o som do Symfonia flua de maneira limpa, cristalina, de forma a agradar os apreciadores do heavy metal melódico.

André Matos e Timo Tolkki
Como já havia dito, a crítica caiu de pau no primeiro trabalho da banda. Ao que pude ler foram formuladas duas grandes críticas ao álbum "In Paradisum". A primeira fala que por ser uma banda de heavy metal melódico (eu odeio o rótulo "power metal") ela simplesmente..."não inovou". Isso é compreensível tendo em vista a enorme e desgastante exposição do gênero nos anos 90 onde o mercado de heavy metal era totalmente voltado a essa vertente. E convenhamos: o que surgiu de bandinha de heavy metal melódico ruim naquela época não foi fácil, pois para fazer esse estilo musical os músicos devem ser muito bons. Então o argumento da alta exposição do estilo e da falta de inovação até procede, mas... O Iron Maiden inova?  E quem tenta inovar muitas vezes dá com os burros n'água, cito o Metallica nesse caso. Portanto, dizer que a banda não inovou seria uma injustiça para seu primeiro trabalho o qual ainda não pode determinar uma identidade musical para o grupo.
A segunda grande crítica é que foi uma banda formada num momento ruim, onde o heavy metal melódico não está mais no centro das atenções como nos anos 90, devido ao que já dissemos anteriormente.
As críticas até possuem certa fundamentação, mas não podemos julgar o trabalho de uma banda que simplesmente faz música de acordo com a formação músical de seus músicos. Ser fiel a um estilo musical não significa não inovar, e foi isso que o Symfonia propôs.


 Então aqui vai minha opinião com relação ao primeiro trabalho do Symfonia: é bom! Gostei, se encontrar o CD em uma loja eu certamente o comprarei. As músicas foram todas compostas com bom gosto e com um capricho nos seus arranjos musicais. Vejamos algumas faixas:
 "I walk in neon" beira ao pop, mas com uma levada empolgante.  O vocal do Matos, assim como nas outras músicas, é bem colocado e bem desenvolvido. "Rhapsody in black" é uma faixa que alterna em melodia e peso, um riff que faz com que o pezinho comece a bater no chão.
Mas para mim a melhor de todas é a faixa título "In Paradisum". Na sincera, ao escutá-la pela primeira vez, parecia que estava escutando o álbum "Elements" do Stratovarius. É puro Timo Tolkki!
Por fim, tenho só uma ressalva no projeto Symfonia: a de que me parece que realmente é só um projeto. Analisando o histórico dos músicos podemos perceber que alguns não gostam muito de esquentar banco ou simplesmente encaram a música como um business apenas. Não que estejam errados mas não vejo aquela paixão pela banda como se fossem uma família, mas apenas um projeto profissional. André Matos foi do Viper, Angra, criou o Shaman, arriscou carreira solo e agora ta com o Synfonia. Timo Tolkki saiu do Stratovarius brigando, criou o Revolution Renaissance que não rendeu como queria e agora está com o Synfonia. Uli Kusch foi Gamma Ray, ficou um bom tempo no Helloween, criou o Masterplan com Jörn Lande e Roland Grapow (também ex-Helloween) e agora o Symfonia. Apenas Kainulainen e Härkin não pularam de galho em galho nos ultimos tempos.
Espero que "In Paradisum" seja de fato apenas um trabalho de lançamento da banda e que o Symfonia ainda produza muita música de qualidade, de forma a calar a boca de seus críticos.
Humilde opinião de quem vos escreve.