segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Enigma da Pirâmide


Eu tô ficando craque em fazer resenhas de filmes. E devo dizer que é muito legal escrevê-las, principalmentes quando se descobre que elas acabam se tornando um sucesso e são constantemente acessadas. Benditas sejam as Lojas Americanas: mais uma vez dou uma voltinha por lá e o que encontro no cesto dos DVDs em promoção?...
Como já disse várias vezes, sou fã de carteirinha de romances policiais, principalmente aqueles clássicos. É por isso que alguns autores e seus personagens da literatura universal já são velhos conhecidos meus: Agatha Christie com sua doce Miss Marple e seu sagaz detetive belga Hercule Poirot; Georges Simenon e seu astucioso Comissário Maigret; Edgar Allan Poe e seu detetive Auguste Dupin que serviu de modelo a muitos outros e, é claro... Sir Arthur Conan Doyle e o personagem ícone do gênero: Sherlock Holmes.
Aliás, é incrível a devoção a Conan Doyle por vários escritores de todo o mundo. A paixão por seu célebre personagem é tanta que inúmeras obras foram escritas em tributo a contribuição dada por este escritor à literatura universal. Caleb Carr, autor conhecido por obras como "O Alienista" e "A Assustadora História do Terrorismo", aventura-se com o romance "O Secretário Italiano" a conceber mais uma aventura de Sherlock Holmes respeitando o espolio intelectual de Conan Doyle.
Nessa mesma linha de homenagens nostálgicas pelo personagem, Steven Spielberg roda em 1985 o longa O Enigma da Pirâmide (Young Sherlock Holmes) que conta a história do encontro de Sherlock Holmes e de seu inseparável amigo Watson ainda na adolescência na escola.

Os jovens Sherlock Holmes e John Watson
O filme em si é a cara do Spielberg (lembrando que nesse filme ele foi apenas produtor) antes de ele começar a só querer fazer "filmes sérios" e ficar martelando o assunto do holocausto judeu toda hora. Dirigido por Chris Columbus (Gremlins, Goonies...), foi indicado para o Oscar de 1986 de efeitos especiais perdendo para Cocoon. Recheado, portanto, de efeitos visuais incríveis para a época, o filme narra uma aventura de tirar o fôlego pela Londres victoriana de 1870.
Então, vamos ao filme...
Como dito, Sherlock Holmes e John Watson se conhecem na escola. Ao acompanharem pela imprensa uma série de suicídios estranhos, Holmes decide mergulhar na investigação destes quando seu mentor também se suicida de maneira controversa. Aí começa o furdunço.


O filme traz uma história envolvendo o Rame Tep, um culto egípcio antigo de adoradores de Osíris, e todo o plano de vingança de seu líder Rathe. A história é boa, e bem desenvolvida. Claro, algumas coisas estão um pouco exageradas, como uma pirâmide egípcia construída num subúrbio londrino, o culto a Osíris com cânticos e um batalhão de seguidores com espadas em punho correndo nas ruas noite afora pelas ruas de Londres, além de pequenos deslizes de roteiro, como o fato do cãozinho ter arrancado uma parte do tecido das vestes de um suspeito e depois tal pedaço ter sido encontrado no estúdio do mentor de Holmes, etc...


Mas o mais legal do filme não é o roteiro em si, que diga-se de passagem não é ruim e que cativa o público, principalmente o juvenil (assim como eu a mais de 20 anos atrás), mas sim os elementos que o compuseram e que explicam inúmeros detalhes da personalidade de Sherlock Holmes que vão desde sua teimosia em tocar violino, passando pela origem da sua célebre frase "Elementar meu caro Watson", seu hábito de fumar cachimbo, seu característico bonezinho, sua paixão por química e por ser notoriamente reservado para relacionamentos amorosos. Além de explicar os detalhes do personagem principal e de seu companheiro, o filme também explica outros elementos do universo Sherlockeano como a participação nas investigações do Inspetor Lestrade da Scotland Yard e pelo surgimento de seu arqui-inimigo, o Dr. Moriarty. Quem é fã conhece a história com o título "O Problema Final" onde Holmes se sacrifica ao combatê-lo. Aliás, o surgimento de Moriarty é uma cereja no bolo do filme que só aparece no final, mas no final mesmo, após os créditos serem exibidos.
O filme tem mais um detalhe que gostaria de salientar: é fiel à obra original, diferentemente da versão gravada em 2010 com  Robert Downey Jr. no papel de um Sherlock Holmes despojado demais e americanizado demais (eis o link do post), não que o filme fosse ruim, mas descaracterizou um pouco o personagem austero e polido criado por Conan Doyle.

Holmes e seu futuro arqui-inimigo (ops,... falei!)
É óbvio que não relatei as conclusões e os desfechos pois senão iria tirar a graça de quem está lendo essa resenha e ainda não assistiu ao filme.
Sem dúvida alguma o filme é um clássico e tem os elementos que eu sempre prezo: empolgante, inteligente, de bom gosto. Não pude resistir em comprar o DVD do filme pois além de tudo o que já disse a principal virtude nele pra mim está mais na nostalgia de poder ter em casa uma aventura que marcou muito minha infância e adolescência.
Agora, de prache, que tal uma palhinha?


Foram através de filmes como esse que meu interesse pela literatura policial foi despertado. E aqui estamos nós.
Comprei esse DVD para guardá-lo com carinho e para poder assisti-lo por várias e várias vezes. Espero poder assistí-lo junto de meu filho. Quem sabe ele também goste de Sherlock?

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