terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Contato

Se me perguntessem para listar 3 dos mais importantes livros que eu já li, certamente que citaria Contato (Companhia da Letras, 1985), romance de ficção científica escrito pela lenda da astronomia Carl Sagan, que faleceu em 1996.
Sagan foi considerado o maior popularizador da astronomia devido a suas obras literárias, em especial Cosmos, que depois transformou-se em uma série de TV, dentre outras. No entanto, sua obra mais antológica é Contato. Foi a primeira vez que Sagan arrisca-se a divulgar suas idéias sobre o universo e a existência de Deus sob a forma de um romance.
De fato, essa obra realmente mexeu com minhas convicções sobre nossa existência e sobre Deus. Nos mostra, antes de mais nada, o quanto é complexa esta questão, primeiro pelo fato do quanto desconhecemos sobre a astronomia e o quanto o estudo desta ciência mexe com a fé daqueles que a exploram. Segundo, porque foi por esse meio que Sagan tenta explicar sua concepção sobre Deus.

É realmente muito difícil entrar num debate com um cientista, muitas vezes céticos ao extremo e cegados pela filosofia clássica que prima pela razão. No entanto, a medida que buscamos informações vemos que muitos deles estão se rendendo a concepção, talvez não de Deus, mas da real existencia de uma força superior.
É isso que trata a obra e por isso a considero fantástica. Podemos, talvez, considerar Sagan um homem com uma nobre missão (missão dada por quem?...) Nela, a existencia de Deus ou de uma força equivalente é compreendida através da simples matemática, evocando o mistério do calculo do número Pi.
Mas o que realmente me fez parar e refletir é a idéia passada pela obra de que, além de não estarmos sós nesse universo, estamos apenas num estágio evolutivo. Outras espécies superiores a nossa entendem muito melhor coisas que não conseguimos entender hoje, assim como existem coisas que estas mesmas espécies não conseguem entender e que estão ao alcance da compreensão apenas de outras espécies mais evoluídas ainda que eles.
A idéia de que somos limitados a compreensão de muita coisa nos levando a nomear divindades ou simplesmente dar nome a Grande Energia de "Deus" me toma por completo, me deixa inquieto mas ao mesmo tempo me conforta.
Para um analista de sistemas profissional das ciências exatas como eu, o Universo passa a ser um grande algoritmo, onde justiça, fraternidade, amor, estão em blocos devidamente equacionados de codigos na forma de funções e procedimentos, disparados a cada interação nossa ao sistema. Quem é o Grande Programador?

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Após falecer em 1996, foi lançado o filme homônio estrelado por Judie Foster. Como quase em todos os casos, o filme fica muito aquém do livro, mas de certa forma é bastante fiel e vale a pena assisti-lo. Melhor assisti-lo após ter lido o livro.
Tive acesso a essa obra em 1998 quando tinha 21 anos. As teorias de Sagan quanto ao cosmos divulgadas nela nunca sairam de minha cabeça.

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