Sagan foi considerado o maior popularizador da astronomia devido a suas obras literárias, em especial Cosmos, que depois transformou-se em uma série de TV, dentre outras. No entanto, sua obra mais antológica é Contato. Foi a primeira vez que Sagan arrisca-se a divulgar suas idéias sobre o universo e a existência de Deus sob a forma de um romance.
De fato, essa obra realmente mexeu com minhas convicções sobre nossa existência e sobre Deus. Nos mostra, antes de mais nada, o quanto é complexa esta questão, primeiro pelo fato do quanto desconhecemos sobre a astronomia e o quanto o estudo desta ciência mexe com a fé daqueles que a exploram. Segundo, porque foi por esse meio que Sagan tenta explicar sua concepção sobre Deus.
É realmente muito difícil entrar num debate com um cientista, muitas vezes céticos ao extremo e cegados pela filosofia clássica que prima pela razão. No entanto, a medida que buscamos informações vemos que muitos deles estão se rendendo a concepção, talvez não de Deus, mas da real existencia de uma força superior.
É isso que trata a obra e por isso a considero fantástica. Podemos, talvez, considerar Sagan um homem com uma nobre missão (missão dada por quem?...) Nela, a existencia de Deus ou de uma força equivalente é compreendida através da simples matemática, evocando o mistério do calculo do número Pi.
Mas o que realmente me fez parar e refletir é a idéia passada pela obra de que, além de não estarmos sós nesse universo, estamos apenas num estágio evolutivo. Outras espécies superiores a nossa entendem muito melhor coisas que não conseguimos entender hoje, assim como existem coisas que estas mesmas espécies não conseguem entender e que estão ao alcance da compreensão apenas de outras espécies mais evoluídas ainda que eles.
A idéia de que somos limitados a compreensão de muita coisa nos levando a nomear divindades ou simplesmente dar nome a Grande Energia de "Deus" me toma por completo, me deixa inquieto mas ao mesmo tempo me conforta.
Para um analista de sistemas profissional das ciências exatas como eu, o Universo passa a ser um grande algoritmo, onde justiça, fraternidade, amor, estão em blocos devidamente equacionados de codigos na forma de funções e procedimentos, disparados a cada interação nossa ao sistema. Quem é o Grande Programador?
Após falecer em 1996, foi lançado o filme homônio estrelado por Judie Foster. Como quase em todos os casos, o filme fica muito aquém do livro, mas de certa forma é bastante fiel e vale a pena assisti-lo. Melhor assisti-lo após ter lido o livro.
Tive acesso a essa obra em 1998 quando tinha 21 anos. As teorias de Sagan quanto ao cosmos divulgadas nela nunca sairam de minha cabeça.
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