Então...
Lá estava eu nesse sábado de manhã. Uma manhã de sábado que não precisei trabalhar resolvi dar uma volta no centro da city. Resolvi dar um pulo na Exclusive. Quem é de Santa Maria e é ligado no Metal sabe de que loja me refiro. Pois bem...saí de lá com mais um Cdzito novo: To the Metal, ultimo trabalho do Gamma Ray.
Todos sabem que minha banda do coração é o Helloween, mas devo confessar que o Gamma Ray já conquistou um pouco minha preferência. Devo, no entanto, apresentá-la devidamente.
O Gamma Ray é uma banda alemã que surgiu em 1993 com a saída de Kay Hansen do Helloween (sacou?...) formando a banda. Kay era uma das almas do Helloween junto com Michael Weikath, tanto que depois de sua saída a banda demorou para se acertar novamente. Saiu porque segundo as más línguas, trabalhar com Mr. Weikath é muito, mas muito difícil. O fato é que Kay foi o primeiro vocalista do Helloween, cantando as músicas mais speed e cruas do primeiro álbum da banda, Walls of Jericho e também um dos compositores dos lendários Keepers of the Seven Key (part I & II) do Helloween que criaram um novo estilo de heavy metal: o Power Metal, ou simplesmente Heavy Metal Melódico, devido às inquietantes influencias de música clássica nas composições. Kay ao formar o Gamma Ray dá continuidade a abre um novo capítulo ao estilo. Não é a toa que é considerado o pai do Heavy Metal Melódico, responsável por influenciar outras bandas como Stratovarius, Blind Guardian, Sonata Arctica, Hammerfall, Rhapsody, Edguy, e por aí afora...
Tive a oportunidade de ver Mr. Hansen em ação. Ou melhor tive a oportunidade de ver todos quem eu queria ver, juntos em ação. Isso mesmo!
Em 2008 houve a turnê conjunta do Helloween e Gamma Ray. Passaram por Porto Alegre e lá estava eu: sozinho aos 31 anos, mas como se tivesse 16. Confesso que ao ver o banner do Gamma Ray e do Helloween ao fundo eu chorei. Foi um momento especial para mim, pois desde minha adolescencia eu curtia o som dos caras. E lá estava eu. Chorei, queria que meus amigos estivessem comigo, mas não podiam. Estava sozinho e chorei. Foi mágico.
As duas bandas juntas |
Teaser da turne das duas bandas juntas |
Cheguei na rodoviária de calça jeans rasgada no joelho, uma camiseta do Iron Maiden e uma camisa de lã amarrada na cintura. De imediato imaginei que seria o único aborígene quando ví vários iguais a mim saindo de alguns ônibus. "Oba, não sou o único louco". Estava já eu na fila do show acima citado. Sozinho, resolvi conversar com dois caras que estavam em minha frente. Aparentavam ter minha idade, um deles usava óculos e era gordinho e outro magrão e alto e, detalhe, estavam trajados do mesmo jeito, a única coisa que não era a mesma era a camiseta: cada um com uma de uma banda diferente. Começamos a conversar e perguntei a idade deles. Um tinha 31 e o outro tinha 32. Pensei que eu fosse um tiozão naquele meio mas depois vi que eu era um cara muito dos normais. Aí resolvi perguntar o que eles faziam e um disse que trabalhava com telecomunicações e o outro era programador. Deu vontade de dizer: "dá licença, vou achar alguém diferente para conversar..". Aquilo pra mim foi incrível, meu atestado de sanidade metal, ou insanidade, vai saber...
Bom!
O Gamma Ray começou seu trabalho com diferentes formações. Destaca-se a presença nos primeiros trabalhos de Ralf Scheepers, um grandalhão musculoso de voz esganiçada que queria ser o Rob Halford, mas não era veado suficiente pra isso. Saiu da banda para formar o Primal Fear, banda que faz uma cópia discarada do Judas Priest. Com isso, Kay Hansen assume os vocais do Gamma Ray e até regrava tudo para que a coisa fique homogenea.
Hansen está longe de ser um grande vocalista. O lance dele é compor e tocar guitarra. Nessas coisas sim ele é bom, mas sua voz fecha bem com as composições da banda.
De 1998 pra cá, o Gamma Ray tem sua formação estabilizada, com Kay Hansen (voz/Guita), Henjo Richter (Guita), Dirk Schlachter (Baixo) e Dan Zimmermann (batera). Daí pra cá, é um trabalho mais prazeiroso que o outro.
Dirk, Dan, Kay e Henjo |
O Gamma Ray sempre será conhecido pelo seu som pesado, melódico, com letras profundas sobre terras desconhecidas, invasões alienígenas, armagedons, tempos de liberdades, batalhas cósmicas, etc... Mas sempre interpretadas com um censo de humor e diversão. Isso mesmo!
Quando fui conferir o show dos caras em 2008 me surpreendi e confesso: entre Gamma Ray e Helloween, o Gamma Ray fez o melhor show, pois foi o mais empolgante e o mais divertido. Também pudera, os caras são legais, bem humorados, divertidos e demonstram que estão ali por prazer acima de tudo. Adoram o público, se divertem, brincam, vivem com eles.
E com isso, ao longo de quase 20 anos o Gamma Ray persiste fazendo o melhor heavy metal que se pode conhecer: poderoso, empolgante, polido, bem tocado, clássico, de bom gosto. Não tem como não gostar.
Não tinha como não comprar To The Metal. E não me decepcionei.
Nesse novo álbum sobram peso, diversão, empolgação, bom gosto musical, melodia e velocidade. Esses alemães conseguem tudo isso sem se tornarem repetitivos ou mesmo cansativos.
E lá vem eles com um novo álbum cujo título é uma alusão ao que mais gostam de fazer, o heavy metal. Toda sua devoção a um estilo musical que também tornou-se um estilo de vida para muitos ao redor do plantea, marginalizado antigamente mas que hoje é sinônimo de inteligência, intelectualidade, estudo, caráter, irreverência e competência.
Devo destacar algumas faixas. All you need to know começa com uma velocidade violenta e depois cai numa melodia incrível trazendo um alto astral ao ouvir sensacional. Essa faixa tem dueto de voz com Michael Kiske, o lendário vocalista do Helloween nos tempos dos Keepers que vive falando mal do heavy metal mas já participou de inúmeros trabalhos com inúmeras bandas do gênero. Esse é mais um deles. Vai saber o que esse cara pensa. Aliás, Kiske merece um post a parte.
Depois temos o peso de Time to live e a oitentista Mother Angel. Lá na finaleira temos Deadlands que traz um teclado que me lembra The show must to go on do Queen mas que cai numa pauleira sensacional.
Enfim, To the Metal não é uma paulada, é uma martelada.
Gente, sinceramente, por mais que não se goste da barulheira do heavy metal ou do hard rock, é impossível não cantarolar após ouvir um dos refrões desse disco. Assim como os demais, esse é sim um álbum barulhento, mas tem muita melodia musical. Volto a dizer: bom gosto.
Abaixo o clip da faixa To The Metal.
E se você assistiu o clip acima e não concorda comigo é porque não gosta de heavy metal. Se você não gosta de heavy metal mas respeita e admite que ali existe música, trabalho e arte, tudo bem. Mas se você acha que tudo isso é só uma barulheira, então vai se foder!
Heavy Metal is the law! ,\oo/
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