Em cartaz, o filme "O Discurso do Rei", um dos grandes vencedores do Oscar esse ano.
O Príncipe Albert (Colin Firth), o Duque de York, tem problemas de fala desde a infância. A gagueira o acompanha e sempre atrapalha nas suas aparições públicas. O príncipe consulta muitos fonoaudiólogos, mas nenhum tratamento parece surtir efeito. Enquanto isso, seu pai, o Rei George V (Michael Gambom), morre e o seu irmão, o Rei Edward VIII (Guy Pearce), toma o trono. No dia de sua posse, Edward aparece ao lado de sua amante, Wallis (Eve Best), e isso é interpretado como algo de mal-gosto. Edward, então, abdica o trono que agora pertence a seu irmão mais novo. O Príncipe Albert agora é o Rei George VI. É aí que entra a figura do fonoaudiólogo Lionel Logue (Geoffrey Rush), contratado pela esposa de Albert, Elizabeth (Helena Bonham Carter).
Ele usa métodos nada convencionais e isso faz com que Vossa Alteza desconfie de seus serviços.
É muito difícil tecer uma opinião única com relação a um filme emblemático, inteligente e que nos propicia muitas idéias e opiniões. Antes de expô-las, devemos nos lembrar que o filme em questão aborda uma história real e que se passa num dos momentos mais conturbados do Império Britânico e que desenhou todo o futuro daquela nação.
A primeira das observações me remete à necessidade de um líder estadista ter o domínio da oratório. Nesse caso, não há como não me lembrar de meu falecido pai que fora político e um reconhecido líder aqui na minha cidade e de como ele fazia da sua excelente oratória sua principal ferramenta de trabalho. Fiz um comentário a minha mãe de que gostaria que o pai pudesse ter a oportunidade de assistir a este filme, mesmo que a sala de cinema não fosse tão atrativa a ele. Imaginemos então um homem que desde o nascimento é preparado para a realeza e à exposição pública e no entanto vê-se amarrado com uma tremenda limitação. Nesse caso tiro o chapéu para Colin Filth em sua atuação. Confesso que fiquei o tempo todo angustiado com a limitação de seu personagem para com a oratória e quem cheguei a me emocionar ao final do filme quando este consegue realizar seu primeiro discurso de guerra transmitido a todo o império britânico. A história conta que depois daquele ele faria muitos outros com o auxílio de seu fonoaudiólogo Logue.
A segunda observação que faço é a forma realista como foi a presentada a intimidade da família real britânica. A cena que me chamou muito a atenção foi aquela logo após a abdicação do trono pelo Rei Edward VIII onde o príncipe Albert após assinar sua coroação chega em casa e é recebido pela mulher e as filhas (a mais velha é hoje a Rainha Elizabeth II) e estas fazem reverência ao novo rei. Ou seja, mostra claramente o momento em que aquele homem deixou de ser pai e passou a ser rei, algo completamente distinto na vida da realeza.
A terceira obervação que faço é sobre a conhecida arrogância que as familias reais têm, não me referindo apenas a família real britância. Lembremo-nos que por mais de 1.000 anos essa gente nasceu e se criou com a idéia de que foram escolhidos por Deus e que não são meros mortais. De fato, meros mortais podemos dizer que não são, mas não precisamos mais engolir a idéia de que sejam divindades, nem mesmo seus compatriotas do contemporâneo.
Faço essa observação no momento em que vemos a atuação de Geoffrey Rush no papel do terapeuta do rei, um simples cidadão que nem britanico é, mas sim australiano. O embate entre Mr. Lionel e o Rei mostram tanto a impáfia da realeza frente aos cidadãos comuns.
Quanto ao filme em si, eu destaco a atuação de Geoffrey Rush e seu constante embate com o Rei George. Aliás, minha crítica vem pela injustiça feita a Rush por não ter ganho o Oscar de ator coadjuvante, talvez só pelo fato de Colin Filth já ter ganho o Oscar de melhor ator. Rush está divino e rouba a cena do início ao fim. Seus trijeitos, suas "caras & bocas" são sensacionais e ao meu ver roubam a atenção ao protagonista.
Um fato interessante que envolve o filme é que "emails anônimos" circularam entre os votantes da academia de cinema americana responsável pela eleição dos prêmios "alertando" para a postura anti-semita que o Rei George possuia durante a II Grande Guerra.
Os indícios de que o rei que conduziu a Inglaterra contra a Alemanha de Adolf Hitler era, se não um simpatizante do nazismo, ao menos um anti-semita, estariam em documentos oficiais liberados pela Casa de Windsor em 2002. São menções a documentos que recheiam um e-mail distribuído por um membro da Academia, alertando os demais votantes para a “verdade histórica que não pode ser encoberta” e sobre o qual O Discurso do Rei calaria.
Rei George VI |
Os papéis tratam do apoio de George VI, numa carta escrita ao seu Ministro das Relações Exteriores, Lord Halifax, à decisão de barrar judeus que fugiram da Alemanha antes do início da guerra, em 1939, e tentaram emigrar para a Palestina, então sob o domínio da Inglaterra. “Estou contente que medidas nesse sentido estejam sendo tomadas para impedir que pessoas que abandonam seus países entrem em nossos territórios”, disse o rei. “É preciso alertar a Alemanha para verificar melhor a sua imigração.”
Quanto a isso, devemos perguntar se as posições políticas do rei devem ser consideradas numa premiação cujo filme não trata esses aspectos mas sim um problema singular de sua intimidade. Seria justo sim que então um outro filme fizesse alusão a estas posições políticas.Além disso, não vamos nos esquecer que a academia é sabujo sionista. Basta fazer um filme sobre o holocausto e perseguição a judeus que o Oscar está garantido. Aliás, quem manda na América são os judeus.
Mas isso pode ser post para outra ocasião.
Para finalizar, devo dizer que "O Discurso do Rei" é um filme excelente. Simples por natureza, inteligente, de bom gosto e carregado de fatos históricos, deveria ser exibido em todas as escolas do mundo.
Humilde opinião de quem vos escreve.
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