É muito legal quando a gente vê bandas que simplesmente reinventam o rock, em especial o heavy metal, desde que usando o bom censo e bom gosto artístico. Um caso desses é o Nightwish, banda finlandesa que iniciou sua carreira nos anos 90 mas que estourou mesmo a partir do ano 2000. Os meus amigos sabem que sempre gostei do heavy metal bem tocado, que não agride os ouvidos e que até a avó do cara é capaz de gostar dos arranjos musicais bem feitos. Não poderia, portanto, deixar de admirar o trabalho dos escandinavos que gradativamente conquistaram sua terra, a Europa e depois o resto do mundo.
Bem, Nightwish foi formado em 1996 na cidade de Kitee, na Finlândia, pelo tecladista e compositor Tuomas Holopainen; a formação original ainda contava com o guitarrista Emppu Vuorinen e a vocalista Tarja Turunen. Atualmente o grupo tem cinco integrantes, sendo que Tarja e o primeiro baixista, Sami Vänskä, já não estão mais envolvidos.
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Jukka, Marco, Tarja, Tuomas e Emppu |
O cabeção da banda é Tuomas. Músico talentoso por excelência, é o líder da banda e responsável pelas letras e composições musicais dominando os teclados. Entretanto, o Nightwish não se tornou conhecido pela musicalidade de Tuomas, nem mesmo pelas extrema competência técnica do batera, Jukka Nevalainen, mas sim pela sua vocalista, Tarja Turunen (antes de mais nada aprendam: o "j" faz som de "i" nas línguas germânicas e escandinavas), que possuía formação lírica. Assim, o Nightwish tornava-se uma banda com uma peculiaridade musical marcante, misturando heavy metal, sinfonia e lirismo em suas composições.
Justamente por ser uma combinação musical atípica, o Nightiwish se destaca, principalmente, pela competência de Tuomas ao compor e a arranjar todos estes elementos de maneira harmoniosa, fazendo um trabalho de prima.
Well,... entretanto, quando tocamos no nome da banda Nightwish, o que vem a nossa mente hoje é: sombras, escudirão, anjos da noite, tristeza, angústia, depressão, menininhas vestidas de preto com maquiagem carregada, enfim... o tão falado estilo gótico.
Mas a coisa não é bem assim. Na verdade, Tuomas, no início com o álbum "Angels fall fisrt", escrevia composições metafísicas, baseadas em mitologia nordica. Aos poucos isso vai mudando e as letras passam a ser pessoais e vão gradativamente sendo influenciadas por obras como as do escritor americano ultra-romancista Edgar Allan Poe, o que impinge à banda o estilo gótico (já já vou falar sobre esse troço). Isso é nítido nos álbuns "Century Child" e "Once" culminando no álbum "Dark Passion Play". No álbum "Once", no entanto, nota-se um estilo de heavy metal industrial sendo incorporado no estilo da banda. Notei isso em faixas como "Dark Chest of Wonders", "Wish i had an angel" e "Romanticide".
Tuomas sendo o principal compositor da banda não esconde suas influências musicais. São nítidos os elementos musicais de bandas de heavy metal melódico e power metal como Stratovarius e Helloween além de sua paixão por trilhas sonoras, especialmente pelo trabalho do maestro compositor de Hollywood Hans Zimmer. O próprio Tuomas admitiu em várias entrevistas que é fissurado em trilhas sonoras de filmes. Isso é fácil de acreditar e entender pois existem trilhas muito maneiras mesmo. Se nós ouvirmos atentamente "Once" e "Dark passion play" veremos esse elemento nas composições que dão um resultado muito original e bacana.
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Tuomas Holopainen |
Outro cara que eu admiro bastante na banda é o batera: Jukka Nevalainen. O cara debulha a batera. A técnica de dois bumbos se sobressai e sua participação nas canções é intensa de maneira que a bateria se sobressai sempre nos arranjos musicais das Músicas do Nightwish.
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Jukka |
Bem, até o álbum "Wishmaster" Sammi era o baixista, mas por questões de "divergências musicais" (sempre a mesma história), Sammi vaza da banda e entra Marco Hietala que além de baixista era vocalista da banda Tarot, que existia desde 1985 mas nunca deu muito no couro. Aliás, o Tarot só começou a aparecer graças ao Marco depois de entrar para o Nightwish. Marco, além de tocar baixo, assume em duetos com Tarja, o que trás uma nova roupagem para as composições da banda. Em muitos casos, temos o contraste gutural-lírico com interpretações bem fortes. Podemos ver isso nas músicas "Dead to the world" e na interpretação da "The phantom of the opera" no álbum "Century Child". Isso trás novas possibilidades para a banda, pois não será mais necessário apenas contar com um vocal feminino.
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Marco Hietala |
Porém (sempre temos um "porem"...), Marco ultimamente acha que tem uma voz espetacular. E está longe disso. Ultimamente anda se aventurando em projetos paralelos com o Tarot. Mas o que se deve ressaltar é o papel de coadjuvane em interpretações vocais no Nightwish. Ele, inclusive, deu uma imensa mão para a nova vocalista da banda no ultimo álbum, "Dark Passion Play".
Mas nem tudo foi flores para o Nightwish.
O auge da banda ocorreu com o lançamento do disco "Once" e sua turnê acaba em outrubro de 2005 com um show em Helsinki para mais de 11.000 pessoas (o maior da banda até então) no Hartwall Arena. O show gerou o terceiro DVD da banda intitulado "End of an era" (eles adoram titulos assim, o outro DVD era "End of Innocence').
Imediatamente após o show Tarja é demitida da banda por uma carta aberta da mesma no site oficial da banda. Muitas são as especulações sobre o fato. Mas a real é que Tarja já não pertencia mais ao convívio da banda isolando-se, em grande parte graças ao seu marido, o argentino (tinha que ser...) Marcelo Cabuli, que também é empresário dela. A banda justificou na carta que estava de saco cheio com algumas atitudes da mulher, como cancelar um show em Oslo só para ir ao cinema e dizer num vôo para Toronto que poderia sair da banda a hora que quizesse. O fato é que, desde a época do álbum "Oceanborn" Tarja já era influenciada por seu marido cafetão a seguir carreira solo. Eles (Tarja e o marido abobado) imaginaram que pelo fato da principal característica da banda ser a voz lírica de Tarja, a banda faria o que eles desejassem. Se ferraram!
Por falar no tal argentino, eu depois de algum tempo fiquei sabendo quem ele realmente era. Marcelo é empresário especializado em lançar discos de bandas de rock no mercado latino-americano, como o Angra, Rhapsody of fire, Beto Vazquez, entre outros.
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O argentino "Yoko Ono" e Tarja |
Existe outro lado da história. O próprio argentino dá sua versão dizendo que na verdade a demissão de Tarja é um amor mal-correspondido dela por Tuomas que seria apaixonado por ela. Balela!
Bem, a banda estava então sem a vocalista e, ao meu ver, sem a maior atração da banda, pois a verdade é que Tarja era uma peça peculiar e fazia o diferencial na banda. A grande característica do Nigthwish era o elemento ópera adicionado justamente pela interpretação lírica de Tarja, Além de ser um mina muito gata e gostosa.
Eu sinceramente fiquei muito impressionado com o anúncio da saída dela. Após esse tal anúncio, a imprensa começa a especular nomes e muitos surgem. O mais forte de todos foi o de Simone Simmons, vocalista da banda Epica que além de ter formação musical semelhante de Tarja era gostosa pra cacete. Mas não foi isso o que ocorreu.
Assim como Blaze Bayley no Iron Maiden e Andi Deris no Helloween, a banda (ou quem quer que seja) opta por uma guinada de 180º e contrata a sueca Annete Olson. Eu nunca ouvira falar dela. Sua formação musical é totalmente distinta de Tarja: não tem nada de lirismo, embora com uma voz limpa bem feminina e linda. O problema é que as composições até então foram feitas para Tarja cantar. A discrepância é muito grande.
No disco "Dark Passion Play" isso é nítido. O vocal deixa de ser o principal atrativo da banda dando lugar aos inspirados arranjos de Tuomas e ao peso da guitarra de Emppu Vuorinen (guitarrista desde a formação original e que não o mencionei ainda). Então, com ela temos o "Dark Passion Play".
A minha opinião é a seguinte: Annete é inferior a Tarja. Tanto em voz quanto em beleza. Claro que beleza não faz muito numa banda, mas como eu sou um cara que gosta de mulheres, então... Mas Annete está longe de ser uma vocalista ruim e de ser feia. Alíás, bem longe disso! Meu medo é que o Nightwish vem a perder, não pela ausência de Tarja, mas pelo fato de se descaracterizar ao optar não mais por um vocal lírico.
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Marco, Tuomas, Annete, Emppu e Jukka |
Assim como nos exemplos de vocalistas que mencionei, a escolha de Annete é muito impactante para a banda e nem sempre acaba bem. Lembremo-nos do Bayley no Maiden. Mas também podem dar muito certo como Deris no Helloween, embora devamos admitir que a banda nunca mais foi a mesma (já falei em outro post sobre o Helloween). De forma que eu acho a vinda de Annete para banda uma grande aposta. Sem falar em outros "pormenores": Annete é casada, tem 34 anos e um filho pequeno. Isso pode dar um pouco de trabalho para ela e até para a própria banda.
Então ficamos na espectativa dos novos trabalhos do Nightwish. Para mim, mais um belo presente que a Escandinávia, em especial a Finlândia dá ao heavy metal.